Mitchel Resnick é diretor do Lifelong Kindergarten, um grupo de pesquisa do Laboratório de Mídia, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). O professor norte-americano, de 66 anos, coordena uma equipe responsável por desenvolver tecnologias e atividades que promovem experiências de aprendizagem criativa para crianças.
Por lá, foram criados os kits de robótica da LEGO, além do Scratch, uma linguagem de programação que insere os jovens no universo dos códigos. Resnick é um obstinado defensor do ensino de programação para todos os indivíduos, pois a atividade estimula o trabalho colaborativo, a organização do pensamento e a criatividade.
Mas sua grande paixão é o jardim de infância, como já mostramos em uma matéria do Desafios da Educação. Para ele, a abordagem de ensino criada pelo alemão Friederich Froebel, em 1837, é a ideal para atender as necessidades do século 21. Por isso, advoga que suas bases sejam adotadas em qualquer etapa, incluindo o ensino superior.
Em 2020, inclusive, Resnick lançou, no Brasil, o livro Jardim de Infância para a Vida Toda (do original, Lifelong Kindergarten). Através de histórias e lições dos projetos do Laboratório de Mídia do MIT, a obra, publicada pelo selo Penso, aponta quatro princípios orientadores da aprendizagem criativa: projetos, paixão, pares e pensar brincando.
O que as IES podem aprender com o jardim de infância
“Sempre fui fascinado pelo modo como as crianças pequenas aprendem e se relacionam”, afirma Resnick em entrevista concedida site Nova Escola, em 2014. “Nessa fase, elas passam muito tempo trabalhando em colaboração umas com as outras: constroem com blocos, pintam e desenham, aprendendo a transformar uma ideia em projeto”, completa.
Ou seja, na visão de Resnick, tanto as escolas como as universidades têm muito a aprender com o jardim de infância. O primeiro passo envolve deixar para trás o modelo educacional baseado na transmissão de conhecimento para caminhar em direção a um modelo interativo, focado em metodologias ativas de aprendizagem.
Em “Jardim de Infância para a Vida Toda”, o autor ressalta que o trabalho com projetos desenvolvidos em equipe é a melhor maneira de cultivar a criatividade dos estudantes. Com a curricularização da extensão prestes a entrar em vigor, as IES têm uma oportunidade para colocar atividades mão na massa em prática, incluindo os projetos integradores nos currículos.
Em um mundo em constante transformação e onde as habilidades socioemocionais são cada vez mais valorizadas, Resnick prega que as escolas e universidades mantenham o espírito do “aprender criando”. Só assim será possível formar alunos e cidadãos capazes de identificar problemas relevantes e apresentar soluções inovadoras.
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