Burnout: quarentena e excesso de tarefas leva professores ao esgotamento

Danielly Oliveira • 19 de agosto de 2020

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    Antes o desafio era tirar alunos e docentes da sala de aula, adaptando-os às ferramentas virtuais. Agora, com a onda de ensino remoto , o obstáculo é outro: manter os estudantes conectados .

    Para isso, os professores precisam preparar ainda mais atividades que mantenham os alunos estimulados. E estar mais disponíveis para esclarecer dúvidas dos estudantes. E ainda: aprender a lidar com novas tecnologias e a gerenciar o próprio tempo.

    Uma pesquisa realizada em maio pelo Instituto Península mostra que, devido a quarentena, 35% dos 2,4 mil docentes entrevistados tiveram que mudar totalmente os seus hábitos; 41% disseram que mudaram muito e 22% tiveram que mudar um pouco a rotina. Apenas 2% disseram que não precisaram mudar os hábitos.

    A pesquisa também revela que a preparação das aulas é a segunda atividade que mais demanda dos professores. A primeira é organização pessoal e familiar.

    Efeitos da quarentena: excesso de tarefas e esgotamento nos professores. Crédito: Pexels.

    Confinado em casa e frequentemente conectado ao trabalho pela internet, parece difícil para um professor dizer que não tem tempo para atender os alunos e suas famílias. A verdade, no entanto, é que o excesso de alerta e envolvimento com as aulas online está gerando um verdadeiro esgotamento mental nos professores.

    Tem até nome para isso: burnout . A expressão vem do inglês to burn out , que significa algo como queimar por inteiro – metáfora usada para se referir ao estresse crônico causado pelo trabalho em excesso, que leva o corpo e a mente ao completo esgotamento.

    A Organização Mundial da Saúde (OMS) chegou a classificar o burnout como uma das maiores ameaças à saúde mental do século 21. Depois da pandemia, isso ficou ainda mais evidente. Especialmente aos professores.

    Menos aulas, mais trabalho

    Higor Luã Borges Duarte, 28 anos, é professor de Biologia tanto na rede pública quanto na rede privada do estado de Rondônia. Sua rotina mudou completamente desde o início das aulas a distância, em razão do novo coronavírus. Principalmente na escola particular.

    “A rede privada fornece uma educação um pouco mais puxada do que a pública, devido à grande cobrança dos pais. Com essa pandemia, tudo tem se intensificado”, afirma Duarte.

    Outro desafio é que os gestores querem a mesma qualidade do presencial no ensino remoto . “Por isso, nós também nos cobramos e queremos sempre buscar uma melhor forma de dar aulas online”, diz o professor.

    Aqui, a familiaridade com as ferramentas pode ser um obstáculo. Duarte diz que apesar da geração atual ser mais tecnológica, ela ainda tem dificuldades em lidar com tudo o que é novo. Inclusive quando se envolve tecnologias em conjunto com a educação.

    O professor relata que já ministrou aula por videoconferência através da plataforma Meet, o Google, onde gravou as aulas e as disponibilizou na plataforma para os alunos. Ele até utilizou vídeo aulas já publicadas no YouTube.

    Segundo ele, ainda não há unanimidade sobre a forma correta de dar aulas online. As normativas governamentais dizem uma coisa, mas o pais querem outra e no final não se chega a uma conclusão realista de qual é a melhor metodologia.

    Esse dilema – associado ao excesso de tarefas – está gerando um esgotamento nos professores, que estão trabalhando mais que o normal. “Trabalhamos além do horário de aula para elaborar atividades e aulas”, diz Duarte.

    Apesar disso, os professores precisam ser uma injeção de ânimo aos alunos , sempre incentivando ao melhor aprendizado.

    A teoria do evolucionista Charles Darwin diz: “Ou você se adapta as mudanças no meio em que vive ou você vai ser eliminado”. No início da pandemia existia um senso de urgência na alteração do ensino presencial para o EAD, que tirou todos de suas rotinas. Porém, não é possível viver em um ritmo de mudança para sempre.

    O excesso de atividades é desgastante para o aluno e para o professor. O estudante fica nervoso e preocupado com a entrega dos exercícios, além de não aprender o conteúdo. O docente, que normalmente não leciona em apenas uma turma, precisa preparar as aulas, criar novas atividades e corrigi-las.

    Os docentes não podem continuar trabalhando mais que o normal. As escolas precisam definir um modelo de atuação ideal – e segui-lo. Uma boa educação a distância se baseia menos na quantidade de conteúdo, e mas na qualidade do ensino.

    Por Danielly Oliveira

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