By Trabalhar com dinâmica de grupos é um excelente modo de preparar os estudantes para a vida profissional, estimulando habilidades como organização e capacidade de diálogo. Mas nem sempre é fácil. Quando há muitas pessoas envolvidas no processo, é preciso estabelecer regras para evitar a dispersão.
Uma das maneiras mais eficientes de desenvolver essas competências é uma técnica conhecida como Phillips 66. Ela consiste na criação de pequenos grupos com o objetivo de atingir resultados com mais agilidade e eficiência. A seguir, conheceremos um pouco mais sobre essa metodologia de aprendizagem.
Trabalho em grupo favorece o desenvolvimento de diversas habilidades. Crédito: Freepick.
Por que Phillips 66?
A técnica leva esse nome por causa de seu criador, J. Donald Phillips, ex-presidente da Hillsdale College, instituição de ensino superior de Michigan, nos Estados Unidos. Ele a desenvolveu com o objetivo de gerar um maior número de ideias e soluções criativas. Isso ocorre frequentemente quando a metodologia é aplicada, e não é difícil entender o porquê: no modelo proposto por Phillips, todos os envolvidos têm a chance de dar sua contribuição.
O “66” diz respeito à quantidade de membros de cada grupo e ao prazo estipulado para a discussão do tema. No entanto, é bom ressaltar que esses números são apenas uma referência, e podem ser adaptados conforme o tamanho da turma e os objetivos do trabalho.
A aplicação da técnica é simples:
- O professor deve dividir a turma em grupos de seis alunos;
- Cada um desses grupos deve debater um determinado assunto durante seis minutos;
- Encerrado esse tempo, todos os estudantes receberão um número dentro de seu grupo (entre 1 e 6, se a opção for um conjunto com essa quantidade de pessoas);
- Em um novo reagrupamento, ficarão juntos todos os que tiverem o mesmo número (todos os 1, todos os 2, e assim por diante);
- Durante mais seis minutos, esses novos grupos voltarão a debater o assunto até que se chegue a uma conclusão.
Mesmo com essa divisão, o processo só funciona porque há algumas regras para orientar os estudantes. Cada grupo deve designar uma pessoa como coordenador (a) e outra como secretário (a). Cabe ao primeiro coordenar as discussões, viabilizando a participação dos demais, enquanto o segundo deve registrar as ideias do grupo. Lembra uma reunião de condomínio ou até mesmo de uma comissão eleitoral, não?
Também é importante ressaltar que a aplicação da Phillips 66 deve ser antecedida de um planejamento da atividade junto aos estudantes. Eles precisam estar a par das regras do jogo e entender que o objetivo principal é “cruzar” as diferentes informações e pontos de vista com o propósito de chegar a uma conclusão, e não disputar quem tem a melhor performance. O mais importante é promover a divisão de responsabilidades no trabalho.
Com todas as regras definidas, o processo segue o seguinte roteiro:
- O professor (mas também pode ser um aluno) anuncia o tema a ser discutido e pede que os estudantes formem os grupos;
- São definidos os coordenadores e secretários;
- Feito isso, o professor controla o tempo de duração do brainstorming. Quando restar um minuto, ele notifica os grupos para que façam um resumo do que foi discutido;
- Os coordenadores também controlarão o tempo, reservando um minuto para que cada membro manifeste seu ponto de vista. Enquanto isso, o secretário toma nota das sugestões;
- Ao fim da discussão, o secretário apresenta todas as conclusões obtidas por sua equipe.
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De volta à infância
Embora a Phillips 66 seja recorrentemente associada a crianças e adolescentes, também pode proporcionar bons resultados no ensino superior. De acordo com Mitchel Resnick, diretor do Lifelong Kindergarten, grupo de pesquisa do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), algumas metodologias utilizadas na educação básica são perfeitamente adaptáveis a outros níveis do ensino, especialmente quando se trata de trabalho em grupo.
No livro “Jardim de Infância para a Vida Toda” (Penso, 2020), o autor ressalta que projetos em equipe ajudam a despertar a criatividade dos estudantes. E defende que escolas e universidades mantenham o espírito do “aprender criando”. “Só assim será possível formar alunos e cidadãos capazes de identificar problemas relevantes e apresentar soluções inovadoras”, acredita.
Nesse sentido, a técnica desenvolvida por J.D. Philips só traz benefícios. Por se tratar de uma metodologia quase lúdica, ela cria um clima de receptividade que ajuda a desenvolver o poder de síntese e a superar o medo de falar em público.
Também é um meio de incentivar a sociabilização da turma. O processo de redistribuição dos grupos estimula o contato dos estudantes com colegas além de sua “bolha” e evita a criação de “panelinhas” no decorrer do trabalho.
Feedback imediato
No livro “Processos de Ensinagem na Universidade: Pressupostos para as estratégias de trabalho em aula” (Univille, 2003), Léa das Graças Camargos Anastasiou e Leonir Pessate Alves qualificam a Phillips 66 como “uma atividade grupal para análise e discussão sobre temas ou problemas do contexto dos estudantes”. Para as educadoras, a técnica pode ajudar na obtenção de informações rápidas sobre interesses, problemas, sugestões e perguntas”.
“Ela também permite excelente feedback ao professor a respeito de dúvidas dos estudantes sobre um assunto estudado ou em discussão”, afirmam. “Como o tempo é distribuído entre os grupos, o professor e os próprios estudantes conseguem formular uma visão global dos avanços e dificuldades da classe.”
A Phillips 66 é uma boa maneira de conhecer melhor os estudantes. Como essa metodologia abre a possibilidade para que todos os elementos das equipes participem, ao aplicá-la, os docentes conseguem um volume expressivo de dados que poderão ser úteis no planejamento de novas atividades práticas em sala de aula.
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