Como usar a tecnologia para beneficiar o aprendizado dos alunos? A questão esteve no centro das discussões do 26º Fórum Nacional do Ensino Superior Particular (FNESP), realizado entre 18 e 19 de setembro no Centro de Convenções Anhembi, em São Paulo.
Com oferecimento do Semesp, entidade que representa mantenedoras de ensino superior do Brasil, o evento reuniu mais de 1.500 educadores e gestores de instituições privadas e públicas. O foco do encontro foi a reformulação do EaD e as perspectivas para o próximo Plano Nacional de Educação (PNE).
Entre palestras e debates, especialistas nacionais e internacionais exploraram como a inovação pode transformar a educação. François Staring, da OCDE, e Francesc Pedró, da IESALC/Unesco, discutiram as perspectivas globais sobre a educação digital, enquanto John O’Brien, da Educause, e Pedro Miguel Ruiz Martinez, da Universidade de Murcia, apresentaram estratégias para inovar além da sala de aula.
A programação paralela, composta por salas simultâneas sobre tecnologia educacional, marketing e soluções financeiras, consagrou-se como um ponto alto da convenção. Rodrigo Severo, diretor da Plataforma A, apresentou o case de sucesso da Pós PUCPR Digital, mostrando como a instituição reduziu a evasão em 60% num único semestre. Outras sessões contemplaram temas como Big Data, plataformas adaptativas e transformação digital.
Saiba mais sobre a presença da Plataforma A:
Primeiro dia
Acompanhe os destaques do dia 18, quando ocorreu a abertura de mais uma edição do maior evento de educação superior da América Latina:
Abrindo os trabalhos
A presidente do Semesp, Lúcia Teixeira, deu início à plenária do 26º Fórum Nacional do Ensino Superior Brasileiro (FNESP) com um forte discurso sobre a necessidade de uma educação “híbrida, multicanal e multimodal”. Doutora e mestre em Psicologia da Educação, ela destacou a importância de integrar ensino presencial, virtual e online, utilizando diversas mídias e formatos para melhorar a experiência educacional.
“Temos uma visão muito restrita do que é a educação digital. Ela não se resume à educação a distância e ao ensino online. A educação digital deve democratizar o acesso ao conhecimento, equilibrando tecnologia e conexão humana para uma formação integral”, afirmou Teixeira.
A educadora defendeu a integração de tecnologias no ensino e aprendizagem e propôs a adoção de boas práticas. “Devemos explorar ambientes virtuais e realidade aumentada para práticas que seriam difíceis de realizar no mundo físico. É essencial também integrar dados para personalizar o apoio educacional e ajustar o ensino em tempo real”, disse.
Teixeira também falou sobre a importância da aprendizagem personalizada, que utiliza algoritmos e inteligência artificial (IA) para adaptar o conteúdo às necessidades individuais dos alunos e fornecer feedback imediato. Nesse sentido, recomendou a criação de uma aprendizagem colaborativa, onde os alunos possam trabalhar em grupo, independentemente da localização física, e a utilização da gamificação.
Em relação ao Plano Nacional de Educação (PNE), afirmou que o novo documento deve considerar os desafios do ensino digital e promover políticas públicas para ampliar o acesso à tecnologia. “É fundamental que o PNE trate das desigualdades no acesso à tecnologia e ofereça suporte para a adaptação às novas ferramentas digitais”, ressaltou.
Representando o ministro da Educação, Camilo Santana, a secretária de Regulação e Supervisão da Educação Superior do MEC, Marta Abramo, lembrou que os planos têm sido fundamentais desde 2001. Ao mesmo tempo, observou que, “por vezes, esses planos são deixados de lado, como aconteceu infelizmente nos últimos anos”. Segundo a Campanha Nacional pelo Direito à Educação, que disponibilizou um balanço das metas do PNE 2014–2024, 90% delas não foram cumpridas, 13% estão em retrocesso, 35% têm lacunas de dados e 10% foram parcialmente não cumpridas.
Entre os convidados, André Lemos, presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE), frisou a importância de políticas públicas desde a educação básica até o ensino superior. Manuel Palácios, presidente do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), falou sobre a importância de fornecer informações confiáveis para o setor educacional, enquanto Adilson Santana Carvalho, coordenador geral de Políticas de Educação Superior do MEC, focou na inclusão da população no ensino superior e na necessidade de avançar nas metas do PNE.
O que esperar do ensino superior
Iniciado às 10h, o painel Foco no futuro: perspectivas para o Plano Nacional da Educação da próxima década do 26º FNESP contou com as participações da professora Marta Abramo, secretária da SERES, Manuel Palacios, presidente do INEP, e foi moderado por Antônio Gois, colunista de educação do jornal O Globo.
Gois questionou os palestrantes sobre a falta de enfoque digital no novo PNE. Marta Abramo destacou que, apesar dos desafios, o PNE é crucial para definir políticas públicas e deve abranger desde a educação infantil até o ensino superior. “O PNE orienta todas as políticas públicas e é essencial ter um plano articulado com metas claras,” afirmou Abramo. Em seguida, ressaltou que “a qualidade da educação não é definida pela modalidade” e que o novo plano deve integrar expansão, inclusão e qualidade.
De forma semelhante, Manuel Palácios detalhou os desafios do novo PNE para a educação superior, com foco em alcançar 40% de escolarização líquida entre jovens de 18 a 24 anos e garantir padrões nacionais de qualidade. O presidente do Inep criticou a baixa taxa de conclusão do ensino superior e destacou a necessidade de currículos mais alinhados às necessidades dos estudantes. “A questão da qualidade precisa ser discutida para entender a ineficiência,” observou.
Ele também abordou a eficácia da educação superior em relação ao mercado de trabalho e mencionou a nova avaliação do Enade, que incluirá a formação prática de docentes a partir deste ano.
O painel encerrou com as considerações sobre a expansão da educação a distância. Abramo indicou que houve uma expansão desordenada e destacou a importância de uma regulação clara. “Estamos trabalhando em um glossário comum para entender e regular a educação a distância,” afirmou, ressaltando que o MEC está avaliando as contribuições do setor para aprimorar a regulação.
Planejar de novo
Após um painel sobre os rumos do novo Plano Nacional de Educação (PNE), o primeiro dia do 26º FNESP trouxe uma análise crítica do documento atual. Joaquim José Soares Neto, presidente da ABAVE, iniciou o debate observando que o objetivo era não apenas olhar para o passado, mas também apontar direções para o próximo PNE. “O novo documento precisa garantir a formação de professores com qualidade, uma questão estratégica para o desenvolvimento do País”, destacou.
Henrique Sartori, da Câmara de Educação Superior do CNE, questionou as limitações das discussões sobre o PNE, observando que elas raramente envolvem aqueles que serão impactados. O dirigente também apontou que o sistema de ensino superior deve incluir tanto os brasileiros fora da escola quanto a população idosa, destacando duas grandes oportunidades perdidas pelas instituições. Ao concluir, mencionou a necessidade de pensar na qualidade do ensino a distância e na formação de professores, enfatizando que “o setor privado tem formado a maioria dos docentes, mas o estado ainda mantém uma postura crítica e restritiva em relação à educação a distância.”
Claudia Bandeira, da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, reforçou que o PNE não é apenas um plano de governo, mas sim um documento de interesse público. Ela apresentou um balanço das metas do PNE, mostrando que muitas não foram cumpridas, além de algumas estarem em retrocesso. Renato Pedrosa, da CONAES, complementou essa análise destacando as desigualdades regionais, de sexo e raciais presentes nos dados educacionais. Ele apontou, por exemplo, o crescimento da presença de estudantes acima dos 25 anos no ensino superior, o que sugere um afastamento da faixa etária tradicional universitária.
Por fim, Luiz Roberto Liza Curti, titular da Cátedra Paschoal Senise da USP, criticou o foco excessivo nas estatísticas de matrículas, questionando o valor dessas métricas diante das altas taxas de evasão. Educador paulista com projeção nacional, o conselheiro e ex-presidente do CNE concluiu: “O PNE deve ser um instrumento de desenvolvimento, não apenas um mecanismo para medir números.”
Participação internacional
O painel Vamos resolver esse Bug: educação digital não é sinônimo de on-line, IA e algoritmos, realizado na quarta-feira (18), contou com François Staring, analista de Políticas de Educação Superior da OCDE, Francesc Pedró, diretor da IESALC/UNESCO, e José Escamilla, diretor associado do Instituto para o Futuro da Educação e TecMonterrey. A coordenação foi de José Mata Temoltzin, reitor da Universidade Anáhuac, Puebla e membro da Realcup.
Temoltzin destacou a rápida evolução da transformação digital nos últimos 15 anos e questionou os palestrantes sobre como “navegar nessa onda” de novas tecnologias e desafios.
François Staring enfatizou a necessidade do apoio governamental para que a transformação digital seja equitativa e de qualidade. “É crucial que os governos ajudem as instituições de ensino superior a inovar e garantir qualidade. O relatório da OCDE de 2018 orienta a melhorar a educação por meio de colaboração e ferramentas digitais,” afirmou Staring. Ele também mencionou o crescimento contínuo do ensino digital e a importância das microcredenciais.
Staring alertou sobre a baixa taxa de conclusão no Brasil e propôs usar a digitalização para melhorar a qualidade, conectar instituições, professores e alunos ao mercado de trabalho, e implementar uma governança eficaz.
O analista afirmou que a transformação digital exige mudanças nos processos educacionais e na cultura institucional. “Não podemos deixar os mais vulneráveis para trás. A transformação digital pode democratizar o ensino superior, mas é preciso garantir acesso e mudança cultural,” disse.
Perto do encerramento do painel, José Escamilla detalhou o modelo de educação digital do Tecnológico Monterrey, que inclui uma plataforma colaborativa e um instituto para o futuro da educação. “Nosso modelo foca em inovação, habilidades, e ensino baseado em competências,” explicou. Também destacou a importância da flexibilidade, experiências de aprendizagem imersivas, e o uso de IA para personalização da educação, além da necessidade de avaliar competências e priorizar equidade e privacidade.
Aliada do ensino
Um painel muito aguardado pelo público no primeiro dia do 26º FNESP trouxe à tona um debate crucial: a IA como ferramenta de engajamento na educação, ao invés de uma ameaça. Jean-Marc Lafay, pró-reitor da UTFPR e coordenador do painel, iniciou as discussões afirmando que “nossa identidade e impressão digital fazem uma grande diferença quando estamos a serviço da educação”. Ele sublinhou que, embora a IA seja uma aliada valiosa, não pode substituir a conexão humana essencial para o desenvolvimento educacional.
Ana Valéria Sampaio de Almeida Reis, integrante do Grupo de IA criado pelo Semesp, o Consórcio STHEM e o Metared TicBrasil, salientou a necessidade de empoderar os docentes com um entendimento mais claro das tecnologias. “Muitos professores ainda não se sentem seguros com conceitos como educação digital e transformação digital”, observou. A especialista alertou para o desafio geracional e a urgência de capacitação das IES para apoiar professores no uso efetivo da IA.
A batalha entre gerações é evidente, com estudantes de hoje interagindo com a tecnologia de maneiras novas. “Os professores precisam se sentir capacitados para lidar com esses jovens”, afirmou. Embora a exposição à tecnologia seja comum, no entanto, isso não garante que os alunos a dominem. Assim, para ela, as instituições de ensino superior devem preparar os docentes para compreender o papel das tecnologias na aprendizagem.
Paula Dal Bó Campagnolo, diretora de Graduação da Unisinos, abordou como sua instituição lida com a IA: “Quando um novo assunto surge, nosso primeiro passo é acolher e depois experimentar.” Professora do Curso de Nutrição e do Mestrado Profissional em Nutrição e Alimentos, Campagnolo garantiu que a Unisinos enxerga a tecnologia como um complemento — e não um substituto. Segundo ela, apesar dos avanços tecnológicos, a IA não pode substituir a solidariedade e a capacidade de resposta a situações imprevistas, como as enchentes no Rio Grande do Sul, que afetaram a comunidade local.
O futuro da transformação digital
O último painel do primeiro dia do 26º FNESP, coordenado por Celso Niskier, presidente da ABMES e membro do CNE, abordou a transformação digital nas instituições de ensino superior. O objetivo foi explorar os desafios e as perspectivas para a adoção eficaz de novas tecnologias.
John O’Brien, CEO da Educause, revelou que a pandemia não apenas acelerou a transformação digital, mas também deixou um marco duradouro: 80% das instituições norte-americanas querem preservar as inovações que surgiram durante a crise. Presidente de uma associação sem fins lucrativos cuja missão é promover o ensino superior através do uso da tecnologia da informação, O’Brien descreveu a transformação digital como uma jornada contínua. Ele enfatizou a importância da governança de dados, da infraestrutura robusta e das políticas de segurança cibernética. Além disso, destacou a necessidade de uma liderança institucional forte para guiar essa transformação e o papel da IA como facilitadora, não substituta, dos instrutores.
O palestrante lembrou que, em 2019, apenas 12% dos líderes acadêmicos estavam envolvidos com essas novas tecnologias e que, em 2024, 87% deles as consideram com um ativo estratégico: “É uma mudança de mentalidade que mudará profundamente o ensino superior nos próximos dois a cinco anos”, disse O’Brien. Mas para isso, segundo afirmou, “é importante que a figura da instituição de ensino superior encarregada da transformação digital se reporte diretamente ao reitor ou ao presidente da IES”.
Na sequência, Pedro Miguel Ruiz Martinez, vice-reitor da Universidade de Múrcia, compartilhou a experiência da instituição na transformação digital, que durou sete anos. Ele destacou a importância de uma visão compartilhada e de uma estratégia digital centrada na experiência do aluno. Martinez também falou sobre a criação de um ecossistema híbrido, com ferramentas adaptadas às necessidades dos alunos e a construção de aplicativos em colaboração com eles. A gestão de dados e o uso de IA foram fundamentais para o sucesso da transformação digital na universidade. Ele previu que a próxima década trará grandes mudanças para as IES.
Segundo dia
Discussões sobre estratégias digitais para melhorar o EaD abriram o segundo dia do 26º FNESP. Saiba o que aconteceu a partir da metade do evento:
Quando a estratégia não é comida por ninguém
O painel Use o digital e abuse nas estratégias: revolucionando processos para além da sala de aula”marcou o início do segundo dia do 26º FNESP, na quinta-feira, 19. Coordenado por Rogério Massaro, diretor Acadêmico do Centro Universitário FAAP, o painel contou com a participação de Pankaj Mittal, secretária Geral da Associação das Universidades Indianas; Susan D’Agostino, jornalista de Ensino Superior e Ciências; e Luciana Maia Campos Machado, superintendente Acadêmica da FIPECAFI.
O debate focou na qualidade da educação a distância (EAD) e na transformação do EAD em uma modalidade mais engajadora. Pankaj Mittal, participando remotamente da Índia, ofereceu um panorama do sistema educacional do país, que possui 12 mil universidades e mais de 50 mil faculdades, atendendo cerca de 40 milhões de alunos.
Mittal destacou que a Índia, com sua vasta população, adaptou rapidamente a tecnologia educacional após a pandemia de 2020. “Antes da pandemia, a tecnologia na educação não era amplamente utilizada, mas tivemos que acelerar sua adoção para garantir aulas online eficazes. Criamos uma plataforma própria de aprendizado e treinamos professores para desenvolver conteúdo engajador”, explicou. Ela também mencionou os avanços no uso de inteligência artificial (IA) para personalizar o aprendizado e a flexibilidade em integrar cursos online com programas presenciais tradicionais.
Susan D’Agostino trouxe à tona a questão dos preconceitos sobre a modalidade EAD. “Devemos focar nos problemas que nossos alunos querem resolver e como as instituições podem ajudar, em vez de discutir qual modalidade é superior”, afirmou. D’Agostino contou um caso da Califórnia, onde uma instituição proibiu o EAD, e alertou para a necessidade de questionar preconceitos e buscar evidências sobre a eficácia do ensino remoto.
A jornalista também derrubou cinco mitos sobre o ensino a distância: a percepção de que diplomas online são inferiores, a importância da presencialidade para o aprendizado, a ideia de que experiências educacionais significativas só ocorrem no campus, a crença de que estudantes não recebem suporte em programas online e a noção de que todo ensino online é equivalente ao remoto emergencial da pandemia. Por fim, destacou que o mercado de trabalho e a educação estão evoluindo para oferecer flexibilidade e que a tecnologia pode, de fato, aumentar a equidade e a inclusão.
Diretrizes para prosperar
Finalizando o painel, o documento Dimensões da qualidade para cursos de EaD, apresentado pelo Semesp, definiu novos indicadores para garantir a excelência na educação a distância, abordando desde a qualidade do conteúdo até a eficácia das plataformas tecnológicas.
Luciana Maia Campos Machado, superintendente acadêmica da FIPECAFI, explicou que o Grupo de Trabalho criado para elaborar a proposta analisou os fatores que afetam o rendimento dos estudantes no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade). A análise usou os microdados do Enade 2022 e do Censo da Educação Superior. O grupo também examinou instituições de ensino superior bem-sucedidas com diferentes características e estratégias. “A qualidade da educação não é definida pela modalidade. Isso deve estar claro na discussão do novo marco regulatório para o EaD”, afirmou.
Encaminhado à Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior (Seres) do MEC, o documento visa contribuir para a formulação de um novo arcabouço legal, que está em discussão no Ministério da Educação (MEC). Até 31 de dezembro de 2024, a pasta deve estabelecer novos referenciais de qualidade para o modelo. Em junho, o ministério suspendeu a criação de cursos EaD.
Novo modelo em cena
Durante o 26º FNESP, na quinta-feira (19), a Rede de Autoavaliação do Semesp apresentou um sistema de autoavaliação institucional que está sendo adotado no Brasil inteiro. O novo modelo, que abrange instituições de diferentes portes e localizações, foi detalhado por Siomara Brandião Basto, presidente da CPA do Centro Universitário FAESA, e Paulo Sergio Macuchen Nogas, diretor de regulação e avaliação da PUC-PR.
Siomara Brandião Basto destacou a evolução do projeto, que começou em 2021 com uma discussão entre quatro reitores sobre políticas públicas e cresceu para envolver 49 instituições. “A construção foi consensual, utilizando referenciais nacionais e dividindo os instrumentos de avaliação em áreas específicas, como desenvolvimento institucional e gestão de recursos”, explicou Basto.
Paulo Sergio Macuchen Nogas complementou que o modelo resultou em uma cesta de 24 indicadores, não formando um ranking, mas um “radar” para monitorar o status das instituições. “As IES devem se autocomprometer e se desafiar a curto, médio e longo prazos”, afirmou. Os ciclos de autoavaliação iniciados em 2023 mostraram evolução e retrocessos, refletindo o processo contínuo de desenvolvimento institucional.
O projeto passou por avaliações de especialistas internacionais, incluindo Cláudia Griboski (Brasil), Margarida Mano (Portugal), Ariana de Vincenzi (Argentina) e Bernardo González (México). Basto e Nogas também destacaram a realização de uma autoavaliação colaborativa com seis instituições: UniDomBosco, PUC-PR, Cesupa, FAESA, FHO e FADISP.
Nogas ressaltou que o processo de avaliação trouxe novos olhares e feedbacks construtivos, promovendo uma troca de experiências entre avaliadores e avaliados. “Houve receptividade e comprometimento das IES, e o resultado foi colaborativo”, concluiu.
O modelo já foi apresentado em diversas plataformas, incluindo CNE, MEC, INEP, Conaes, Bett Educar e SINAES, reforçando seu impacto e relevância no cenário educacional.
Hackeando o amanhã
O 7º HackLab FNESP desafiou um grupo de 30 universitários a idealizar e apresentar uma solução inédita a fim de desatar os nós da educação superior. Ao longo de três dias, os participantes passaram por um treinamento intensivo e tiveram acesso a mentoria especializada. As ideias foram avaliadas por uma banca de jurados na manhã desta quinta-feira, 19 de setembro.
A proposta vencedora da equipe IEDA (sigla para Inteligência Educacional Adaptativa) utilizou IA para ajudar as instituições a reduzir a evasão estudantil, um problema frequente devido à dificuldade de monitoramento do progresso educacional. O projeto premiado, que recebeu um montante de 10 mil reais da Crátilo Educacional, avalia as potencialidades e dificuldades dos alunos, define o perfil da turma e sugere estratégias de ensino. Cada estudante também recebe orientações personalizadas para cumprir o programa pedagógico.
Grand finale
O 26º FNESP foi encerrado com uma reflexão inspiradora de Gabriela Prioli nesta quinta-feira, 19. O evento, realizado no Centro de Convenções Anhembi em São Paulo, reuniu mais de 1.500 participantes de 232 instituições de ensino superior de 21 estados brasileiros.
Gabriela Prioli, advogada, professora e apresentadora, destacou a importância das conexões humanas na educação, especialmente em uma era dominada pelas tecnologias. Ela compartilhou sua jornada pessoal, mencionando a influência de professores em sua vida e sua paixão por ensinar e compartilhar conhecimento. “Sempre fui apegada aos meus professores e fascinada por ver os alunos fazendo conexões que eu não imaginei”, confessou.
Em dado momento, Prioli abordou a aceleração das mudanças causadas pela tecnologia e como elas desafiam nossa capacidade de adaptação. “O mundo sempre mudou, mas a tecnologia intensifica essa velocidade, o que pode causar uma sensação de vertigem”, explicou. Também refletiu sobre o impacto dos celulares e das redes sociais. “A tecnologia tem o potencial de afetar negativamente nossas interações e nossa capacidade de entender o outro”, alertou.
Como solução para o problema, Prioli defende uma comunicação mais horizontal. Na sua análise, a pluralidade de pontos de vista é essencial para manter um ambiente saudável e construtivo: “Precisamos viver com o contraponto para aprimorar nossos julgamentos e não rejeitar aquilo que nos desafia.”
Segundo a comunicadora, apesar dos avanços tecnológicos, o valor humano continua sendo essencial. “A tecnologia é uma ferramenta, mas nós temos mais valor do que a máquina. Devemos aprender a usá-la para irmos mais longe, mantendo nosso valor intrínseco”, finalizou, deixando uma mensagem otimista em relação ao futuro.
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