Enamed: saiba tudo sobre o exame que avalia a formação médica no Brasil

19 de setembro de 2025

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    A formação em Medicina sempre esteve no centro do debate sobre a qualidade da educação superior brasileira. Nos últimos anos, a expansão acelerada de vagas e cursos trouxe novas oportunidades, mas também trouxe um questionamento: como garantir que os futuros médicos saiam das universidades preparados para atender às necessidades do País, em especial as do Sistema Único de Saúde (SUS)?


    A partir de 2025, o Ministério da Educação (MEC) espera dar um passo importante nesse sentido, por meio do Exame Nacional de Avaliação da Formação Médica (Enamed).


    No artigo a seguir, o portal Desafios da Educação  explica tudo sobre o novo processo avaliativo e reúne orientações e boas práticas para que os gestores das instituições de ensino superior (IES) saibam como preparar seus cursos de Medicina para o exame.


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    O que é o Enamed

    Conduzido pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) em colaboração com a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), o Enamed unificará duas provas bem conhecidas: o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) e a prova objetiva de acesso direto do Exame Nacional de Residência (Enare).


    A ideia do Inep é fazer do Enamed uma ferramenta que avalia a qualidade da formação médica, subsidiando decisões sobre políticas públicas e, ao mesmo tempo, servindo como porta de entrada para programas de residência.


    Para o Conselho Federal de Medicina (CFM), na prática, o Enamed não muda muito do que já existe. “De repercussão para cursos de Medicina, para fechamento de escolas e aprimoramento de escolas, neste momento não vemos nenhuma diretiva que altere de alguma forma os cursos. O MEC só vai saber, por meio do exame do aluno, o que o curso está oferecendo em termos de aprendizado”, afirma o médico Alcindo Cerci, coordenador da Comissão de Ensino Médico do CFM.

     

    O conselheiro defende que as escolas médicas devem oferecer um curso de Medicina de excelência, com campos de estágio adequados, que preze pela educação médica de maneira formal e verifique se o aluno está aprendendo — não apenas a parte teórica, mas também habilidades, atitudes e comunicação. “É o que a faculdade pode fazer e talvez isso reflita no Enamed. No entanto, vale lembrar que o exame permanece uma prova teórica”, completa.


    Como será o Enamed

    O Enamed será aplicado no dia 19 de outubro, em cerca de 225 municípios brasileiros. A edição de 2025 recebeu   mais de 105 mil inscrições, sendo 96,6 mil confirmadas.


    O público-alvo é formado por:


    ●    Estudantes de Medicina inscritos no Enade, que indicam seu interesse em utilizar a nota da prova no processo seletivo do Enare;

    ●    Profissionais graduados que desejam participar do processo seletivo de programas de residência médica de acesso direto do Enare.

     


    O exame terá 100 questões objetivas de múltipla escolha, distribuídas em áreas estratégicas:


    ●    Clínica Médica;

    ●    Cirurgia;

    ●    Ginecologia e Obstetrícia;

    ●    Pediatria;

    ●    Medicina de Família e Comunidade;

    ●    Saúde Coletiva;

    ●    Saúde Mental.


    Além da prova, haverá questionários contextuais e de percepção, que ajudarão a traçar o perfil dos estudantes e identificar como eles avaliam o próprio processo formativo. Essa combinação dará ao MEC e às IES uma visão mais ampla sobre os pontos fortes e as lacunas na formação.

    Objetivos do Enamed

    Conforme o Inep, o novo exame tem cinco objetivos:

    

    1. Avaliação da formação médica: verificar se os estudantes concluintes dos cursos de Medicina adquiriram as competências e habilidades exigidas pelas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs).
    2. Apoio à melhoria dos cursos: fornecer insumos para o aprimoramento das graduações em Medicina, contribuindo para a qualidade da educação médica no país.
    3. Aprimoramento da seleção para a residência médica: unificar a avaliação do Enade e prova objetiva do Enare, otimizando o acesso à residência médica.
    4. Fortalecimento do SUS: garantir que os futuros médicos estejam preparados para atuar de maneira qualificada no Sistema Único de Saúde.
    5. Unificação e transparência: criar um modelo padronizado de avaliação, democratizando o ingresso nos programas de residência médica de acesso direto.


    Enamed, Enade e Enare: o que muda com o novo exame?

    O Enade é conhecido por avaliar os cursos de graduação em diferentes áreas. No caso da Medicina, sua aplicação vinha sendo criticada por não ter impacto direto na trajetória profissional dos estudantes, o que reduzia o engajamento.


    Já o Enare, criado em 2020, trouxe mais padronização ao acesso às residências médicas, mas ainda coexistia com uma multiplicidade de processos seletivos regionais.


    De acordo com o Inep, o Enamed surge como uma síntese desses instrumentos. Para os estudantes, ele terá peso real: quem quiser disputar uma vaga de residência poderá usar a nota, válida por três anos. Para as IES, o desempenho dos alunos será indicador de qualidade, com consequências regulatórias.

    Qual é o impacto esperado do Enamed nas IES?

    A adoção do Enamed é um convite (na verdade, uma exigência) para que as escolas médicas revisem profundamente suas práticas acadêmicas. Para isso, o exame se concentra nos seguintes pontos:


    ●    Currículo -  As IES terão de garantir maior integração entre teoria e prática, com valorização das disciplinas ligadas ao SUS, à Medicina de Família e à Saúde Coletiva.


    Infraestrutura -  O exame deve estimular investimentos em laboratórios de simulação, bibliotecas digitais, hospitais universitários e parcerias com a rede básica de saúde.


    Docentes -  Os professores precisarão atualizar constantemente metodologias e alinhá-las às DCNs. Para isso, capacitações em metodologias ativas, como Problem Based Learning (PBL), tornam-se estratégicas.


    ●    Regulação -  Cursos com desempenho insatisfatório poderão enfrentar redução de vagas, bloqueio de acesso a programas federais como Fies e Prouni e, em último caso, suspensão de funcionamento.
     

    Para que servirão os resultados do Enamed?

     

    Os resultados do Enamed serão divulgados em dezembro de 2025 e vão subsidiar ações de regulação e supervisão da qualidade, financiamento e indução dos cursos. A participação no exame é obrigatória para os concluintes da graduação em Medicina (6º ano) inscritos no Enade e é componente curricular dos cursos de graduação. 

     

    A partir de 2026, o exame será aplicado anualmente para o 4º e o 6º ano (pré-internato), para acompanhamento sistemático da formação médica. Segundo o Inep, a prova antes do internato permitirá correções, além de garantir mais qualidade na formação e segurança para a população.

     

    A nota dos estudantes do 4º ano no Enamed valerá 20% da nota do Enare. Resultados insatisfatórios poderão acarretar medidas de supervisão estratégica dos cursos.

     

    Todas as graduações com desempenho abaixo do esperado no Enamed 2025 (faixas 1 e 2 do indicador — que vai de 1 a 5) entrarão em supervisão. Nesses casos, as IES serão convocadas a prestar esclarecimentos e estarão submetidas às seguintes medidas cautelares:

     

    ●    Impedimento de ampliação de vagas;

    ●    Suspensão de novos contratos do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies);

    ●    Suspensão da participação do curso no Programa Universidade para Todos (Prouni);

    ●    Suspensão da participação do curso em outros programas federais de acesso ao ensino superior;

    ●    Redução de vagas para ingresso (cursos nota 2);

    ●    Suspensão de ingresso de novos estudantes (cursos nota 1).

     

    Como preparar seu curso de Medicina para o Enamed

    Mais do que se preocupar com o resultado da primeira edição, as IES precisam construir uma estratégia de médio e longo prazo para alinhar a formação médica ao perfil exigido pelo novo exame. Confira, a seguir, um checklist com pontos de atenção, boas práticas de avaliação formativa e ferramentas de apoio.

    Pontos de atenção na preparação para o Enamed


    ●    Infraestrutura: laboratórios modernos de habilidades clínicas, bibliotecas digitais atualizadas e hospitais de ensino com cenários diversificados de prática.

    ●    Metodologias ativas: incorporação de PBL, TBL (Team Based Learning) e simulação realística para aproximar teoria e prática.

    ●    Integração entre teoria e prática: internato conectado à rede SUS, estágios supervisionados e atividades multiprofissionais.

    ●    Laboratórios virtuais e recursos digitais: plataformas de realidade aumentada, simuladores online e acesso remoto a bases de dados médicas.


    Práticas de avaliação formativa


    ●    Realização de simulados periódicos com base no Enare — que, assim como o Enamed, será aplicado pela Fundação Getulio Vargas (FGV);

    ●    Uso de avaliações diagnósticas e somativas para acompanhar o progresso do estudante;

    ●    Feedback contínuo que permita ajustes antes da prova oficial.

    

    Ferramentas de apoio


    ●    Bancos de questões digitais modelados na matriz de referência do Inep;

    ●    Plataformas adaptativas que identificam pontos de dificuldade individuais;

    ●    Recursos de realidade aumentada e simulações online para prática remota ou complementar;

    ●    Oficinas de estudo e grupos de discussão mediados por docentes.

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