Quando falamos em gestão, diferentes indicadores são utilizados para mensurar e controlar os resultados das instituições de ensino superior (IES). Se o assunto é mensalidade, o principal parâmetro é o ticket médio, que mostra quanto um aluno gera de receita para a instituição a cada mês.
A variação do ticket médio indica se os cursos oferecidos pela IES estão ganhando ou perdendo valor. Dessa forma, é possível ter evidências realistas para saber se o serviço é bem cotado no mercado e criar estratégias para valorizá-lo.
Hoje vamos traçar um panorama do ticket médio no ensino superior no Brasil e suas perspectivas para 2023. Confira!
Os preços despencaram
O Educa Metrics – painel de monitoramento de dados da Educa Insights – mostrou que em 2022 o ticket médio no ensino superior no Brasil está em R$ 478,00. Esse valor é o menor já registrado pela plataforma.
Quando se coloca sob o aspecto da modalidade, o preço mais baixo é o da educação a distância (EaD), com R$178,00. O valor representa menos de um quarto (24,42%) da média paga aos cursos presenciais, que gira em torno de R$ 733,00.
Além dos indicadores, o cenário geral se tornou desafiador para o ensino superior como um todo, em razão da pandemia, que afetou setores financeiros de diversas IES pelo mundo. As instituições se viram em um impasse entre flexibilizar as mensalidades e gerar receita.
“Independente do segmento, uma das consequências mais desafiadoras para o gestor foi a ‘pressão’ pela redução do ticket médio das mensalidades e a alteração no perfil dos gastos (custos e despesas) da operação. E, em alguns casos, um aumento significativo nos investimentos em tecnologia”, explica ao Desafios da Educação o consultor da Plataforma A, Fernando Souza.
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EaD, a catalisadora das mudanças
A EaD é um agente de mudança nas estruturas do ensino superior que também influencia no ticket médio do setor. Com o ensino a distância avançando cada vez mais, o presencial perdeu força nos últimos anos, como mostrou o Censo da Educação Superior de 2021.
Com uma maior gama de cursos EaD, as IES conseguem disponibilizar aos ingressantes mensalidades mais acessíveis, devido ao baixo investimento em infraestrutura, se comparado ao presencial.
Para a gerente acadêmica e de conteúdo EaD da Plataforma A, Daiana Rocha, a modalidade tem suas especificidades, que devem ser levadas em consideração pelas IES.
“Uma educação de qualidade na modalidade EaD deve levar em consideração aspectos diversos, que incluem uma boa acolhida aos alunos e a apresentação da sua jornada de estudos. Esta segunda se dá por meio de uma metodologia modelada para a sua realidade e alinhada com as características e aos valores institucionais”, ressalta Daiana.
O que esperar para 2023?
Além dessas mudanças, as IES precisam equilibrar os valores das mensalidades, a fim de captar alunos e mantê-los nos cursos, sem perder o investimento na qualidade do ensino, infraestrutura e recursos tecnológicos.
Segundo levantamento feito pelo jornal Valor Econômico, os grupos educacionais enfrentam dificuldades para reajustar os preços, inclusive na educação a distância.
“No segmento de cursos on-line, que vem sendo a alavanca de expansão do setor com a redução do presencial, os grupos educacionais hoje vivem o dilema de manter o valor da mensalidade e perder calouros ou baixar o preço e atrair mais alunos que, por sua vez, nem sempre continuam no curso quando acaba o período de descontos”, aponta a publicação.
“Encontrar esse ponto de equilíbrio é o desafio para as companhias de educação. A maioria preferiu segurar o preço olhando a possibilidade de retomada do setor com uma base de mensalidade menos depreciada”, disse ao Valor Econômico o analista do Citi, Leandro Bastos.
A questão envolve uma série de outros fatores que vão bem além do setor educacional. O aumento da inflação, que corrói o poder de compra e deve ficar em torno de 5,76% este ano, e do endividamento, que atinge atinge 78,9% das famílias brasileiras, impacta diretamente no valor disponível para o investimento na educação superior, por exemplo.
O Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies), que deve voltar a ter relevância a partir de 2023, pode ser uma forma de amenizar o problema. Apesar dessa expectativa, o programa é visto com cautela, já que o orçamento federal para o próximo ano já está bastante comprometido.
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