Pedagogia de alternância: a metodologia que mantém os jovens no campo

Redação • 6 de novembro de 2019

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    Alternância: metodologia mescla períodos de estudos na faculdade com outros em casa. Crédito: Thayan Lisboa/Assessoria FASA.

    A mecanização de processos do agronegócio, a ampliação das áreas urbanas e o desenvolvimento tecnológico estão entre os fatores que propiciaram a migração populacional do campo para as cidades. Nos últimos anos, porém, o chamado êxodo rural começou a diminuir no Brasil.

    De acordo com o último censo demográfico, realizado em 2010 pelo IBGE, o número de pessoas que moram em áreas rurais seguia caindo, mas em um ritmo mais lento quando comparado com a velocidade da década anterior ao levantamento.

    Há algumas razões para isso, e o acesso à web é uma delas. Segundo a última TIC Domicílios, levantamento anual realizado pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), o percentual de domicílios da área rural com internet saltou de 4%, em 2008, para 44% em 2018.

    Outro fator que colaborou para a desaceleração do êxodo rural foi a adoção da pedagogia da alternância nas instituições de ensino.

    A pedagogia da alternância é um método de ensino semipresencial, que mescla períodos de convivência na escola com outros em casa. Ela foi criada por camponeses franceses, na década de 1930. À época, o objetivo era evitar que os filhos gastassem a maior parte do dia no caminho de ida e volta para a escola, ou que tivessem de ser enviados aos centros urbanos para estudar.

    No Brasil, segundo a revista Nova Escola , a iniciativa chegou em 1969 com uma missão jesuíta, no Espírito Santo. Logo se espalhou para outros estados, especialmente em áreas onde o transporte escolar é de difícil acesso e a maioria dos pais trabalha no campo.

    Atualmente, o modelo é seguido tanto em escolas de ensino fundamental e médio, em cidades como Colinas do Tocantins (TO) e Ji-Paraná (RO), quanto em instituições de ensino superior (IES). É o caso da Faculdade Santo Ângelo (Fasa), localizada no interior gaúcho.

    Qualificação da atividade rural

    Por muito tempo, quando terminava o ensino médio, o jovem brasileiro do campo ficava dividido. “Por um lado, havia a tradição familiar e o trabalho no campo. Por outro, o apelo da cidade, o urbano tecnológico e digital”, explica Rafael Rossetto, diretor-presidente da Fasa.

    Mas em vez de “obrigar” o jovem a optar pelo campo ou pela cidade, as instituições de ensino começaram unir os dois espectros através da pedagogia da alternância.

    Um exemplo prático: a estudante Ana Callegaro, de 21 anos, cursa Agronomia na Fasa, em Santo Ângelo, mas mora a 40 quilômetros da instituição, na zona rural de Vitória das Missões. A distância poderia inviabilizar os estudos. Graças à metodologia, porém, Callegaro consegue ficar três semanas em casa, apoiando os pais, e uma semana na faculdade para um intensivo de aulas.

    “Não existe rompimento entre o trabalho no campo e a formação profissional”, explica Valmir de Quadros, coordenador do curso que Callegaro frequenta. Segundo o docente, o conhecimento e a vivência acadêmica fortalecem o fazer diário dos alunos na propriedade, possibilitam a inovação e ainda reduzem o tempo de deslocamento até a instituição.

    “Os acadêmicos levam as ideias para o campo e as aplicam, nos parâmetros de suas propriedades ou trabalho autônomo”, acrescenta Ana Paula Kleemann, coordenadora do curso de Medicina Veterinária da Fasa.

    No começo de outubro, o Ministério Público Federal (MPF) ajuizou ação civil pública para que a Fasa suspendesse os cursos de Agronomia e Medicina Veterinária. O argumento era que a pedagogia da alternância não era reconhecida pelo Ministério da Educação (MEC), nem pela legislação que prevê apenas duas modalidades de ensino: presencial e a distância (EAD).

    A Justiça Federal, no entanto, arquivou o processo dias depois e afirmou que a responsabilidade e a competência para análise e avaliação da IES cabia ao MEC, não ao MPF.

    “A inovação, por vezes, pode representar ameaça ou dúvida para alguns”, afirmou Rafael Rossetto, diretor-presidente da Fasa, em nota. “No entanto, vimos na pedagogia da alternância uma oportunidade para que os jovens do campo pudessem realizar uma graduação e, ao mesmo tempo, manterem-se no seio familiar e contribuindo para o desenvolvimento regional. Essa é a razão pela qual inovamos ao aplicar a pedagogia da alternância nesses cursos e a razão pela qual ela seguirá cada vez mais consolidada na Fasa.”

    Por Redação

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