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A perda total ou parcial da renda já afeta quatro em cada 10 brasileiros, segundo pesquisa da CNI. Efeito das restrições e das políticas de distanciamento físico, que por sua vez são efeito da atual pandemia , a queda no poder de compra atingiu em cheio os estudantes universitários. Conforme levantamento da consultoria Educa Insights , quase 60% dos alunos de cursos de graduação tiveram seus rendimentos afetados desde o início do isolamento.
O impacto será sem precedentes na sustentabilidade financeira das instituições de ensino superior (IES). Só em abril, a taxa de inadimplência aumentou 72,4% em comparação com o mesmo período do ano passado. Hoje, um a cada quatro (26,3%) universitários não está em dia com a mensalidade, segundo levantamento do Semesp , sindicato que representa o setor privado.
O mesmo estudo mediu a taxa de evasão . Segundo o levantamento, o percentual de alunos que desistiram do curso ou trancaram a matrícula em abril aumentou 32,5% ante o mesmo mês do ano anterior. A taxa, que era de 2,1%, subiu para 2,8%.
Segundo dados do Censo da Educação Superior de 2018, o setor privado é responsável por 93,4% da oferta do país – tanto no modelo presencial quanto na EAD. A rede particular atende 75% dos graduandos. Isto é, 6,3 milhões de estudantes.
Como se não bastasse, circulam na Câmara dos Deputados , no Senado e em pelo menos 4 assembleias legislativas estaduais projetos de lei para obrigar a concessão de 30% de desconto nas mensalidades – enquanto as aulas presenciais, suspensas em decorrência da emergência de saúde pública do coronavírus , não são retomadas
Esses três fatores – inadimplência, evasão e desconto de 30% nas mensalidades – pode criar embaraços para que as faculdades consigam manter os salários e os compromissos com fornecedores em dia, ou levá-las a falência. “Se tivermos isso, pode ter certeza que 30% das instituições terão que fechar as portas até o final de 2020″, lamenta o diretor-executivo do Semesp, Rodrigo Capelato.
O Brasil tem 1.929 instituições de ensino superior privadas.
Na rede básica, uma pesquisa recente com 400 escolas particulares de pequeno e médio porte aponta que os casos de atrasos, inadimplência e pedidos de descontos levaram a perdas na casa dos 50%, número que chegava apenas a 20% em março.
O cenário é de terra arrasada, acentua as dificuldades enfrentadas por uma parcela significativa do setor e faz da gestão da permanência, da otimização de custos e da captação assuntos urgentes na pauta das IES.
A política a ser adotada depende do tamanho e da situação financeira da instituição, além do mapeamento da realidade socioeconômica dos alunos . Essa informação faz toda diferença na hora de definir um conjunto de ações que impeçam a evasão e a inadimplência – de forma individual ou coletivizada –, o que poderia levar à falência de faculdades, centro universitários e universidades.
Os dados da Educa Insights mostram que 91% dos universitários pretendem continuar estudando. Por outro lado, 40% desse total de alunos acredita ter dificuldade em cumprir com o pagamento das mensalidades a partir de agosto.
É preciso correr contra o tempo. De acordo com a consultoria Educa Insights, três em cada quatro IES não elaboraram um plano de auxílio aos alunos.
Exemplo de exceções incluem a Universidade Positivo, no Paraná, que criou o Programa Proteção-Desemprego Covid-19. O benefício financeiro suspende, temporariamente, o pagamento de até três mensalidades sequenciais para os universitários que tiveram renda comprometida pela perda do emprego. Já a Fucape, escola de negócios localizada no Espírito Santo, optou por negociar caso a caso, possibilitando que o parcelamento dos valores devidos seja diluído em vários meses.
30% das faculdades irão declarar falência até o final de 2020. Crédito: Pixabay.
Segundo Daniel Infante, sócio fundador da Educa Insights, quem se dispôs a renegociar está vendo resultados. No webinar de apresentação da pesquisa, o diretor explicou que ações de aproximação com o alunado faz o nível de satisfação dos estudantes aumentar em até 58% – e, consequentemente, mitiga a evasão.
O foco principal precisa ser em proporcionar alternativas para que o universitário conclua o semestre e faça a rematrícula depois das férias de inverno.
Alunos que ingressaram na graduação nos últimos dois anos, e optaram pela modalidade presencial, têm mais chances de interromper o curso . É para esse grupo que as IES devem voltar sua atenção.
A maior despesa de uma instituição de ensino superior é com folha de pagamento e custos administrativos. Em tempos de crise, é natural que a redução dos salários e o corte de funcionários pareçam mais lógicos ao gestor. Mas o impacto negativo na imagem da instituição não compensa.
No cenário atual, a diminuição de gastos é muito mais uma medida auxiliar do que uma solução definitiva para preservar a saúde financeira da IES. Ainda que haja uma redução de insumos de higiene e de escritório, diminua a consumo de água e de luz elétrica nas instalações físicas, o abatimento tende a ser anulado pela margem de descontos e auxílios aos estudantes.
A contenção é necessária, mas seus efeitos são limitados. Essa tática representaria uma economia discreta.
Diante o cenário atual, diminuir os gastos pode ajudar as faculdades se livrarem da falência. Crédito: Freepik.
O ciclo de captação do inverno será diferente em 2020. Segundo o estudo da Educa Insights , 43% dos prospects vão esperar a situação do país se normalizar para iniciar o curso de graduação. Apesar disso, 22% dos futuros universitários decidirão em qual IES ingressar entre maio e julho.
Resta saber qual é o diferencial capaz de atrair esse público.
O desconto na mensalidade segue sendo o fator de maior peso na hora da escolha, tanto no modelo presencial quanto na EAD. Uma boa política de preços vai influenciar a decisão, mas ela precisa estar alinhada às estratégias de encantamento para garantir a matrícula.
Conforme a Educa Insights , instituições que combinarem os preços competitivos com ações que geram interação – como lives e webinars com professores e profissionais de cada área ou cursos gratuitos sobre temas do momento – vão conquistar mais calouros no próximo semestre.
A adaptação ao ambiente virtual de aprendizagem (AVA ou LMS, na sigla em inglês) e a experiência completa de vestibular também são importantes.
Mais de 90% dos estudantes considera o vestibular online a melhor alternativa para o período de quarentena, mas 33% temem que o processo facilite fraudes. De toda forma, investir nessas tecnologias é uma vantagem.
O volume de ingressantes provavelmente será menor, mas há oportunidades para os dois modelos de ensino – presencial e a distância. No relacionamento com os prospects, a aposta deve ser na imersão, já que os futuros universitários não buscam apenas o melhor valor, mas também uma instituição consciente da conjuntura nacional e capaz de se moldar rapidamente às novas necessidades.
A pandemia do novo coronavírus vai acelerar o crescimento da educação a distância. Mas pode levar faculdades a falência. Crédito: Pexels.
A pandemia do novo coronavírus não vai sentenciar o fim do ensino presencial. Mas vai acelerar o crescimento da educação a distância. Para Daniel Infante, da Educa Insights, a crise atual é “o empurrão que faltava para impulsionar o uso da tecnologia como ferramenta para a educação”.
No Brasil, a EAD deu um salto nos últimos três anos. Sua aceitação entre os estudantes hoje é de 94%.
É justamente a combinação da profundidade das aulas presenciais com a facilidade do ambiente virtual que vai representar a melhor alternativa econômica para as IES nos próximos semestres. Através do ensino híbrido , é possível reduzir custos com burocracia, acelerar processos administrativos e alcançar cada vez mais alunos.
Só de 2017 para 2018, as matrículas em cursos híbridos cresceram 71%. Esse percentual confirma a tendência prevista há alguns anos pelo segmento. “A educação híbrida é um caminho sem volta”, sentencia Infante.
Por Maria Eduarda Rabello
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