Os cursos noturnos devem acabar no Brasil. É o que indicam estudos e análises elaborados pelo Semesp, sindicato das instituições de ensino superior (IES) privadas, e pela consultoria Educa Insights.
A previsão tende a se confirmar devido a mudança no perfil dos estudantes noturnos, que têm migrado de forma progressiva tanto para cursos híbridos (que mescla os modelos presencial e online) quanto para os da modalidade 100% EAD, a distância.
Em 2013, mais da metade (57,7%) dos ingressantes no ensino superior privado optavam por cursos ministrados no período da noite, ante os 21,6% que optavam pela EAD.
Cinco anos depois, em 2018, a proporção se inverteu pela primeira vez. A parcela de estudantes que entra numa IES particular via EAD representou 45,7%, enquanto os que ingressam em um curso presencial noturno constituíram 36,7% do total – os outros 17,6% matricularam-se em cursos presenciais diurnos.
Só entre 2016 e 2017, quase 120 mil estudantes trocaram a modalidade presencial pela EAD.
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Cursos híbridos ganham destaque
Segundo a consultoria Educa Insights, 211 mil (16%) dos 1,3 milhão de novas matrículas efetivadas na EAD em 2018 foram em cursos com alta correlação com o modelo híbrido de ensino.
Só em Educação Física, mais da metade (57%) dos ingressantes optaram por graduações híbridas. Em 2015, o indicador era de 27%.
A participação do modelo híbrido também cresceu nas matrículas das engenharias clássicas, pulando de 8%, em 2015, para 21% em 2018.
No mesmo período, os cursos híbridos da área da saúde, como Enfermagem, Nutrição e Fisioterapia, tiveram um aumento na fatia de matrículas – pulando de 1% para 16%.
A expectativa era de que, até 2023, o ensino híbrido representasse mais de um quinto do total de matrículas em IES particulares no Brasil. Mas isso pode acontecer bem antes, já que em dezembro passado o MEC publicou a Portaria 2.117/2019 que autoriza instituições de ensino ampliarem para até 40% a carga horária de educação a distância em cursos presenciais de graduação.
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Características do ensino híbrido
A mudança na escolha da modalidade de graduação é consequência da alteração da forma de estudar. Se antes era mais fácil e conveniente estudar a noite, hoje é ainda mais fácil fazer parcial ou totalmente as disciplinas pela internet.
Segundo outra pesquisa da Educa Insights, realizada nos principais mercados de educação do Brasil, 61% dos alunos entrevistados cita “não ir ao campus todos os dias” como o principal benefício da modalidade híbrida. Esse índice chega a 73% em Curitiba, uma das capitais pesquisadas.
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Tanto os estudantes de cursos noturnos quanto de cursos híbridos vêm de um grupo socioeconômico parecido, têm idade média próxima e, portanto, levam em conta os mesmos critérios ao escolher uma graduação: acessibilidade e conveniência.
Isto é, são alunos responsáveis por pagar as próprias mensalidades (80% no noturno e 81% no híbrido), que trabalham (86% e 75%, respectivamente), são da classe social B2 e C (72% e 67%) e tem mais de 26 anos (68% e 48%).
Nesse cenário, como o ensino híbrido se diferencia em relação aos cursos semipresenciais tradicionais? Eles oferecem espaços de aprendizagem com infraestrutura tecnológica para a prática de metodologias ativas e uma frequência flexível e adequada a cada curso ou instituição. E, do ponto de vista de negócio para as IES, garante um ticket médio maior.
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