Antes o desafio era tirar alunos e docentes da sala de aula, adaptando-os às ferramentas virtuais. Agora, com a onda de ensino remoto, o obstáculo é outro: manter os estudantes conectados.
Para isso, os professores precisam preparar ainda mais atividades que mantenham os alunos estimulados. E estar mais disponíveis para esclarecer dúvidas dos estudantes. E ainda: aprender a lidar com novas tecnologias e a gerenciar o próprio tempo.
Uma pesquisa realizada em maio pelo Instituto Península mostra que, devido a quarentena, 35% dos 2,4 mil docentes entrevistados tiveram que mudar totalmente os seus hábitos; 41% disseram que mudaram muito e 22% tiveram que mudar um pouco a rotina. Apenas 2% disseram que não precisaram mudar os hábitos.
A pesquisa também revela que a preparação das aulas é a segunda atividade que mais demanda dos professores. A primeira é organização pessoal e familiar.
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Confinado em casa e frequentemente conectado ao trabalho pela internet, parece difícil para um professor dizer que não tem tempo para atender os alunos e suas famílias. A verdade, no entanto, é que o excesso de alerta e envolvimento com as aulas online está gerando um verdadeiro esgotamento mental nos professores.
Tem até nome para isso: burnout. A expressão vem do inglês to burn out, que significa algo como queimar por inteiro – metáfora usada para se referir ao estresse crônico causado pelo trabalho em excesso, que leva o corpo e a mente ao completo esgotamento.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) chegou a classificar o burnout como uma das maiores ameaças à saúde mental do século 21. Depois da pandemia, isso ficou ainda mais evidente. Especialmente aos professores.
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Menos aulas, mais trabalho
Higor Luã Borges Duarte, 28 anos, é professor de Biologia tanto na rede pública quanto na rede privada do estado de Rondônia. Sua rotina mudou completamente desde o início das aulas a distância, em razão do novo coronavírus. Principalmente na escola particular.
“A rede privada fornece uma educação um pouco mais puxada do que a pública, devido à grande cobrança dos pais. Com essa pandemia, tudo tem se intensificado”, afirma Duarte.
Outro desafio é que os gestores querem a mesma qualidade do presencial no ensino remoto. “Por isso, nós também nos cobramos e queremos sempre buscar uma melhor forma de dar aulas online”, diz o professor.
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Aqui, a familiaridade com as ferramentas pode ser um obstáculo. Duarte diz que apesar da geração atual ser mais tecnológica, ela ainda tem dificuldades em lidar com tudo o que é novo. Inclusive quando se envolve tecnologias em conjunto com a educação.
O professor relata que já ministrou aula por videoconferência através da plataforma Meet, o Google, onde gravou as aulas e as disponibilizou na plataforma para os alunos. Ele até utilizou vídeo aulas já publicadas no YouTube.
Segundo ele, ainda não há unanimidade sobre a forma correta de dar aulas online. As normativas governamentais dizem uma coisa, mas o pais querem outra e no final não se chega a uma conclusão realista de qual é a melhor metodologia.
Esse dilema – associado ao excesso de tarefas – está gerando um esgotamento nos professores, que estão trabalhando mais que o normal. “Trabalhamos além do horário de aula para elaborar atividades e aulas”, diz Duarte.
Apesar disso, os professores precisam ser uma injeção de ânimo aos alunos, sempre incentivando ao melhor aprendizado.
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A teoria do evolucionista Charles Darwin diz: “Ou você se adapta as mudanças no meio em que vive ou você vai ser eliminado”. No início da pandemia existia um senso de urgência na alteração do ensino presencial para o EAD, que tirou todos de suas rotinas. Porém, não é possível viver em um ritmo de mudança para sempre.
O excesso de atividades é desgastante para o aluno e para o professor. O estudante fica nervoso e preocupado com a entrega dos exercícios, além de não aprender o conteúdo. O docente, que normalmente não leciona em apenas uma turma, precisa preparar as aulas, criar novas atividades e corrigi-las.
Os docentes não podem continuar trabalhando mais que o normal. As escolas precisam definir um modelo de atuação ideal – e segui-lo. Uma boa educação a distância se baseia menos na quantidade de conteúdo, e mas na qualidade do ensino.
Eu que o diga…no último dia 19/08/20, cheguei no ápice… pedi exoneração, pra tentar dormir, comer, beber, sobreviver um pouco em paz.?
Agora estou sentindo os efeitos de um possível burnout… Algumas tarefas impostas, aparentemente sem motivo algum, nos tomam muito tempo, tempo que eu vinha usando para pesquisar formas de publicar aulas melhores, tipo power point, vídeos ou mesmo o whatsapp, que, no final das contas está sendo o mais fácil de usar. A burocracia nos obriga a fazer atividades em que não vejo sentido… Mas, temos que cumprir, não é? Eu vinha assistindo todas as aulas do centro de mídias, bastante interessado, mas agora enjoei… Sou meio perfeccionista,quero sempre estar produzindo coisas legais, dentro daquilo que me é possível, não tenho bons equipamentos, nem grana para adquirí-los: uma boa câmara de vídeo e um bom microfone… é meio frustrante! Mas não desisto, isso é um pouco um defeito meu, a teimosia…
Estava postando atividades no classroom desde de Abril,em um certo momento no início de Setembro,tive um apagão,não conseguia lembrar como postar as atividades,tive que pedir ajuda para algumas amigas.
Também tive uns episódios de esquecimento 🙁
Além de preparar e ministrar as aulas on line em tempo real, ainda são vários grupos de whatsapp, um para cada disciplina, o que resulta em mais de 300 alunos com seu número de celular, nem todos têm o bom senso de ligar ou mandar msg apenas em dias e horários oportunos. Trabalhamos por hora-aula e como resultado das novas exigências ficamos ligados 24h por dia ao trabalho, 7 dias por semana. A instituição pressiona a para que busquemos atender via celular aos alunos que têm dificuldade de acesso à internet, com medo de perder aluno.
Tenso.
Após 4 semestres afastada da sala de aula na universidade, retornei agora em 2020/02. Mas, desde meu retorno estou vivendo um turbilhão de emoções, as vezes acho até que não vou dar conta do recado. Sou professora do ensino superior desde 2009, sempre com uso de metodologias presenciais, sala de aulas cheias de ‘gente’; essa forma de trabalhar é o que está desaminando muitos professores. No meu caso tem que gravar a aula (via zoom), postar a aula no portal da instituição e depois no dia da aula ir para a sala lecionar presencial para turmas intercaladas A e B. Falando em “turmas” que ao meu ver são os que estão acomodados e gostando dessa situação. Acho mesmo que 2020 para a educação foi / está sendo um ano de retrocesso no processo de ensino e aprendizagem, para não dizer um ano perdido. Isso me deixa muitooo preocupada, até mais que minha saúde física e mental.