Chegou a hora de implementar curricularização da extensão de forma estratégica nas instituições de ensino superior. A estratégia prevista no PNE – Plano Nacional de Educação, foi regulamentada pela Resolução nº 7 MEC/CNE/CES.
No entanto, no despacho de 24 de dezembro de 2020, o Ministro da Educação, Milton Ribeiro, estabeleceu a prorrogação de novas Diretrizes Curriculares Nacionais, entre elas, a Resolução CNE/CES nº 7/2018, que estabelece as diretrizes para a Extensão na Educação Superior.
Esta Resolução, além de outros pontos, estabelece:
- que “as atividades de extensão devem compor, no mínimo, 10% (dez por cento) do total da carga horária curricular estudantil dos cursos de graduação, as quais deverão fazer parte da matriz curricular dos cursos”;
- instrui o INEP a considerar, para efeitos de autorização e reconhecimento de cursos:
– o cumprimento dos 10% de carga horária mínima dedicada à extensão;
– a articulação entre atividades de extensão, ensino e pesquisa;
– os docentes responsáveis pela orientação das atividades de extensão nos cursos de graduação.
Temos visto diversas movimentações nas IES no sentido de adequar os seus currículos à resolução. Muito se tem discutido e estudado sobre a melhor forma de inserir a extensão no currículo, alinhado ao posicionamento estratégico e expectativas de cada IES.
Sustentabilidade de projetos pedagógicos
Conhecimento docente em metodologias ativas
Há mais de 7 anos temos visto as IES investirem em metodologias ativas de aprendizagem ao seu corpo docente e de gestão. Muitas vezes, sua aplicação restringe-se a iniciativas pontuais de docentes ou coordenadores que têm o viés da aprendizagem ativa e do aluno protagonista. As IES onde há a aplicação de projetos integradores ou multidisciplinares também vão nesta correnteza.
Com a inserção da extensão nos currículos dos cursos, seja na disciplina ou nos projetos, caberá ao docente acompanhar a formação integral dos alunos. As metodologias ativas são as principais ferramentas para este acompanhamento.
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Capacidade de definir e avaliar competências nos estudantes
Além do acompanhamento das competências transversais, como, trabalho em equipe, colaboração, assertividade, gestão de tempo, iniciativa, entre outras, é necessário conhecer as competências de cada curso. Dessa forma, proporcionar um modelo de aprendizagem por competências daquelas que irão fazer parte dos projetos. Assim, garantindo a aprendizagem do estudante.
Capacidade de conduzir projetos e atuação interdisciplinar
Cada vez mais vejo professores envolvidos com projetos nas IES, propondo desafios, definindo o edital e o alcance, conduzindo e direcionando os estudantes e os grupos para atingirem os objetivos propostos. Esta capacidade docente é mais abrangente que o papel do professor tradicional e exigirá conhecimento, habilidades e atitudes docente mais amplas e mais próximas do aluno para atingirem a proposta pedagógica do projeto e da extensão.
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IES viabilizar o processo de avaliação formativo
Muitas vezes nos deparamos com um processo de avaliação institucional tradicional que dificulta a IES rumar para o futuro e que limita o desenvolvimento da aprendizagem ativa. Isto ocorre porque avaliar o desenvolvimento de competências remete um processo de avaliação integral do aluno. Em alguns casos a avaliação tradicional não é suficiente.
Assim, a IES deve repensar seu processo de avaliação para permitir o poder de criação de verificações e validações de aprendizagem adequados à aplicação da aprendizagem por competências.
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Adequação da matriz curricular à legislação
Estamos diante de um momento bastante oportuno e único na história da educação superior brasileira. A pandemia disseminou o uso de tecnologia nas aulas, quebrando um paradigma sobre a aula tradicional. Tem-se a possibilidade de atuar com o ensino híbrido nos cursos e ainda inserir a extensão no currículo. E não estamos falando de aumento de carga horária dos cursos.
Pelo contrário, esta otimização com a remodelagem curricular pode estabelecer um currículo contemporâneo, mais tecnológico, híbrido, com o aluno protagonista de seu aprendizado e que atue junto à sociedade do entorno da IES, proporcionando aprendizado no mundo real.
Ter uma ferramenta de gestão de projetos
Implantar um projeto pedagógico voltado à extensão curricularizada remete a desenvolver um modelo mais amplo de aprendizagem para o estudante. Ter uma ferramenta que garanta a sustentabilidade do processo remodelado proporciona rodar o modelo implantado de forma estruturada, com um processo robusto e sistematizado. Além de garantir um banco de dados e um repositório destes projetos (extensão, integradores, TCC etc.) e validando futuras verificações formais do MEC.
Relacionamento e gestão dos stakeholders
Trabalhar a extensão no currículo requer garantir que todos os alunos de todos os cursos terão pelo menos 10% da carga horária total do curso trabalhadas em projetos de extensão. O relacionamento e o envolvimento das partes interessadas no campo de influência da IES serão fundamentais para que os projetos tenham êxito ao longo dos anos.
Agentes como a Comunidade, Prefeituras, Hospitais, comércio em geral, ONGs, empresas e indústrias da região, entre outros, serão peças chave no acompanhamento para a melhoria contínua do processo.
Muitas são as variáveis e os fatores críticos de sucesso para a implementação da curricularização da extensão nas IES. O caminho iniciou-se há alguns anos com o uso das metodologias ativas, a familiarização da aplicação de projetos institucionais e interdisciplinares, a implantação do currículo por projetos e por competências.
Todas estas iniciativas serão de grande valia na inserção da extensão no currículo e, a familiaridade de aplicar as metodologias ativas, trabalhar com projetos nos cursos e o aprendizado adquirido, irão ditar o ritmo deste novo modelo.
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