Todo fã da saga Harry Potter já deve ter sonhado em fazer parte de uma das casas de Hogwarts. Exceto aqueles que são alunos do Instituto Gabriela Leopoldina (IGL), de Belo Horizonte (MG).
Para criar uma identidade entre os adolescentes, e ajudá-los no desenvolvimento de competências e habilidades socioemocionais, desde 2013 a equipe pedagógica da escola se inspirou no filme e também divide os alunos em casas.
Em vez das Casas Grifinória, Lufa-Lufa, Corvinal e Sonserina – como em Harry Potter –, no IGL as opções são Atena, Mutantes, Charlie Brown Jr., Napoleão e Luther King. Cada uma acolhe estudantes de 12 a 18 anos.
O processo começa quando os alunos chegam ao 7º ano. Nas primeiras semanas de aula, os veteranos apresentam a história e os valores de suas casas aos aspirantes. A partir da identificação com esses valores, o novato seleciona a casa a qual deseja fazer parte até o fim do ensino médio.
Os membros da Atena, por exemplo, são inspirados pela deusa grega que representa a civilização, a sabedoria e a justiça. Já a casa dos Mutantes se inspira na banda que ressignificou a música popular brasileira (MPB) durante a ditadura militar.
Os valores e as diretrizes que as casas devem seguir foram registrados pela primeira vez em um estatuto no começo deste ano, após discussão com os alunos. O documento dispõe sobre questões operacionais como arrecadação de dinheiro e participação dos membros.
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Aprendizagem baseada em projetos
As casas realizam reuniões previstas em calendário, em seus espaços próprios na escola, em suas residências e também mantêm grupos em redes sociais e aplicativos de mensagem. Também contam com o apoio de professores-tutores, que participam dos encontros e orientam em caso de necessidade.
A coordenação de projetos do Instituto Gabriela Leopoldina, formada pela direção e pela equipe pedagógica, mantém uma relação mais próxima. “Qualificamos liderança e comunicação, resolver problemas, ser uma estrutura de apoio em casos de conflito”, diz Maria Carolina Mariano, diretora de inovação do Grupo Fundamental, mantenedora do IGL.
As atividades e os desafios propostos às casas estão alinhados aos demais projetos do Instituto Gabriela Leopoldina.
“A cada ano a escola trabalha com um tema que amarra os processos e projetos desde a educação infantil até o ensino médio”, explica Mariano.
O tema de 2018 foi “comunidade”, em homenagem ao aniversário de 30 anos do instituto. A coordenação organizou uma série de palestras e exercícios de aprendizagem baseada em projetos (ou problemas), e propôs que os estudantes apresentassem soluções para lidar com o racismo estrutural no Brasil.
A casa vencedora criou uma plataforma para que pessoas que enfrentam o preconceito entendam como procurar o cumprimento de seus direitos.
As temáticas ainda são abordadas em eventos tradicionais, como festas juninas e jogos, sempre dialogando com a realidade contemporânea.
Mariano explica que, com as casas, a escola se torna um espaço para discutir assuntos relevantes e desenvolver competências que não estão formalmente nas disciplinas ou nas bases nacionais curriculares, como trabalho em equipe, liderança, amizade e determinação.
A aprendizagem parte de uma relação entre teoria e realidade. Dessa forma, os alunos do Instituto Gabriela Leopoldina desenvolvem as competências de forma estruturada e consistente.
Os resultados são inequívocos, segundo a diretora. “A gente percebe seres humanos mais empáticos com as questões do mundo e sabendo que o conhecimento acadêmico só faz sentido quando servir à sociedade”, diz.
Ela comemora os resultados do projeto. Não só porque o ambiente escolar ficou mais saudável, harmônico e respeitoso, mas também porque o desempenho escolar melhorou. “Os alunos se destacam em outro ambiente, ganham autoestima, segurança e confiança e entendem que podem ser bons em todas as áreas.”
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Agradeço pela escrita fiel e empática aos processos desenvolvidas pela nossa escola. Espero, fortemente, que possamos inspirar outros educadores e instituições.