O segundo semestre de 2021 ficou marcado pela volta gradual às aulas presenciais no ensino básico. Até outubro, segundo levantamento do portal G1, nove estados do Brasil autorizaram o retorno para todos os alunos, em todos os dias da semana.
Em novembro, o movimento se intensificou. Pelo menos mais cinco estados – São Paulo, Bahia, Mato Grosso, Piauí e Rio Grande do Sul – anunciaram a retomada da presencialidade.
A situação atual da pandemia abre perspectivas para que 2022 possa ser, finalmente, o ano de regresso massivo às escolas. Hoje, a média móvel de óbitos por Covid-19 está em tendência de queda no Brasil. Ao mesmo tempo, 61,7% da população já recebeu o esquema vacinal completo.
Mas qual é a visão dos professores sobre a volta às aulas presenciais? Para entender os desafios e perspectivas desse cenário, o Instituto Península ouviu, recentemente, cerca de 2,5 mil professores e gestores das redes de ensino municipais, estaduais e privada.
Saúde mental é o principal desafio
A pesquisa indica que a principal preocupação dos educadores é com a saúde mental. Entre os entrevistados, 57% responderam que gostariam de receber apoio psicológico e emocional.
A necessidade de cuidados fica evidente quando 55% dos professores dizem estar sobrecarregados. Sem contar que 47% afirmam estar ansiosos. Por outro lado, os que se sentem felizes e calmos são apenas, respectivamente, 6% e 7%.
“É preciso dar atenção ao que os professores estão sinalizando, pois eles estão na linha de frente para que a educação aconteça. Seja nas aulas remotas ou presenciais, são eles que conhecem as dificuldades cotidianas”, defende a diretora executiva do Instituto Península, Heloisa Morel, em entrevista ao site da entidade.
A saúde mental dos alunos também aflige os docentes. Afinal, 48% desejam receber orientação e recursos para dar suporte emocional e reforçar o engajamento dos estudantes.
Além disso, a pesquisa identificou as seguintes demandas por parte dos professores no período de volta às aulas presenciais:
- Formação continuada para o uso contínuo de recursos tecnológicos e que apoiem a aprendizagem dos alunos (47%);
- Apoio e materiais pedagógicos para a realização de avaliações diagnósticas (45%);
- Apoio para lidar com os protocolos sanitários de retorno e questões de saúde (35%).
A boa notícia, segundo o levantamento, é que 73% dos professores entrevistados estão totalmente vacinados, enquanto 26% tomaram a primeira dose da vacina. Apenas 1% não recebeu nenhuma dose.
Leia mais: O que podemos aprender com NY, que voltou 100% ao ensino presencial
Preocupações com a aprendizagem
O impacto do período de aulas remotas na aprendizagem dos alunos é outra preocupação dos professores. Para 57% dos entrevistados, o principal desafio do retorno ao ensino presencial é recuperar a aprendizagem.
Para superar a defasagem, os profissionais ouvidos pelo Instituto Península defendem, por exemplo, a adoção de medidas de acolhimento dos alunos. Inclusive, com a participação ativa das famílias.
Do ponto de vista do ensino, eles valorizam o suporte de diferentes metodologias. Segundo a pesquisa, 59% reconhecem os formatos híbridos de ensino como uma alternativa para potencializar o desenvolvimento dos alunos.
Na visão dos docentes, o ensino híbrido gera mais autonomia e estimula a criatividade nos jovens. No início de novembro, o Conselho Nacional de Educação (CNE) divulgou que está elaborando um documento favorável à permanência do ensino híbrido na educação básica após a pandemia.
“Aquela rotina escolar que tínhamos antes da pandemia, na escola e na faculdade, não volta mais como era antes. O ambiente de aprendizagem é outro, os modos de interação serão outros e as pedagogias ativas serão cada vez mais disruptivas”, afirma a presidente do CNE, Helena Guimarães de Castro ao jornal Extra.
Comments