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Professores usam ChatGPT com mais frequência do que alunos

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Uma pesquisa recente apontou que muitos professores têm uma visão positiva do ChatGPT – tão positiva que até estão usando com mais frequência a inteligência artificial (IA) do que seus próprios alunos.

A informação foi publicada na semana passada pelo EducationWeek, com base em um levantamento da empresa Impact Research, encomendado pela Walton Foundation e conduzido com 1 mil professores e 1 mil alunos do ensino básico americano.

A descoberta não é trivial – considerando que, desde que foi lançado pela OpenAI, em novembro passado, o ChatGPT foi parar na berlinda, acusado de protagonizar uma disrupção em termos de plágio e trapaça estudantil.


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A pesquisa identificou que mais da metade (51%) dos professores entrevistados usam o ChatGPT. Cerca de 40% dos docentes o utilizam semanalmente, e 10% disseram usar quase todos os dias.

Em comparação, apenas um terço dos estudantes (33%) com idades entre 12 e 17 anos relataram usar o ChatGPT para a escola. Apenas 22% disseram que o usam semanalmente ou mais.

Mais da metade dos professores usam o ChatGPT, enquanto apenas 33% dos alunos o fazem. Julio Bazanini/USP Imagens

Como os professores usam o ChatGPT

Os professores usam o ChatGPT especialmente para o planejamento de aulas, gerando ideias criativas, reunindo conhecimentos básicos e diminuindo o tempo de preparação. Afinal, os parágrafos completos da IA são mais eficazes do que uma série de links exibidos em uma pesquisa no Google.

Em vez de vários cliques e sintetizações, o chatbot da OpenAI escreve um plano de aula em questão de segundos. “Tem sido revolucionário”, disse Eli Snyder, um professor de educação especial nos EUA. “O que antes levava uma hora, agora leva cinco minutos.”

Snyder relatou ao jornal The New York Times que, recentemente, foi acometido por uma dúvida: Como poderia adaptar um jogo de basquete para uma criança com paralisia cerebral? E como ele poderia ajudar seus alunos com autismo a desempenhar uma atividade altamente estimulante?

O ChatGPT tinha respostas. Entre as recomendações, estava diminuir o tamanho da quadra (para reduzir a distância que os jogadores precisam percorrer em cadeiras de rodas), abaixar o aro e instalar uma rampa para que os alunos possam rolar a bola de basquete para a rede e também formar pares de jogadores para que cada pessoa tenha um amigo de apoio.

Os professores também usam o ChatGPT para simplificar teorias complexas, desenvolver o pensamento crítico e como recurso para a aprendizagem baseada em projetos, bem como para dar feedback aos alunos sobre as tarefas, redigir e-mails para os pais e escrever cartas de recomendação.


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Os professores e a tecnologia

A pesquisa da Impact Research também descobriu que 88% dos professores aprovaram a IA – eles concordam que o impacto da ferramenta é positivo no ensino. Entre os estudantes, 79% pensam a mesma coisa.

Os professores têm sido muito mais propensos a permitir que os alunos usem o ChatGPT do que a flagrar os alunos usando-o sem permissão: 38% dos docentes deram sinal verde a seus alunos usar o programa. Somente 10% dos professores relataram ter pego seus alunos usando o ChatGPT sem permissão; e apenas 15% dos alunos disseram que utilizaram a ferramenta sem o consentimento de seus professores.

A pesquisa indica que 75% dos professores creem que o ChatGPT pode ajudar seus alunos a aprender mais – entre os alunos, 68% acreditam que o programa pode ajudá-los a se tornarem melhores alunos e 75% acham que os ajuda a aprender mais rápido.

Ainda é cedo para saber o quanto o ChatGPT transformará a vida dos professores e alunos. Mas que a transformação já começou, é inegável.


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Leonardo Pujol
Leonardo Pujol é editor do portal Desafios da Educação e sócio-diretor da República, agência especializada em jornalismo, marketing de conteúdo e brand publishing. Seu e-mail é: pujol@republicaconteudo.com.br

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