Mais de 400 pediatras de diversos hospitais e universidades, a maioria de São Paulo, subscreveram uma carta em que apoiam a reabertura das escolas e da retomada das aulas presenciais durante a pandemia de covid-19.
O documento surgiu na semana passada em forma de manifesto, em post do Facebook. Nele, pediatras citam os resultados de diversos artigos científicos. As evidências mostram que o retorno às atividades escolares presenciais é seguro para crianças e adolescentes, desde que adotadas medidas de segurança individual.
A carta surge em meio ao aumento de infecções e mortes decorrentes da covid-19.
Na quarta-feira (25), a informação de que a carta havia sido assinada por mais de 400 pediatras foi divulgada pelo jornal Folha de S. Paulo. No mesmo dia, o mundo registrou um recorde de mortes diárias pelo coronavírus. Foram 12.785 óbitos – desses, 620 no Brasil.
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De acordo com o consórcio de veículos de imprensa, o total de mortes no país chegou a 170.799. A tendência é que os números continuem subindo.
Sobre o grupo que assina a carta, os organizadores dizem que a iniciativa é independente de instituições de saúde e ensino.
A seguir, a íntegra do manifesto e um vídeo com a leitura da carta.
A CIÊNCIA PELA REABERTURA DAS ESCOLAS
Nós pediatras, reconhecendo atentamente o momento complexo em que estamos e a discussão urgente sobre o lugar das crianças e da escola na pandemia, consideramos crucial que algumas informações já consagradas cientificamente sejam bem divulgadas.
Listamos abaixo os pontos mais críticos e enviamos a seguir alguns dos tantos artigos que embasam estas informações:
– As crianças se infectam menos do que os adultos, 2 a 5 vezes menos. O risco de se infectar é menor quanto mais jovem a criança.
– São muito raras as complicações nessa faixa etária, representando apenas 0,6% dos óbitos (sendo as crianças 25% da população nacional).
– Para as crianças, a exposição a COVID-19 as coloca em risco muito menor do que a exposição ao vírus influenza. E as escolas não fecharam nos últimos surtos de gripe.
– Apesar do que se supôs no início da pandemia, as crianças não são super-spreaders.
– A grande maioria das crianças é assintomática ou apresenta sintomas leves, principalmente os mais novos. E desta forma, transmitem ainda menos.
– As escolas, seguindo os cuidados indicados, não são locais de maior infecção. A experiência europeia provou enfaticamente isso.
– Com as medidas de prevenção, a escola é segura para os professores e funcionários.
– No Brasil, as crianças se infectaram mais em casa através dos próprios familiares expostos do que na escola.
– O impacto da falta de convivência na saúde mental e no neurodesenvolvimento das crianças é muito importante. O aumento de ansiedade, depressão e obesidade infantil e são alarmantes.
Sobre vacinação na faixa etária pediátrica:
Até o momento os testes clínicos da maioria dos laboratórios contemplaram adolescentes. A vacina produzida pela Universidade de Oxford e AstraZeneca incluiu crianças entre 5 a 12 anos. No Brasil, entre os testes clínicos autorizados pela ANVISA, a faixa etária dos testes clínicos é a partir de 16 anos.
O tempo da pandemia já é e seguirá longo. Agora temos que refletir sobre seus impactos a curto, médio e longo prazo. Sejamos justos com a infância e comprometidos com o futuro de todos.
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