Em novo livro, autores reforçam potencial da análise de dados na educação

A análise de dados pode ajudar instituições de ensino, em qualquer lugar do mundo, a melhorar a aprendizagem de cada um dos seus alunos. Consequentemente, isso reduz as chances de evasão, aumenta a chance desses alunos ingressarem em universidades conceituadas e, posteriormente, conseguirem boa colocação no mercado de trabalho.

Essa é a principal bandeira dos pesquisadores por trás do Data Wise Project  –, Projeto Dados Sábios , em tradução livre. Trata-se de uma iniciativa dos acadêmicos da Harvard Graduate School of Education, com o objetivo de elevar a qualidade do ensino americano através da interpretação das evidências observadas na rotina escolar.

Para os pesquisadores do Data Wise, todos os dados importam . E isso vai muito além das notas nas provas. A proposta é que líderes educacionais também utilizem padrões extraídos de relatórios escritos, depoimentos orais e comportamentos em sala de aula para identificar fatores que estejam impedindo os alunos de ter um desempenho melhor.

Criado há mais de 15 anos, o projeto auxilia educadores ao redor do mundo a coletar e a interpretar essas informações para transformar escolas, que por sua vez podem ajudar a transformar a educação mundial. Profissionais de mais de 150 países já adotaram as técnicas do Data Wise. E o Brasil também pode se beneficiar dessa estratégia.

Aprender quais evidências devem ser coletadas, e entender o que elas querem dizer, pode ser um processo demorado. A boa notícia é que o livro Data Wise: Guia para o para o Uso de Evidências na Educação (2020) pode tornar essa tarefa mais fácil, rápida de ser executada e bem-sucedida. A obra, publicada pela Editora Penso, integra a série de livros Desafios da Educação .

A premissa do título é a de que preparar os estudantes para serem aprovados em exames e concursos é importante, mas não se compara à necessidade de capacitá-los para a realidade profissional e os desafios da vida adulta.

E não há como fazer isso considerando apenas as suas pontuações em matemática ou química, por exemplo.

O livro apresenta e detalha as oito etapas do Processo de Melhoria Data Wise. Além disso, demonstra como os hábitos mentais ACE (Ação, Colaboração e Evidências) podem mudar as relações entre a equipe educacional e refletir diretamente na dinâmica e na qualidade das aulas e no aprendizado de cada aluno.

Data Wise: Guia para o para o Uso de Evidências na Educação ensina, entre outras coisas, por onde começar, como arranjar tempo para esse trabalho, como desenvolver a habilidade de interpretação no corpo docente, como construir uma cultura de melhoria e como conciliar essa iniciativa com todas as outras demandas escolares.

A leitura é uma oportunidade de compreender como e por que um aluno tem desempenho forte ou fraco – e de saber, exatamente, no que a instituição precisa melhorar, sem depender de testes padronizados, sazonais e incompletos.

No Brasil, os principais indicadores da qualidade de ensino ainda advém dos exames nacionais coordenados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). A partir dos exames, o Inep identifica gaps na aprendizagem e pode formular políticas públicas educacionais.

O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), que combina o fluxo escolar e o desempenho no Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) é um bom parâmetro para medirmos a evolução do ensino brasileiro. Em 2005, quando foi criado, a nota nacional no Ideb era 3,8 em uma escala de 0 a 10 pontos.

Hoje, o Ideb médio é de 5,8. É uma nota mais alta, sim, mas ainda aquém do nível de ensino internacional.

Os resultados do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA), que analisa os conhecimentos em ciência, leitura e matemática, também deixam nítida a precariedade da educação brasileira. No ranking geral, o Brasil ocupa o 68º lugar – numa lista de 79 países e nações.