Enquanto o ensino presencial registrou queda de 8,9% no volume de matrículas do primeiro semestre das instituições de ensino superior (IES) privadas, os cursos a distância cresceram 9,8%. Os dados são do Mapa do Ensino Superior 2021, estudo divulgado nesta semana pelo Instituto Semesp.
Segundo o diretor executivo da entidade, Rodrigo Capelato, atualmente a educação a distância (EaD) não cresce no vácuo do ensino presencial. Para ele, o presencial é mais caro e atinge um público mais jovem, que por causa da pandemia tem demorado para ingressar no ensino superior. Apesar disso, as matrículas presenciais seguem majoritárias no país – representam 71,5% do total.
Um dos fatores para o aumento das matrículas na EaD é porque no Brasil existe uma população acima de 30 anos que estudou somente até o ensino médio. Essas pessoas, quando decidem fazer uma graduação superior, optam pelo ensino online devido a flexibilidade.
E detalhe: nove em cada dez matrículas na EaD é está sob direção de IES de grande porte, relevou o estudo do Semesp.
Escolaridade Líquida
Apesar do crescimento de matrículas, a taxa de escolarização líquida do país (que mede o total de jovens de 18 a 24 anos matriculados no ensino superior em relação ao total da população da mesma faixa etária) continua estagnada – porque a modalidade EAD atinge um público de faixa etária mais velha. A taxa era 18% em 2020; em 2021, ficou em 17,8%.
A projeção da taxa de escolarização líquida mostra que o Brasil continua distante da meta colocada no Plano Nacional de Educação, que prevê 33% da população de 18 a 24 anos no ensino superior até 2024.
Com a suspensão das aulas presenciais devido à pandemia de covid-19, Capelato destaca que o modelo presencial, com aulas remotas ao vivo, pode atrair um público mais jovem. Ele também aponta uma tendência de ensino híbrido, que mescla o presencial com o remoto. “Essas mudanças que estamos vivendo possibilitam um novo tipo de curso, com foco no presencial somente para as aulas práticas”, afirma Capelato.
Leia mais: O retorno gradual das aulas presenciais no ensino superior
Evasão de alunos
Como já era esperado, a questão financeira é apontada como a principal causa da evasão no ensino superior. Enquanto se manteve estável entre os alunos que possuem Fies (Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior) ou Prouni (Programa Universidade para Todos), a evasão aumentou para aqueles que não tinham nenhum tipo de auxílio financeiro.
Entre alunos sem bolsa ou financiamento estudantil, a evasão foi de 26,2%. Nos estudantes com o Fies, a taxa ficou em 6,4%; Prouni, 8,8%.
“O aluno que ingressa com Fies ou Prouni entra mais vocacionado, escolhendo o curso e a IES que quer cursar, daí a menor evasão. Sem programas de financiamento a evasão é maior porque o estudante escolhe pela facilidade de ingresso e pelo preço do curso”, explicou Capelato.
Potencial do ensino superior
Nesta edição, o Mapa do Ensino Superior apresenta um capítulo com informações sobre os estudantes do ensino médio. “O objetivo deste capítulo é tentar entender o cenário desse ensino que forma milhares de alunos anualmente e que não conseguem ingressar no ensino superior”, explicou o diretor executivo do Semesp.
Para Capelato, todo ano milhares de estudantes do ensino médio fazem o Enem e prestam vestibulares, mas não entram no ensino superior. “Faltam políticas públicas de acesso mais eficientes e que diminuam a diferença entre o número de vagas ofertadas e preenchidas em programas como o Fies e o ProUni”, avaliou.
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