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O desafio de ministrar aulas EaD para estudantes com internet precária

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A educação a distância (EaD) cresceu 9,8% no primeiro semestre deste ano, segundo o Mapa do Ensino Superior 2021. Trata-se de um crescimento esperado. Faz alguns anos que os especialistas projetam o crescimento anual da modalidade – e a crise da covid-19 tem acelerado esse processo. Mas como dar aulas EaD para estudantes com internet precária?

Durante a pandemia, a educação tentou se adaptar ao ensino remoto – modelo emergencial de aulas a distância. O uso de aulas online em plataformas virtuais foi estratégico para viabilizar a aprendizagem. Por outro lado, escancarou algumas desigualdades.

Um em cada quatro estudantes que fizeram o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em 2020 não tem acesso à internet, por exemplo. E metade dos candidatos disseram não ter computador em casa. Ou seja, uma parcela significativa dos participantes não têm ferramentas adequadas para a aprendizagem a distância. Os dados são do questionário socioeconômico aplicado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anisio Teixeira (Inep), vinculado ao Ministério da Educação (MEC).

No Brasil, de modo geral, 152 milhões (ou 83% da população) dizem ter acesso a internet, segundo a versão mais recente da TIC Domicílios 2020. Trata-se da mais abrangente pesquisa sobre conexão do país.

O alcance insuficiente da rede de internet no Brasil, evidentemente, está fora da alçada das instituições de ensino. Mas o problema não pode ser ignorado. Durante a pandemia, o MEC diz ter entregado mais de 150 mil chips com conexão à internet aos estudantes.

Para evitar a evasão e o baixo desempenhos dos alunos, algumas instituições privadas fizeram o mesmo. Foi o caso do grupo Cruzeiro do Sul, que distribuiu 350 mil chips de celular.

E quanto as aulas

Sem dúvida o principal problema (ou risco) das aulas ao vivo é a conectividade. Alguns alunos podem não ter uma internet veloz ou até mesmo morar em uma região com baixo alcance. Nesses casos, as IES podem apostar em aulas assíncronas – que podem ser assistidas após download do vídeo.

“A principal vantagem da aula gravada é, por ser um recurso assíncrono, a possibilidade do acesso a qualquer momento”, explica a professora Thuinie Daros, autora do livro recém-lançado A Sala de Aula Digital: Estratégias Pedagógicas para Fomentar o Aprendizado Ativo, On-Line e Híbrido (Penso, 2021).

Além disso, todas instituições de ensino a distância precisam oferecem um polo de apoio para os estudantes. Nestes locais ficam disponibilizados computadores para consulta, pesquisa para assuntos relacionados ao curso e acesso ao sistema da instituição.

As IES precisam garantir o acesso dos estudantes as aulas por meio de diferentes formas. Principalmente aquelas que ficam em regiões mais remotas, onde boa parte dos alunos não tem infraestrutura doméstica apropriada para o aprendizado remoto. “Ao planejar as atividades pedagógicas, todas essas realidades precisam ser levadas em consideração”, aconselha Daros.

Leia mais: Por que a Biomedicina está bombando no EaD

Tecnologia off-line

Algumas soluções é permitir materiais que podem ser acessados de forma off-line e disponibilizar livros físicos como possibilidade de acesso. Usar recursos que exigem consumo menor de banda de internet também pode ser alternativa.

Esse cenário, no entanto, não invalida o mérito da EaD, que tem um crescimento constante. Apesar das dificuldades do acesso a internet de qualidade no Brasil, a educação a distância tem um papel importante em combater essas disparidades.

Além de baratear o curso – tornando-o, assim, acessível para mais gente –, o ensino a distância traz uma novidade ao setor: o uso intensivo de recursos tecnológicos para personalizar a experiência de aprendizado do aluno e garantir resultados melhores.

A Algetec, por exemplo, criou uma forma de carregar os laboratórios virtuais desenvolvidos pela empresa, independente da velocidade de internet. “No entanto, uma vez carregado, o laboratório pode ser executado mesmo sem conexão à internet”, explica Vinicius Dias, diretor da Algetec.

laboratorios virtuais labs

Em casos específicos, quando não há internet na instituição ou na residência do aluno, a Algetec elabora uma versão do laboratório virtual 100% off-line.

Leia mais: O que faz um aluno matricular em um curso EAD (além do preço)

Redação
A redação do portal Desafios da Educação é formada por jornalistas, educadores e especialistas em ensino básico e superior.

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