A pandemia transformou a educação. Hoje, mesmo com novas ondas de contágio e incertezas em relação à retomada das aulas 100% presenciais, as instituições de ensino superior (IES) têm a seu favor as vivências recentes com modelagens de ensino híbridas ou totalmente online.
Essa experiência, adquirida nos últimos dois anos, abre espaço para a configuração e experimentação de novas abordagens. É o caso do modelo chamado de Hyflex. O nome une as palavras hybrid (híbrido) e flexible (flexível). De certa maneira, trata-se de uma evolução do ensino híbrido.
Nessa proposta, o diferencial é a sincronicidade e o protagonismo do estudante, que pode escolher acompanhar a mesma aula de forma remota ou presencial. Isso significa, por exemplo, que parte da turma pode estar em casa e parte em sala de aula.
Todo mundo sai ganhando
Para o especialista em educação da Plataforma A, João Claudio Saenger Silva, o Hyflex possibilita que as instituições pensem novas formas de ocupar os espaços e de se relacionar com os alunos.
“Por exemplo: quantos estudantes vou matricular numa sala com capacidade para 50 pessoas? Vai existir uma forma de o estudante fazer a reserva da sua cadeira quando ele quiser ir presencialmente? Eu vou ter um valor diferenciado para quem optar por assistir somente online?”, questiona Silva.
Além de abrir um leque de oportunidades para as IES, há uma série de benefícios para os alunos. De acordo com as suas rotinas, eles podem escolher ir ou não até a instituição. Outro ponto positivo é a viabilidade de continuar os estudos durante intercâmbios, mudanças ou viagens, sem nenhum atraso no currículo.
“De forma geral, podemos dizer que a possibilidade de o aluno ser mais protagonista na sua formação é um aspecto importante, e que o Hyflex garante que a qualidade do ensino seja a mesma, independente do formato, uma vez que o mesmo conteúdo está sendo assistido tanto no presencial quanto no online”, comenta Silva.
Desafios no modelo Hyflex
No modelo Hyflex, os maiores desafios envolvem a qualificação do corpo docente. Os professores devem conhecer as tecnologias e trabalhar com metodologias atuais que contemplem as duas modalidades – presencial e a distância – ao mesmo tempo.
Para Silva, isso exige um maior planejamento das aulas, o que diminui o espaço para o improviso. Afinal, é necessário que todos os estudantes sejam incluídos e tenham o suporte necessário para realizar as atividades.
A tecnologia tem um papel central, mas a metodologia e a figura do professor são mais importantes para prender a atenção – tanto de quem está a poucos passos de distância, quanto de quem pode estar do outro lado do oceano.
Sobre Tecnologias e Metodologias
Muitas tecnologias podem ser incluídas no modelo Hyflex. Mas, o básico é que o estudante que está em casa consiga assistir as aulas com uma boa qualidade de som e imagem, enxergar o quadro, fazer questões e debates com a turma, participando efetivamente de todos os processos.
Nesse sentido, alguns recursos podem facilitar a rotina das atividades. Por exemplo, salas com microfones embutidos, câmeras que seguem os movimentos dos professores e softwares que ofereçam possibilidades de integração à distância.
De qualquer forma, o papel do professor é fundamental, uma vez que ele precisa conhecer – e saber usar – as tecnologias e metodologias adequadas para encontrar as melhores combinações. Disso dependerá o engajamento de todos os estudantes.
Cursos com disciplinas práticas, como os da área da saúde, exigem, em alguns momentos, a presença dos estudantes na instituição. Nesse caso, tecnologias como os laboratórios virtuais preparam o aluno para as atividades presenciais. “Isso ajuda a valorizar o momento da presencialidade, que deve ser cada vez mais rico para os estudantes”, aponta Silva, da Plataforma A.
Por mais que algumas universidades estejam aplicando o Hyflex – sem necessariamente nomeá-lo -, a continuidade desse modelo depende das regulamentações do Ministério da Educação, especialmente após o período pandêmico. De qualquer modo, uma coisa é fato: cada vez mais, novas formas de ensinar e aprender devem fazer parte do cotidiano do ensino superior brasileiro.
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