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Em março de 2020, eu gravei um podcast falando sobre o impacto da Pandemia no futuro da educação. Ouvir novamente aquele áudio depois de tanto tempo é uma experiência muito interessante. Hoje eu percebo o quanto estava equivocado por acreditar que no segundo semestre de 2020 já retomaríamos a presencialidade. Nunca imaginei que essa retomada demoraria tanto.
Por outro lado, desde o início estava muito claro que o nosso modelo educacional seria brutalmente impactado e que nunca mais seria como antes. Passamos, ao longo de 2020, e ainda estamos passando, por uma mudança tecnológica, metodológica e, sobretudo, cultural muito importante.
Muito se fala dos avanços tecnológicos que vieram no último ano. Mas boa parte da tecnologia que hoje está sendo massivamente utilizada já estava disponível. A verdadeira transformação que vivemos foi cultural. E seria um enorme retrocesso voltarmos em 2022 ao velho modelo tradicional, predominantemente analógico, expositivo, instrucional e conteudista.
Com tudo isso, temos um cenário ideal para a oferta de um ensino definitivamente híbrido a partir de 2022 . O grande desafio das IES será desenhar um modelo híbrido que efetivamente funcione do ponto de vista de aprendizagem, do desenvolvimento de competências adequadas às reais demandas do setor produtivo. E que traga engajamento e uma alta percepção de valor por parte dos alunos.
Para sacramentar a importância do ensino híbrido e deixar claro que esse é um caminho sem volta, o Conselho Nacional de Educação abriu uma consulta pública entre os dias 16/11 e 26/11 para o texto das Diretrizes Gerais Sobre a Aprendizagem Híbrida. Até janeiro, devemos ter o texto definitivo e as diretrizes já valerão para 2022.
Destaquei alguns trechos extremamente importantes do texto publicado pelo CNE . Eles levam a uma mudança fundamental em relação ao conceito de presencialidade.
É importante que as IES criem mecanismos de aferição dessa frequência nos ambientes remotos, o que é relativamente fácil, considerando a tecnologia educacional hoje disponível em praticamente todo LMS.
Isso significa que em um bom modelo híbrido, o percentual de atividades não presenciais poderia até extrapolar os 40% de carga horária não presencial dos cursos presenciais, limite este estabelecido pela Res 2.117, de dezembro de 2019.
Definitivamente, não podemos deixar esse retrocesso acontecer. Já caminhamos muito na construção de um modelo híbrido que não tem mais volta. Desde 2015, quando fui para Harvard estudar ensino híbrido e sala de aula invertida, está muito claro que existe um modelo em que o aluno aprende mais, fica mais satisfeito e custa menos. A pesquisa que apliquei aqui no Brasil mostrou que o modelo híbrido, com apenas 50% de carga horária presencial, promoveu uma aprendizagem 9% superior ao modelo 100% presencial, tradicional. Se bem planejado e bem executado, o híbrido funciona muito melhor.
Eu já escrevi aqui no Desafios da Educação alguns artigos sobre a modelagem do ensino híbrido e da sala de aula invertida, que detalham os elementos que devem ser considerados nessa construção. Recomendo a leitura.
Nos últimos 7 anos, apoiei mais de 100 IES aqui no Brasil e no México na construção de modelos híbridos. Nos últimos 6 anos, tenho participado de várias pesquisas comparando diferentes modelos de ensino para entendermos de fato o que funciona e o que não funciona na nossa realidade.
Reforço a importância de criarmos cada vez mais evidências para os modelos educacionais que propusermos. Somente assim teremos o conforto de escalar e replicar as boas práticas, pois saberemos quais práticas são boas de fato.
Com base nessa experiência dos últimos anos e nas evidências que tenho gerado, posso garantir que temos um modelo que definitivamente funciona muito melhor, se bem desenhado e bem executado.
Já temos tecnologia de ponta, conteúdo de qualidade, metodologias que comprovadamente geram maior engajamento e aprendizagem e agora, pós pandemia, temos uma predisposição cultural que nunca tivemos para resetarmos nosso modelo educacional, chancelada pelo próprio Conselho Nacional de Educação. Seria um grande desperdício se em 2022 não aproveitássemos essa baita oportunidade. Só depende de nós.
Por Gustavo Hoffmann
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