A pandemia do novo coronavírus (Sars-CoV2) transformou a realidade do sistema educacional, levando instituições de ensino básico e de ensino superior a se adaptarem ao ensino a distância. Isso pôs em evidência um novo desafio, para além da forma de lecionar: a avaliação remota da aprendizagem.
A avaliação, como sói ocorrer, é indispensável no processo de ensino-aprendizagem. Este processo mede a evolução de cada aluno e comprova (ou não) a efetividade da metodologia de ensino adotada pelo professor.
Os modelos clássicos que quantificam o conhecimento do estudante com base em erros e acertos – e então o aprovam ou reprovam – já vinham sofrendo críticas antes mesmo do cenário atual. Com a educação remota em massa, surge a oportunidade de repensar antigas práticas, descobrir outras que funcionam para o ambiente virtual. E, no momento oportuno, combiná-las com o ensino presencial.
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O processo avaliativo
A avaliação a distancia deve ser encarada mais como um diagnóstico do que como uma classificação. Assim, é mais do que simplesmente somar pontuações e calcular notas – diz Franklin Correia, professor da Fatec com mais de sete anos de experiência em gestão de inovação e tecnologias educacionais.
“Para alcançar toda a potencialidade, o processo avaliativo precisa ser contínuo e diversificado, tanto em metodologias quanto em ferramentas. Isso se torna ainda mais importante quando falamos de ensino básico.”
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Seja em cursos presenciais ou nos que são desenvolvidos especialmente para a EAD, a avaliação ainda é convencional. Segundo Correia, dá-se mais atenção a momentos do que ao todo – focalizando nos resultados de um exame geral e unidisciplinar, e obrigando o aluno a sintetizar todo o conteúdo aprendido em um só formato (principalmente provas objetivas), sem receber retorno do professor.
“Todas as instituições vão precisar repensar seus sistemas de avaliação e criar algo que funcione em um mundo digital”, defende o professor.
Para criar metodologias de avaliação durante o período de confinamento – e além –, docentes e gestores podem se guiar por seguintes questionamentos: O que os estudantes sabem? Como complementar e expandir esse conhecimento? Existem lacunas a serem preenchidas? Quais são as formas para ele demonstrar o que aprendeu?
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Possibilidades da avaliação a distância
No ensino remoto, torna-se extremamente importante a escolha do ambiente virtual de aprendizagem (AVA ou LMS, de Learning Management System). Quanto mais possibilidades de interação a ferramenta tiver, melhor.
Por meio de fóruns de discussão, mensagens diretas e comentários durante as aulas é possível identificar o que o estudante sabe e o que precisa aperfeiçoar. As plataformas de EAD também costumam disponibilizar dados de engajamento, como o número de acessos, tempo de permanência nas aulas e quantidade de interações com os conteúdos.
Essas informações são úteis na hora de determinar o nível de interesse e esforço do aluno para acompanhar a disciplina – e até para perceber quais módulos precisam ser apresentados de uma forma mais atrativa.
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A estruturação das aulas em tópicos facilita uma avaliação constante. Junto a cada conteúdo, o professor pode propor uma atividade avaliativa, não necessariamente objetiva. Conforme o tema, as turmas podem desenvolver projetos nas redes sociais, explicar a matéria através de áudios e vídeos, criar storyboards ou construir textos criativos.
“Existem muitas ferramentas tecnológicas que facilitam e aprimoram o processo avaliativo. O Kahoot, por exemplo, é uma opção bastante intuitiva que utiliza a gamificação para engajar o grupo enquanto testa seu conhecimento. Funciona em todos os níveis de escolaridade, mas se destaca no ensino básico”, explica o professor Franklin Correia.
Ele também recomenda explorar os QR CODES, gerados online e de forma gratuita. “Esse tipo de atividade desenvolve a criatividade e a capacidade analítica combinadas ao conteúdo estudado”, diz.
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Avaliando professores
A educação a distância também torna a avaliação dos professores mais transparente. A modalidade de ensino faz com que os estudantes se sintam mais livres para comentários críticos que talvez não tivessem coragem de fazer no ambiente presencial.
Devido à pandemia, muitas IES não repassam avaliações e comentários aos docentes. Nesse período incerto, contudo, é fundamental que os professores possam receber um overview da sua atuação docente.
Correia faz coro aos demais especialistas. Não é que o vírus vai gerar efeitos permanentes no processo avaliativo. Ele mudará todo o sistema educacional. “Tenho convicção de que, com essa experiência de ensino remoto, vamos descobrir novas formas de avaliar e principalmente de dar feedbacks, sem voltarmos aos modelos tradicionais.” A educação não será mais a mesma.
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Amei a sugest do Presidente Bolsonaro.
Parabéns! Gostei das orientações.