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A formação em Medicina sempre esteve no centro do debate sobre a qualidade da educação superior brasileira. Nos últimos anos, a expansão acelerada de vagas e cursos trouxe novas oportunidades, mas também trouxe um questionamento: como garantir que os futuros médicos saiam das universidades preparados para atender às necessidades do País, em especial as do Sistema Único de Saúde (SUS)?
A partir de 2025, o Ministério da Educação (MEC) espera dar um passo importante nesse sentido, por meio do Exame Nacional de Avaliação da Formação Médica (Enamed).
No artigo a seguir, o portal Desafios da Educação explica tudo sobre o novo processo avaliativo e reúne orientações e boas práticas para que os gestores das instituições de ensino superior (IES) saibam como preparar seus cursos de Medicina para o exame.
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Conduzido pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) em colaboração com a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), o Enamed unificará duas provas bem conhecidas: o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) e a prova objetiva de acesso direto do Exame Nacional de Residência (Enare).
A ideia do Inep é fazer do Enamed uma ferramenta que avalia a qualidade da formação médica, subsidiando decisões sobre políticas públicas e, ao mesmo tempo, servindo como porta de entrada para programas de residência.
Para o Conselho Federal de Medicina (CFM), na prática, o Enamed não muda muito do que já existe. “De repercussão para cursos de Medicina, para fechamento de escolas e aprimoramento de escolas, neste momento não vemos nenhuma diretiva que altere de alguma forma os cursos. O MEC só vai saber, por meio do exame do aluno, o que o curso está oferecendo em termos de aprendizado”, afirma o médico Alcindo Cerci, coordenador da Comissão de Ensino Médico do CFM.
O conselheiro defende que as escolas médicas devem oferecer um curso de Medicina de excelência, com campos de estágio adequados, que preze pela educação médica de maneira formal e verifique se o aluno está aprendendo — não apenas a parte teórica, mas também habilidades, atitudes e comunicação. “É o que a faculdade pode fazer e talvez isso reflita no Enamed. No entanto, vale lembrar que o exame permanece uma prova teórica”, completa.
O Enamed será aplicado no dia 19 de outubro, em cerca de 225 municípios brasileiros. A edição de 2025 recebeu mais de 105 mil inscrições, sendo 96,6 mil confirmadas.
O público-alvo é formado por:
● Estudantes de Medicina inscritos no Enade, que indicam seu interesse em utilizar a nota da prova no processo seletivo do Enare;
● Profissionais graduados que desejam participar do processo seletivo de programas de residência médica de acesso direto do Enare.
O exame terá 100 questões objetivas de múltipla escolha, distribuídas em áreas estratégicas:
● Clínica Médica;
● Cirurgia;
● Ginecologia e Obstetrícia;
● Pediatria;
● Medicina de Família e Comunidade;
● Saúde Coletiva;
● Saúde Mental.
Além da prova, haverá questionários contextuais e de percepção, que ajudarão a traçar o perfil dos estudantes e identificar como eles avaliam o próprio processo formativo. Essa combinação dará ao MEC e às IES uma visão mais ampla sobre os pontos fortes e as lacunas na formação.
Conforme o Inep, o novo exame tem cinco objetivos:
O Enade é conhecido por avaliar os cursos de graduação em diferentes áreas. No caso da Medicina, sua aplicação vinha sendo criticada por não ter impacto direto na trajetória profissional dos estudantes, o que reduzia o engajamento.
Já o Enare, criado em 2020, trouxe mais padronização ao acesso às residências médicas, mas ainda coexistia com uma multiplicidade de processos seletivos regionais.
De acordo com o Inep, o Enamed surge como uma síntese desses instrumentos. Para os estudantes, ele terá peso real: quem quiser disputar uma vaga de residência poderá usar a nota, válida por três anos. Para as IES, o desempenho dos alunos será indicador de qualidade, com consequências regulatórias.
A adoção do Enamed é um convite (na verdade, uma exigência) para que as escolas médicas revisem profundamente suas práticas acadêmicas. Para isso, o exame se concentra nos seguintes pontos:
● Currículo - As IES terão de garantir maior integração entre teoria e prática, com valorização das disciplinas ligadas ao SUS, à Medicina de Família e à Saúde Coletiva.
Infraestrutura - O exame deve estimular investimentos em laboratórios de simulação, bibliotecas digitais, hospitais universitários e parcerias com a rede básica de saúde.
Docentes - Os
professores precisarão atualizar constantemente metodologias e alinhá-las às DCNs. Para isso, capacitações em metodologias ativas, como Problem Based Learning (PBL), tornam-se estratégicas.
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Regulação - Cursos com desempenho insatisfatório poderão enfrentar redução de vagas, bloqueio de acesso a programas federais como Fies e Prouni e, em último caso, suspensão de funcionamento.
Os resultados do Enamed serão divulgados em dezembro de 2025 e vão subsidiar ações de regulação e supervisão da qualidade, financiamento e indução dos cursos. A participação no exame é obrigatória para os concluintes da graduação em Medicina (6º ano) inscritos no Enade e é componente curricular dos cursos de graduação.
A partir de 2026, o exame será aplicado anualmente para o 4º e o 6º ano (pré-internato), para acompanhamento sistemático da formação médica. Segundo o Inep, a prova antes do internato permitirá correções, além de garantir mais qualidade na formação e segurança para a população.
A nota dos estudantes do 4º ano no Enamed valerá 20% da nota do Enare. Resultados insatisfatórios poderão acarretar medidas de supervisão estratégica dos cursos.
Todas as graduações com desempenho abaixo do esperado no Enamed 2025 (faixas 1 e 2 do indicador — que vai de 1 a 5) entrarão em supervisão. Nesses casos, as IES serão convocadas a prestar esclarecimentos e estarão submetidas às seguintes medidas cautelares:
● Impedimento de ampliação de vagas;
● Suspensão de novos contratos do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies);
● Suspensão da participação do curso no Programa Universidade para Todos (Prouni);
● Suspensão da participação do curso em outros programas federais de acesso ao ensino superior;
● Redução de vagas para ingresso (cursos nota 2);
● Suspensão de ingresso de novos estudantes (cursos nota 1).
Mais do que se preocupar com o resultado da primeira edição, as IES precisam construir uma estratégia de médio e longo prazo para alinhar a formação médica ao perfil exigido pelo novo exame. Confira, a seguir, um checklist com pontos de atenção, boas práticas de avaliação formativa e ferramentas de apoio.
● Infraestrutura: laboratórios modernos de habilidades clínicas, bibliotecas digitais atualizadas e hospitais de ensino com cenários diversificados de prática.
● Metodologias ativas: incorporação de PBL, TBL (Team Based Learning) e simulação realística para aproximar teoria e prática.
● Integração entre teoria e prática: internato conectado à rede SUS, estágios supervisionados e atividades multiprofissionais.
● Laboratórios virtuais e recursos digitais: plataformas de realidade aumentada, simuladores online e acesso remoto a bases de dados médicas.
● Realização de simulados periódicos com base no Enare — que, assim como o Enamed, será aplicado pela Fundação Getulio Vargas (FGV);
● Uso de avaliações diagnósticas e somativas para acompanhar o progresso do estudante;
● Feedback contínuo que permita ajustes antes da prova oficial.
● Bancos de questões digitais modelados na matriz de referência do Inep;
● Plataformas adaptativas que identificam pontos de dificuldade individuais;
● Recursos de realidade aumentada e simulações online para prática remota ou complementar;
● Oficinas de estudo e grupos de discussão mediados por docentes.
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