O Brasil perdeu a liderança no ranking que elege as melhores instituições de ensino superior (IES) da América Latina – segundo a revista britânica Times Higher Education (THE), referência mundial em reputação acadêmica.
É a primeira vez que uma IES brasileira fica fora do primeiro lugar, assumido na edição 2019 pela Pontifícia Universidade Católica do Chile (PUC-Chile).
A Universidade de São Paulo (USP) manteve a vice-liderança. Já a Universidade de Campinas (Unicamp), que ocupava o primeiro lugar desde 2017, caiu para terceiro. Não necessariamente por uma piora. Afinal, a IES apresentou um aumento na pontuação comparado ao ano passado (de 86,5 para 87,8).
Ocorre que a média da Unicamp não superou o desempenho da PUC-Chile (de 85,7 para 88,6) e da USP (de 86 para 88). De acordo com o levantamento, a universidade chilena também se destacou ao apostar no quadro de professores.
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Mesmo ao perder o primeiro lugar, o Brasil é o país com maior representatividade: das 150 instituições que apareceram no ranking da THE, mais de um terço são brasileiras. São 52 no total – nove a mais em comparação ao ano anterior.
Além disso, o Brasil tem o maior número de IES entre as dez melhores. Além da USP e da Unicamp, destacam-se a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), que ficou em quarto lugar, a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), em sexto, a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em oitavo, e a Universidade Estadual Paulista (Unesp), em décimo.
Por outro lado, importantes universidades brasileiras caíram de desempenho em comparação com a edição anterior, como a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), do Rio de Janeiro (UFRJ), da Bahia (UFBA) e de São Carlos (UFSCar). A nota dessas IES baixou em virtude do menor impacto de citações.
O que dizem as IES
Em nota, o reitor da PUC-Chile, Ignácio Sanchez, disse que a liderança da instituição no ranking da THE é um reflexo da atividade e do suporte da comunidade universitária.
O reitor da Unicamp, Marcelo Knobel, diz ter recebido com naturalidade o resultado. “A diferença de pontuação entre as instituições é pequena, o que possibilita variações de um ano para outro”, afirmou.
Quanto à necessidade de maior atenção à pesquisa, Knobel declarou ser uma preocupação constante das universidades estaduais, mas afirmou que os cortes de recursos pelo governo federal podem afetar futuramente o desempenho das instituições brasileiras.
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Segundo Vahan Agopyan, reitor da USP, manter a mesma classificação de um ano para o outro, enquanto todas as instituições estão progredindo, é uma conquista significativa, principalmente para uma universidades grande e que abrange todas às áreas do conhecimento como a USP.
Pela América Latina
Além deter o título de melhor instituição de ensino superior, o Chile é o segundo país mais bem representado, com 30 universidades no ranking – quatro a mais do que no ano anterior.
Cuba aparece pela primeira vez na lista, com a Universidade de Havana em 48° lugar e a Universidade Marta Abreu de las Villas em 101°.
A Venezuela perdeu espaço e não tem uma única IES entre as 50 principais melhores – no ano passado, a Universidade Simón Bolívar estava em 39° lugar.
Os critérios adotados nesta edição foram os mesmos aplicados ao ranking mundial, mas com alterações que refletem melhor as características das IES da região. Os indicadores considerados são divididos em cinco áreas: ensino (ambiente de aprendizagem), pesquisa (volume, renda e reputação), citações (influência da pesquisa), perspectiva internacional (pessoal, estudantes e pesquisa) e renda da indústria (transferência de conhecimento).
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