Metodologias de Ensino

Angel Pérez Gomez e o fim do automatismo

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Angel Pérez Gómez automatismo

Professor espanhol Angel Pérez Gómez afirma que para melhorar o ensino professores devem conhecer fatores neurais que influenciam a aprendizagem, em mesa-redonda na PUCRS. Crédito: Larissa Pessi/Desafios da Educação.

O método de ensino vigente na imensa maioria das instituições de ensino não dialoga de maneira adequada e eficiente com as necessidades do mundo digital. Para virar o jogo, é preciso compreender a influência do sistema neural no processo de aprendizagem.

Eis a síntese dos ensinamentos trazidos a Porto Alegre (RS) pelo professor espanhol Angel Pérez Gómez, que participou de uma mesa-redonda para estudantes e professores do curso de Pedagogia da PUCRS na tarde da última quinta-feira (26).

Doutor em pedagogia pela Universidade Complutense de Madrid e autor de “Educação na Era Digital: A Escola Educativa”, Gómez defendeu que ações como repetir, reproduzir, recodificar e aplicar conhecimentos mecanicamente são eixos de um modelo de ensino ultrapassado. Ainda assim, ele reconheceu que mudar a realidade é uma tarefa complexa – ainda que possível.

Para o professor, a neuroeducação é o principal trunfo para desatar os nós que emperram uma necessária transformação. Ou seja, compreender o funcionamento do cérebro e a sua influência na aprendizagem é o segredo para revolucionar a transmissão de conhecimento – afinal, o sistema neural responde pelo desenvolvimento de habilidades como interpretar, compreender e tomar decisões.

Leia mais: A neuroeducação como elo entre a medicina e o ensino

Durante o encontro, Gómez destacou que o cérebro aprende e se modifica constantemente a partir de tarefas e desafios do dia a dia. São as experiências, portanto, que condicionam a qualidade das estruturas neurais de cada indivíduo. “O que é utilizado se desenvolve. O que não é utilizado, desaparece”, destacou.

Daí a importância de metodologias de ensino que utilizam como norte a prática. Nelas, o objetivo é sempre concretizar a aplicação do aprendizado por meio de situações, problemas, projetos e casos. Além disso, o conhecimento se relaciona com o agrupamento de ideias em esquemas e modelos – que se revelam úteis para a sistematização de conhecimento.

Em meio ao apontamento de caminhos para uma nova era da educação, Gómez não deixou de falar nas barreiras insistem em travar esse desenvolvimento. A principal delas seria o inconsciente, capaz de influenciar 90% das ações humanas – o que leva ao conceito de automatismo.

Entram aqui, por exemplo, hábitos, atitudes, emoções e crenças, fatores determinantes no processo de aprendizagem. “Temos que desaprender todos os automatismos, pois o que funcionava antes já não funciona mais.”

O autor de Educação na Era Digital: A Escola Educativa sugeriu, ainda, que os próprios professores passem por reciclagens. “Inconscientemente ensinamos o que somos. Por isso, temos que nos reconstruir”, afirmou. “Somos filhos de outra cultura pedagógica, que já não nos serve.”

Leia mais: A influência das emoções (e da confiança) na aprendizagem

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