A gigante de tecnologia Nokia valia U$ 140 bilhões, em 2007, quando comprou a Navteq por U$ 8,1 bilhões. No mesmo ano, o aplicativo de trânsito Waze foi lançado em Israel. O Google adquiriu o Waze por U$ 1,1 bilhão em 2013. Já a Nokia acabou negociada para a Microsoft em 2014 por U$ 7,2 bilhões – 20 vezes menos do que a avaliação de 2007.
Essas transações demonstram o quanto o mercado tem se tornado dinâmico nos últimos anos. Para se ter uma ideia, cerca de 75% das 500 maiores companhias do mundo listadas pelo índice Standard & Poor’s não existiam há 10 anos.
Boa parte dessa mudança é proporcionada pelo aparecimento de novas tecnologias. E isso impacta decisivamente o perfil do capital humano buscado pelas empresas. Em 2020, por exemplo, os empregos para profissionais de tecnologia devem crescer cerca de 500% na comparação com 2016.
É um salto exponencial, superior a 100% ao ano. A previsão é do Ministério da Educação (MEC) e da Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom).
O problema é que muitas dessas vagas podem acabar não sendo preenchidas por falta de pessoas qualificadas. Aqui, a capacitação não se refere apenas ao conhecimento técnico necessário.
“Todo mundo foca em formar hard skills, mas a maior causa de demissão é a carência de soft skills”, disse Guilherme Junqueira, CEO da Gama Academy, escola de capacitação para o mercado digital, em apresentação na última edição do Fórum de Lideranças: Desafios da Educação, que aconteceu no dia 11 de abril, em São Paulo.
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Isso demonstra um gargalo das graduações, que não conseguem preparar de maneira completa profissionais para atuar em empresas que nascem digitais. De acordo com a Harvard Business Review, 89% do turnover acontece por equívocos de contratação. E o custo de substituição de um funcionário é de 6 a 9 meses de salário.
A falta de uma educação voltada para o mercado do futuro pode fazer com que o país perca até U$ 781 bilhões nos próximos 10 anos, segundo dados da consultoria Accenture. Uma das saídas para contornar o problema seria apostar em modelos mais dinâmicos de graduação.
“Muitas pessoas que fazem os cursos na Gama dizem que o conteúdo aprendido em cinco semanas valeu mais do que os anos de graduação. Será que precisamos de quatro anos para formar alguém?”, questionou Junqueira.
Em geral, a Gama Academy é procurada por profissionais com perfil empreendedor, inovação criativa e postura resiliente. São os chamados fast learners, que vão fomentar o ecossistema com ideias disruptivas. Eles são candidatos a se tornar um dos “Hs” que o mercado digital tanto busca.
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Os quatro H’s
Durante sua palestra, Junqueira apresentou os perfis técnicos mais procurados para ocupar as vagas oferecidas pelas empresas da economia digital. Os perfis foram divididos em quatro tipos – batizados de “H’s”.
Em primeiro lugar, com 46,3%, estão os hackers. Como desenvolvedores, são eles que vão botar em prática tudo que é planejado. Isso inclui aplicativos, sites, plataformas e outros produtos virtuais. O segundo “H” são os hustlers (24,5%). Eles atuam no setor de vendas, desenvolvimento de novos negócios e customer success.
Os hipers (11,1%) aparecem em terceiro lugar. São os profissionais responsáveis pelo marketing digital, publicidade e growth hacking. Além de pesquisas, testes, métricas e planinhas, esses talentos entendem tudo de jornada do consumidor e mentalidade de crescimento.
Já os hipsters (8,7%) fecham o grupo. Ligados à área de design, são eles que criam o apelo visual dos produtos digitais. Focados na usabilidade de produtos e experiência de uso, os hispters estimulam os usuários a completar as ações e a utilizar o serviço da empresa.
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