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Quais problemas a tecnologia resolveu na educação? E quais ela criou

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Óculos de realidade virtual: adesão à tecnologia trouxe inúmeros benefícios para ensino e aprendizagem, mas também traz desafios;

Óculos de realidade virtual: adesão à tecnologia trouxe inúmeros benefícios para ensino e aprendizagem, mas também traz problemas. Crédito: Shutterstock.

Por Tony Wan*

A mesma tecnologia que gera benefícios traz uma série de preocupações. A capacidade de armazenar dados, por exemplo, levanta questões sobre privacidade, uma vez que algumas ferramentas digitais rastreiam todas as atividades dos indivíduos na internet.

Além disso, os ataques cibernéticos que amedrontam o mundo corporativo começam a aparecer em instituições de ensino. Em todos os âmbitos, as informações de alunos ou clientes devem ser protegidas.

Os usuários de dispositivos e plataformas de tecnologias para educação devem estar atentos a essas questões. Afinal, a tecnologia cria tantos problemas quanto resolve? E quais são os novos desafios ela nos impõe?

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Essas e outras perguntas foram feitas pelo site EdSurge a empresários, analistas e especialistas do setor. O objetivo: entender os altos e baixos, as vitórias e desgraças que essas ferramentas proporcionaram na última década.

Em seguida, você encontrará visões diferentes sobre como a tecnologia moldou o ensino e a aprendizagem nesse período. Quanto ao futuro, há otimismo e ceticismo com o que os próximos dez anos trarão.

Quais problemas resolvemos? E quais criamos?

Jessie Woolley-Wilson, CEO da DreamBox Learning

Jessie Woolley-Wilson.

No passado, os educadores estavam focados em como colocar mais dispositivos na sala de aula. Agora, nós, em grande parte, conseguimos alcançar esse desejo de ter a tecnologia ao nosso alcance. No entanto, aprendemos que a tecnologia sozinha não gera grandes conquistas: o que ela deve fazer é apoiar e capacitar o melhor processo de ensino e aprendizagem.

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Hoje, os educadores estão focados em vincular as ferramentas edtech diretamente aos resultados da aprendizagem dos alunos. Como uma indústria, precisamos abraçar essa oportunidade, testando rigorosamente soluções para entender o que está funcionando – e em que contexto – para continuar descobrindo o potencial de aprendizado de todos os estudantes.

Larry Berger.

Larry Berger, CEO da Amplify

Acho que terminamos com a ideia de que “os professores não sabem/não gostam de tecnologia”. Isso porque eles usam a tecnologia em suas vidas pessoais e a acham útil em suas vidas profissionais. Hoje, se você ouvir alguém dizendo que os professores não são bons em tecnologia, provavelmente significa que, na verdade, é determinada tecnologia que não é boa para os professores.

Por outro lado, o novo problema que criamos é o aumento dramático da ansiedade nos alunos. As mídias “hiper estimulantes” permeiam seus mundos, e a cultura das redes sociais faz com que eles se sintam inadequados. Eu acho que essa situação está criando níveis de ansiedade que inibem a capacidade dos alunos de manter a atenção.

Esse é um grande problema que criamos. E a internet não está interessada em resolvê-lo. No entanto, a solução não é retirar a tecnologia e, sim, descobrir como ela pode auxiliar na atenção, no relaxamento e no senso de comunidade e esperança.

Leia mais: Educação: análise de dados pode identificar problemas e orientar ações

Shauntel Garvey, da Reach Capital

O lançamento do iPad e do Chromebook deu início à era dos dispositivos em sala de aula. O Nearpod, plataforma colaborativa online para ensino e aprendizagem dos alunos, aproveitou a oportunidade para ajudar o professor a ministrar aulas personalizadas e avaliar o aprendizado em tempo real. Com esses benefícios, ao mesmo tempo, surgem novos problemas, incluindo privacidade, cyberbullying e dependência de dispositivos.

Frank Catalano.

Frank Catalano, analista independente

Os dispositivos são muito mais prevalentes agora do que eram em 2010. A conectividade à internet nas escolas é tão onipresente que os alunos não precisam mais “desligar” os aparelhos quando entram em sala de aula. No entanto, o que perdemos é o tempo para que tecnologia deixe de ser um modismo e amadureça antes de chegar às escolas. A falta desse tempo de adaptação pode levar a decisões tecnológicas mais involuntárias.

Doug Levin, president da EdTech Strategies e da K-12 Cybersecurity Resource Center

Deveria ter sido previsível que a implantação de milhares de dispositivos de computação conectados à internet, para educadores e alunos, exporia as escolas a muitas das ameaças de segurança cibernética que afetam empresas multinacionais e o governo. Juntamente com o foco na coleta e análise de dados em tempo real, a dependência da Edtech nas escolas levou às violações de dados cada vez mais graves e à perda de milhões de dólares.

Leia mais: Gustavo Hoffmann e Fábio Reis conversam sobre inovação e tecnologia no ensino superior

Qual é a “grande surpresa” das tecnologias educacionais?

Shauntel Garvey

Shauntel Garvey.

Ao pensar inicialmente em videoconferência, alguns imaginavam uma sala de reuniões em vez de uma sala de aula. No entanto, as instituições de ensino foram as primeiras a adotar plataformas como o Zoom, para vídeos em HD, que permite o aprendizado virtual e a colaboração online. A videoconferência também está impulsionando as plataformas que facilitam experiências de aprendizado interativas ao vivo, tanto nos formatos individual como em pequenos grupos.

Frank Catalano

Minecraft. Em 2016, a Microsoft lançou o Minecraft: Education Edition. Desde então, o que era apenas um jogo tem sido extremamente bem-sucedido e mostra que esse tipo de interação na educação pode abranger atividades criativas e assuntos acadêmicos. Também ajudou a aumentar a credibilidade da Microsoft em ferramentas para a sala de aula.

Leia mais: Como promover aprendizagem ativa na sala de aula virtual

Qual previsão nunca deu certo?

Doug Levin

A previsão central do livro Disrupting Class: How Disruptive Innovation Will Change the Way the World Learns (Inovação na sala de aula – como a inovação disruptiva mudará a forma de aprender, em tradução livre). A obra afirma que o crescimento da oferta de educação por computador aceleraria rapidamente até 2019, quando metade de todas as aulas do ensino médio seria ministrada pela internet.

Doug Levin.

Os autores argumentam que esse fato era inevitável, considerando suas crenças de que, na próxima década, a instrução baseada em computador melhoraria a qualidade do ensino; seria concedido aos alunos maior escolha em seus “caminhos para a aprendizagem”; e haveria escassez de professores. Embora cada uma dessas ideias ainda não seja impossível, as tendências de crença na força de trabalho dos professores aumentaram.

Muitos tomaram (e ainda tomam) o livro como um roteiro para o futuro da educação. Mas apenas os historiadores serão capazes de definir os custos de oportunidades reais que pagamos em troca do movimento de reforma educacional habilitado pela edtech que o livro lançou.

Leia mais: Infraestrutura ainda é obstáculo para gamificação do ensino

Qual tendência ou moda vai ressurgir na próxima década?

Larry Berger

Na próxima década, o aprendizado personalizado irá mudar, já que as pessoas estão aprendendo os tipos de personalização que podem realmente auxiliar uma sala de aula em que os professores comandam, e as crianças interagem. A personalização da próxima década ajudará os docentes a darem a todos os alunos um rumo em direção a experiências de aprendizado compartilhadas, com suporte e feedback personalizado.

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*Texto originalmente publicado pelo EdSurge, em dezembro de 2019, com tradução e edição do portal Desafios da Educação.

Sobre o autor

Tony Wan editor-gerente da EdSurge, onde escreve sobre tendências de negócios e financiamento no setor de edtech.

Redação
A redação do portal Desafios da Educação é formada por jornalistas, educadores e especialistas em ensino básico e superior.

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