Após semanas de incerteza e discussão, o Enem foi prorrogado pelo prazo de 30 a 60 dias após a data original da prova, que aconteceria nos dias 1º e 8 de novembro. O adiamento do exame era reivindicado por alunos, entidades estudantis e secretários de educação em razão dos efeitos provocados pela pandemia do coronavírus.
O argumento é que manutenção da data original prejudicaria sobretudo os alunos da rede pública. Desde março, as aulas foram suspensas ou transferidas para ambientes virtuais de aprendizagem, transmitidas pela televisão e promovidas por meio de atividades impressas enviadas a farmácias, supermercados ou fixadas nos muros da escola.
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A decisão de adiar o Exame Nacional do Ensino Médio foi divulgada na quarta-feira, 20 de maio, pelo Inep, o Instituto Nacional de Educação e Pesquisa. A mudança ocorre após o Senado ter aprovado o projeto de lei n° 1277/2020, que pedia o adiamento do Enem – medida usada para pressionar o governo.
O governo não definiu as novas datas do exame, que podem ocorrer entre dezembro e maio de 2021. Segundo o MEC, a decisão será dos próprios candidatos, após o período de inscrição – prorrogado até 27 de maio –, através de uma enquete na página do Inep.
Entre os dias 20 e 30 de junho, os inscritos terão três opções de datas para votar, considerando o adiamento das provas em 30, 60 ou 180 dias da data original. Confira elas:
- Enem impresso: 6 e 13 de dezembro de 2020 / Enem digital: 10 e 17 de janeiro de 2021;
- Enem impresso: 10 e 17 de janeiro de 2021 / Enem digital: 24 e 31 de janeiro de 2021;
- Enem impresso: 2 e 9 de maio de 2021 / Enem digital: 16 e 23 de maio de 2021.
Desigualdade na preparação
A possibilidade de participar do processo de escolha da nova data do Enem é uma “vitória democrática” para os estudantes, segundo Rosilene Teixeira Rodrigues, diretora do Colégio Dom Bosco, em São Paulo (SP). “Meus alunos ficaram felizes em poder participar da votação. O pensamento deles é que não será uma decisão arbitrária”, afirma.
O adiamento do Enem também animou estudantes como Rayane Nascimento Gonçalves, 18 anos, que cursa o 3º ano do ensino médio. “Senti que tenho mais tempo para me preparar”, conta.
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Mas será que “30 a 60 dias depois da data original” é tempo suficiente para recuperar a aprendizagem preparatória ao exame? Para a diretora do Colégio Dom Bosco, essa ainda é uma incerteza.
André Corleta, que é diretor de ensino da Me Salva!, uma das principais plataformas de estudo online do Brasil, lembra que as diferenças não desaparecem com a prorrogação. “A desigualdade no Brasil é um processo histórico, que acontece há centenas de anos. Não vai ser com 60 dias de adiamento que vamos acabar com ela ou diminui-la.”
Quem tem mais recursos para estudar em casa está mais privilegiado neste momento.
Estudar exclusivamente em casa é uma situação nova para muita gente. Mas não precisa ser difícil. A internet pode ser grande aliada neste momento. Além da gama de cursos com planos e valores acessíveis, também há várias opções gratuitas de preparação e estudo online. “Muitos professores estão disponibilizando seus conteúdos na internet”, adianta Corleta.
Para muitos alunos, contudo, nem isso adianta. Há quem não tenha internet, computador e nem espaço apropriado de estudo em casa. “Para esses estudantes”, segundo o diretor da Me Salva!, a esperança será o retorno às aulas e a criação de medidas públicas “que levem internet e material didático para esses alunos”.
Segundo Rosilene Rodrigues, do Colégio Dom Bosco, a melhor forma de estudar para o Enem é fazendo provas anteriores e simulados.
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E o restante calendário?
O Enem é a principal porta de entrada para o ensino superior no Brasil. Programas como Sisu, Prouni e Fies selecionam candidatos conforme as notas no exame nacional. Com a prorrogação do exame, no entanto, é provável que os calendários desses programas também sejam prorrogados.
Se o Enem for feito apenas em janeiro, por exemplo, não haverá tempo suficiente para manter o calendário oficial do MEC. “Apesar da correção ser digital, tem a redação, que passa por dois corretores e esse processo demora um tempo”, explica André Corleta.
Isso provavelmente vai desencadear um efeito cascata em 2021, prorrogando também o período de matrículas nas instituições de ensino superior. O que não é o maior dos problemas, segundo o diretor de ensino da Me Salva! “A mudança do calendário acadêmico é menos importante do que a prorrogação da prova”, afirma.
O cronograma inicial previa a aplicação do Enem 2020 em duas etapas. A versão impressa seria nos dias 1º e 8 de novembro. Já os participantes do Enem digital (projeto piloto) fariam a prova nos dias 11 e 18 de outubro.
O livro do aprovado
O Livro do Aprovado foi desenvolvido para que o estudante dedique a ele um momento na rotina de estudos e abra-o em qualquer página, aleatoriamente. Nela, o leitor encontra uma “cápsula de conteúdo” – que são justamente as matérias que mais caem no Enem e nos vestibulares brasileiros. Parceria da Me Salva! e da editora Penso, O Livro do Aprovado é vendido nas principais livrarias e também pela internet em duas versões: separadamente ou em kit, acompanhado do livro 1001 Questões Para Fazer Antes de Passar no ENEM – uma revisão com 900 questões que já caíram no exame e outras 101 originais, produzidas pela Me Salva!
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