Reservar um momento para fornecer feedbacks é essencial na rotina dos professores. Essa prática permite aos alunos entenderem o que precisam melhorar e como está sua compreensão sobre o conteúdo.
O objetivo é ir além das avaliações tradicionais. Uma análise mais global sobre o desempenho, considerando a participação em sala de aula e comportamentos extraclasse, por exemplo, pode contribuir para a formação dos estudantes.
Para garantir uma melhoria no aprendizado, os feedbacks precisam ser individualizados, levando em consideração as necessidades e as habilidades de cada um. Mas é difícil manter a qualidade desses retornos quando a agilidade e a instantaneidade são exigidas pelos alunos. Então, como fazer isso?
As demandas dos alunos polegares
Na websérie Desafios da Educação Talks – Irreversível: o aprender protagonista, o psicólogo, doutor em Ciências Humanas e consultor da Hoper Educação João Vianney diz ter percebido um aumento dos alunos polegares durante a pandemia. Ou seja, aqueles sujeitos hiperconectados que acompanharam o ensino online pelos celulares. Destaca-se que esses estudantes fazem parte da geração Z, que tem como principal característica a natividade digital. Essas pessoas nasceram e cresceram em um mundo mediado pela tecnologia.
Como estão acostumados com a dinâmica do mundo virtual, onde tudo acontece de forma praticamente instantânea, houve uma mudança nas demandas exigidas por eles. Outra alteração percebida pelo educador foi a forma de consumir conteúdo. Agora, os estudantes preferem vídeos do que em texto – sempre curtos.
Uma vez que os professores também estavam presentes no universo online, os jovens passaram a exigir uma maior agilidade deles – o que Vianney considera ser uma dificuldade contemporânea.
“Quando o aluno polegar entra na pandemia, ele quer uma resposta no tempo do WhatsApp, porque é o tempo dele. Eu sou do tempo do e-mail, que chegou no Brasil quando eu tinha 33 anos. Esses alunos já nasceram no tempo da instantaneidade. Então eles querem uma solução instantânea”, comenta Vianney.
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Como superar esse desafio?
Embora seja necessário educar os estudantes para que compreendam a passagem do tempo para além da instantaneidade, é importante manter-se próximo a esse universo ocupado por eles. Afinal, a educação deve estar próxima ao cotidiano dos estudantes para ser significativa.
O especialista em aprendizagem digital Scott Hayden defende o uso de vídeos para a promoção de feedbacks no ambiente virtual. Para ele, essa é uma maneira de ampliar os estímulos, ao utilizar imagem, som e movimento. Além disso, o feedback fica disponível para ser acessado sempre que necessário em diferentes suportes.
Hayden também participou recentemente de um evento no Basingstoke College of Technology, em Basingstoke, na Inglaterra, em que a inteligência artificial foi utilizada para promover feedbacks e revisões personalizadas nas disciplinas de Matemática e Língua Inglesa.
No Brasil, a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) desenvolveu a plataforma Tutoria em parceria com a startup AIBox Lab. Nela, os professores podem corrigir atividades avaliativas de maneira ágil, sem deixar de lado a qualidade e a personalização.
Vale ressaltar que a inteligência artificial não substitui o professor, mas otimiza suas funções. Conforme explica Hayden em seu LinkedIn:
“A ênfase dessas ferramentas é dar aos alunos acesso personalizado ao treinamento de habilidades sob demanda e liberar o tempo do professor para mais orientação pessoal, atividades e treinamento com os alunos – as partes do nosso trabalho como professores que nunca podem ser automatizadas são mais valiosas do que nunca”.
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