O calendário para Apresentação de Propostas de Cursos Novos (APCN) está aberta até 29 de abril. Até lá, os programas de pós-graduação (PPGs) stricto sensu têm a oportunidade de solicitar a abertura de mestrados e doutorados no Brasil.
Ao mesmo tempo, trata-se de um desafio e tanto. Como mostrou uma reportagem do Desafios da Educação, na última APCN, em 2019, apenas 26% das propostas foram aprovadas. Nos últimos cinco anos, o índice de aprovação é apenas ligeiramente maior: em média 32%.
Novidades da edição
Em relação às edições anteriores, a APCN em aberto na Plataforma Sucupira conta com algumas mudanças. Agora, a Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), entidade responsável pelas avaliações, exige a inserção de dados sobre o planejamento estratégico e a política de avaliação do PPG.
Segundo a consultora da Plataforma A para o tema, Daiane Folle, os campos relativos ao planejamento estratégico são particularmente importantes e merecem atenção especial das instituições de ensino. Neles, são contemplados quesitos como valor gerado pelo programa de pós-graduação, análise de risco, oportunidades e ameaças.
“Ao tornar esses quesitos obrigatórios, a Capes pretende ajudar os programas no processo de melhoria da sua gestão”, afirma Folle. “Afinal, uma vez aprovado, o programa deve implementar o planejamento estratégico e a política de avaliação logo no primeiro ano de seu exercício”, completa.
A medida também visa alinhar os novos cursos com aqueles em andamento. Isso porque as exigências já valem para programas em funcionamento. No fechamento da última avaliação quadrienal (2017-2020) da pós-graduação, por exemplo, os PPGs foram obrigados a apresentar planejamento estratégico e políticas de avaliação.
Leia mais: Avaliação quadrienal da pós-graduação, mestrado e doutorado: o que é e como funciona
Desafios e oportunidades
O índice de reprovação próximo a 70% indica alguns desafios dos programas de pós-graduação para obter a aprovação na APCN. Inclusive, em artigo publicado no Desafios da Educação, Folle indicou as seis principais falhas cometidas pelas instituições de ensino durante o processo:
- Inconsistência na redação do projeto;
- Falta de maturidade do grupo de pesquisadores;
- Ausência de diferenciação de mercado;
- Falta de articulação com as demandas do mercado de trabalho;
- Ausência de perspectivas de atuação em longo prazo;
- Não atendimento de métricas quantitativas básicas.
Superar esses entraves não é tarefa fácil. Mas há formas de aumentar as chances de aprovação.
Entre os caminhos sugeridos por Folle, estão os seguintes:
- Ter paciência para montar um novo projeto de mestrado e doutorado;
- Ter clareza da estratégia institucional;
- Apropriar-se dos critérios de avaliação;
- Envolver todos os pesquisadores na construção do projeto;
- Garantir a infraestrutura e os recursos necessários para implementação do projeto;
- Promover a leitura do projeto por um avaliador Ad Hoc externo.
Leia mais: Como aprovar um curso de pós-graduação na APCN da Capes
Mais uma APCN sem EAD
Tudo indica que não será dessa vez que a Capes aprovará o primeiro curso de mestrado na modalidade de ensino a distância (EAD) no Brasil. A possibilidade nasceu na APCN de 2019 – a última edição antes da atual.
Na época, foram protocolados 17 projetos de pós-graduação stricto sensu EAD. Mas todos foram rejeitados. De lá para cá, segundo Folle, a resistência em relação aos mestrados e doutorados a distância se manteve.
“Ao ler as diretrizes de diversas áreas para entender quais são as demandas feitas para as IES, percebe-se que existe um excesso de exigências que praticamente inviabiliza a aprovação de projetos nesta modalidade, pelo menos por enquanto”, afirma.
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