O percentual do produto interno bruto (PIB) investido pelo Brasil em educação está acima da média do que é aplicado pelos países ricos, membros e parceiros da Organização para Cooperação do Desenvolvimento Econômico (OCDE): 4,2% contra 3,2%.
O indicador parece positivo, mas não é. Proporcionalmente, o investimento por aluno no Brasil é menos da metade do observado nos países da OCDE.
Na educação infantil, por exemplo, o país investe anualmente US$ 3,8 mil por aluno – em torno de R$ 15,4 mil. A média da OCDE é de US$ 8,6 mil – ou R$ 35 mil.
A diferença é parecida nos números do ensino fundamental (US$ 3,7 mil por aluno brasileiro, contra US$ 10,2 mil na OCDE) e do ensino médio (US$ 4,1 mil ante US$ 10 mil).
O principal reflexo do baixo investimento aparece no salário dos docentes. Além de ganhar menos do que os colegas do exterior, o professor brasileiro ainda tem de lidar com turmas maiores.
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Na comparação com os demais trabalhadores brasileiros com ensino superior, os professores ganham 13% a menos.
Os dados são da pesquisa Education at a Glance 2019, divulgada pela OCDE na terça-feira (10). O estudo analisa o sistema de educação em seus 36 países membros da entidade e em outros dez países parceiros, como Brasil, Argentina, China, Rússia e África do Sul.
Confira, abaixo, outros destaques do relatório.
Ensino superior
Entre 2010 e 2016, o investimento público no ensino superior aumentou 19% no Brasil. Mas o gasto por estudante (US$ 14,2 mil) segue abaixo da média da OCDE (US$ 16,1 mil).
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Dificuldade para se formar
Apenas um terço dos universitários brasileiros se forma dentro do prazo considerado ideal para o curso. E três anos após a duração esperada, outro terço ainda não concluiu os estudos.
Baixa escolaridade
No Brasil, apenas 18% dos adultos (entre 25 e 64 anos) possuem ensino superior completo. Isso é menos da metade da média da OCDE (39%). O patamar do Brasil é próximo do mexicano, mas está atrás de outros países da América Latina, como Argentina (36%), Chile (25%) e Colômbia (23%).
Perfil
Um terço dos formandos brasileiros são das áreas de Negócios, Administração e Direito. As mulheres são as que mais conquistam diploma de curso superior.
Internacionalização
Há pouca internacionalização das universidades no Brasil. Apenas 0,2% dos estudantes brasileiros são intercambistas, contra 6% de média dos países analisados. Além disso, somente 0,6% dos universitários brasileiros estão matriculados no exterior.
Pós-graduação
Quase todos os brasileiros com ensino superior tem apenas bacharelado, o que coloca a pós-graduação do país abaixo do patamar médio. Na população adulta, 0,8% tem título de mestrado, contra 13% na OCDE. Em doutorado, 0,2% tem a titulação no Brasil, enquanto no exterior o indicador médio é de 1,1%.
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