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Abordagem holística e estudante no centro: a estratégia da Southern New Hampshire University

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SÃO PAULO (SP) – Certa vez, o professor Paul LeBlanc conversou com uma jovem negra americana. Ela morava em Boston, era mãe solteira e tinha pouco apoio familiar. Tentara várias vezes cursar uma faculdade, mas esbarrava nas dificuldades da vida. “Quando a conheci, seu histórico acadêmico era ruim”, relembra LeBlanc, atual reitor da Southern New Hampshire University (SNHU). A julgar pelas notas, seria fácil dizer que ela não estava apta para o ensino superior.  

Presidente da universidade americana e autor do livro “Students First”, Paul LeBlanc foi um dos palestrantes do 24º FNESP.

O que LeBlanc descobriu posteriormente é que a filha daquela jovem tinha uma doença respiratória crônica. Quando a menina passava mal, a mãe se ausentava por dias da sala de aula. E, obviamente, não acompanhava o curso. Mas quando LeBlanc ajudou a jovem a voltar aos estudos, em um curso sem as amarras de um cronograma fixo, as notas dela melhoraram – se a filha ficava doente, ela simplesmente parava os estudos e os retomava quando a menina estava melhor.  

“Essa jovem é muito inteligente e esforçada, e eu não teria como saber disso com histórico acadêmico do primeiro dia. Na verdade, havia um sistema [de ensino superior] que não era pronto pra ela”, disse LeBlanc, autor do livro “Students First: Equity, Access, and Opportunity in Higher Education”, que inspirou o tema do 24º FNESP.  

Durante o evento, o professor compartilhou essa e outras experiências que mostram como a SNHU mudou o foco de uma trajetória fixa centrada no projeto acadêmico para um caminho flexível, com visão holística, mas ações centradas na individualidade dos estudantes.  

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“Eu acredito na força transformadora do ensino superior, mas as IES investem muito do seu tempo preocupadas com os programas acadêmicos”, continuou. “No entanto, para os alunos que atendemos (geralmente desperdiçados por uma sociedade que não os acolhe), a diferença entre fracasso e sucesso não está nos programas acadêmicos. Está na rede de apoio oferecida pelas instituições. É por isso que nossa IES se baseia em uma abordagem mais holística dos alunos para entender quem são eles e o que está acontecendo na vida deles.” 

Na Southern New Hampshire University, o aluno vem em primeiro lugar – e, por isso, eles se sentem mais importantes, não apenas como números dentro de uma engrenagem maior que privilegia modelos culturais e acadêmicos engessados. “Na nossa IES, avaliamos o desempenho dos alunos não apenas na sala de aula, mas também na vida, queremos saber se essas pessoas estão passando por problemas no trabalho, na vida pessoal. Muitas IES perdem mais alunos por causa de mudanças pessoais do que por conta de problemas financeiros”, disse.  

Paul LeBlanc participou de forma remota do FNESP, por videoconferência, diretamente de Boston, e após sua apresentação respondeu algumas perguntas do público. As questões foram mediadas por Adriana Karan, presidente do Grupo Educacional Opet, de Curitiba, e reitora do Centro Universitário Opet.  

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Jornada flexível  

Conforme registro do Semesp, LeBlanc disse que as IES devem ser construídas em torno dos alunos, não de modelos acadêmicos e docentes. “Não queremos que nossos estudantes se encaixem em um modelo pré-existente, mas que eles controlem o próprio ritmo de aprendizagem, que eles sejam o próprio calendário e aprendam em seu tempo.”  

Para que a trajetória de aprendizagem centrada nos alunos tenha sucesso, as IES devem mapear as limitações e os objetivos de seus alunos e fazer uma curadoria de aprendizado, apostando em uma trilha individual que considere também habilidades e competências desenvolvidas fora do campus e das salas de aula.  

“É preciso que as IES se tornem parceiras dos alunos, focando em suas individualidades e oferecendo um ambiente seguro para os estudantes. Essas mudanças são fundamentais para deixar que os estudantes criem caminhos de aprendizagem flexíveis que saiam do esquema de horas e créditos. Essa abordagem mais holística pode reconstruir a confiança da sociedade na educação superior”, sustentou LeBlanc. 

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Leonardo Pujol
Leonardo Pujol é editor do portal Desafios da Educação e sócio-diretor da República, agência especializada em jornalismo, marketing de conteúdo e brand publishing. Seu e-mail é: pujol@republicaconteudo.com.br

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