Muita gente pode torcer o nariz ou até mesmo zombar dos influenciadores digitais. A realidade é que, quer você goste, quer não, ainda vai escutar muito “clique aqui” ou qualquer outro jargão da moda.
Apesar dos preconceitos, influenciadores digitais – ou criadores de conteúdos – movimentam bilhões em investimento publicitário ao redor do mundo.
Inclusive, o Brasil é o país onde os influenciadores são as pessoas mais relevantes para a decisão de compra, segundo um estudo conduzido pela plataforma CupomValido com dados da Statista e da HootSuite.
O valor pago aos “creators” pelas campanhas nas redes sociais varia de acordo com o número de seguidores, o nível de engajamento do público e até a região onde mora o influenciador, entre diversos outros aspectos.
Segundo agências e profissionais ouvidos pelo jornal Folha de S. Paulo, o valor recebido pelas “publis” varia de R$ 1.000 a R$ 600 mil, com uma média de R$ 18.000 para os mais conhecidos.
Afinal, influenciador é profissão?
Desde fevereiro de 2022 a atividade de influenciador digital passou a ser reconhecida segundo a Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), sob o registro número 2.534-10.
De acordo com essa classificação, as atribuições de um influenciador envolvem realizar gestão e monitoramento das mídias sociais, administração de atividades de relacionamento com público/seguidores, elaboração de planejamento estratégico de marketing digital e produção de conteúdo, entre outras atividades.
Contudo, reconhecimento não é regulamentação – o que ainda não aconteceu. A regulamentação se dá por lei, com tramitação no Congresso Nacional. Existem projetos para isso, mas eles não são unanimidade na área.
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O mercado “creator”
Segundo a pesquisa “Creators e negócios 2022”, realizada pela Youpix, uma das maiores consultorias na área de conteúdo e influência digital, em parceria com a Brunch, agência que também atua no setor, a área vive uma profissionalização acelerada.
A prova disso seria o aumento da formalização, uma vez que o número de creators sem empresa aberta caiu em 2022: em 2021 eles representavam 23,7% dos entrevistados da pesquisa, no ano passado somaram 18,1%.
Outro ponto a destacar nesse sentido é o fato de que para 34,6% dos respondentes, o trabalho como creator é a única fonte de renda. Esse número mais que dobrou em relação a 2021 (16,8%).
O levantamento também mostra que apesar de parecer muito democrático e diverso, o universo dos influenciadores reproduz um padrão bastante conhecido socialmente:
- 63,1% dos mais de 300 entrevistados se declararam brancos;
- 77,1% moram em capitais ou áreas urbanas, sendo a maioria do sudeste;
- Os nichos de atuação são variados, mas o maior é o de moda, beleza e estilo, com 29,3%.
Existe graduação para ser influenciador digital?
Pode parecer estranho, mas a resposta é sim. Inclusive, diversas instituições oferecem esse tipo de formação específica, e não é de hoje. Atualmente, a Estácio conta com o curso de Gestão de Mídias Digitais. Trata-se de um tecnólogo a distância com duração de dois anos.
Voltada a quem busca atuar como social media, mas não tem formação em Publicidade e Propaganda, Marketing Digital ou Comunicação Institucional, a formação também pode ser muito útil a quem deseja se tornar um influenciador, uma vez que aborda temas como planejamento de mídia e redes sociais e edição de conteúdo multiplataformas.
A Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), também oferece uma graduação do tipo em formato de tecnólogo. O curso de Economia da Influência Digital tem dois anos de duração e aborda diversos assuntos, de comunicação a filosofia e ética, passando por empreendedorismo e outros temas.
Uma graduação não garante as “publis”
Não existe receita de bolo – e nem uma graduação – para a criação de um influenciador de sucesso. Entram nessa conta muitas variáveis: carisma, autenticidade e estilo, além de estratégia, técnica e planejamento.
Em geral, a gênese desse profissional é a mesma: o poder de influência nasce a partir do conhecimento sobre determinado assunto ou da confiança que um público específico deposita nele.
Assim, as graduações profissionalizam as pessoas no sentido de trazer mais qualidade para as produções, que vão de roteiros a imagens, além de conhecimentos sobre estratégia de posicionamento, ética e até maquiagem.
Tudo isso pode ser uma boa maneira de se destacar em meio à multidão, mas não há diploma que garanta a viralização imediata.
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