A visita in loco é um dos momentos mais decisivos da avaliação de cursos e instituições de ensino superior (IES) no Brasil. Tradicionalmente marcado pela presença dos avaliadores do Ministério da Educação (MEC) na sede da IES, o processo acontece inteiramente online desde o dia 26 de abril.
A migração para o ambiente virtual foi oficializada por meio da portaria nº 165. O objetivo é dar vazão aos processos de autorização e credenciamento estancados no Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) devido às dificuldades de deslocamento impostas pela pandemia de Covid-19.
Para se ter uma ideia do problema, em 2019 foram realizadas 5,4 mil avaliações presenciais. Em 2020, após a eclosão da pandemia, foram apenas 544. A expectativa, agora, é recuperar o tempo perdido e fazer 5 mil avaliações virtuais até outubro de 2021.
Mesmo as instituições sem visitas agendadas em 2021 devem ficar de olho no novo modelo. Isso porque o ambiente online pode ser adotado de maneira definitiva nas avaliações. “Trata-se de um avanço muito grande para o setor, reduzindo os custos e acelerando os processos. Certamente há o que aprimorar, mas, se tudo der certo, é uma novidade que veio para ficar”, afirma o diretor da Plataforma A, Gustavo Hoffmann.
O que muda com a avaliação virtual
Segundo Hoffmann, o Inep vai manter a mesma metodologia e critérios avaliativos utilizados nas visitas in loco presenciais. O tempo de duração da avaliação também permanece. São três dias para processos de credenciamento, e dois dias para autorização de curso.
A principal diferença é que os encontros, que antes eram presenciais. Agora serão feitos através da plataforma Microsoft Teams. Cabe às instituições se adequarem ao formato virtual, o que exige, por exemplo, a digitalização da documentação e evidências para atendimento dos instrumentos de avaliação.
Por enquanto, o modelo será exclusivo para atos regulatórios de credenciamento e de autorização de cursos vinculados ao credenciamento realizados neste ano. A regra se aplica a quase todos os cursos. As exceções são Medicina, Odontologia, Enfermagem e Psicologia, que seguirão com avaliações in loco presenciais.
As IES que já estão com avaliação in loco confirmadas de forma presencial podem solicitar alteração para a visita virtual, se desejarem.
Leia mais: Avaliação in loco do MEC: o que muda com o formato virtual
Cuidados na adequação ao ambiente virtual
Em geral, a avaliação in loco passa por três fases principais. São realizadas reuniões da comissão de avaliação com representantes da IES, conferência da infraestrutura física e análise de uma série de documentos.
Em relação às reuniões, há poucas alterações nos encontros da comissão de avaliação com gestores, docentes, corpo técnico administrativo, entre outras instâncias. Elas seguem tendo horários fixados previamente.
A única diferença é que, agora, acontecem virtualmente via plataforma Microsoft Teams. Por outro lado, a visita à infraestrutura física e a análise documental sofrem um impacto maior.
Leia mais: Os 5 passos para realizar o credenciamento institucional do MEC | Guia 2021
Confira, abaixo, como se preparar para essas duas fases da avaliação virtual:
1) Visita à infraestrutura
A visita à infraestrutura da instituição é um ponto fundamental do processo avaliativo. E, talvez, o que mais sofre alterações com a migração para o ambiente online. A inspeção presencial é substituída por um tour virtual pela sede da IES.
Nesse caso, a dica é preparar vídeos da infraestrutura e deixá-los disponíveis dias antes da avaliação. Vídeos bem produzidos devem incluir um layout com a planta da sede, indicando onde funciona cada espaço acadêmico e administrativo. O objetivo é facilitar o trabalho dos avaliadores.
De qualquer maneira, durante a avaliação virtual, um horário é definido para a checagem em tempo real. Com uma câmera em mãos, um representante da IES deverá realizar o tour pela infraestrutura física. Embora algumas instituições estejam contratando cinegrafistas profissionais para realizar a transmissão, a mesma pode ser feita por meio de um celular.
“Não importa a tecnologia. O que importa é que, durante a visita pelas instalações físicas, as imagens sejam transmitidas em tempo real”, explica Hoffmann.
Para evitar fraudes e garantir que a transmissão está sendo feita na sede da IES, em algum momento, será preciso informar a localização em tempo real. Isso pode ser feito, por exemplo, através de aplicativos como o Google Maps, compartilhando a geolocalização do aparelho utilizado na visita guiada.
2) Análise documental
Antes, os documentos com as evidências para atendimento aos instrumentos de avaliação eram impressos e apresentados em pastas aos avaliadores. Agora, eles precisam ser digitalizados e disponibilizados online em um sistema fornecido pelo Inep.
Mais uma vez, o segredo está em facilitar o trabalho da comissão de avaliação. A recomendação é manter a divisão por pastas, destinando uma para cada instrumento de avaliação. E, em cada uma delas, subpastas destinadas a cada dimensão de avaliação e seus respectivos indicadores.
Foi por isso que a Be Formless, edtech especializada em gestão universitária, criou o Check. O sistema de gestão virtual dá suporte para a organização documental em processos avaliativos do MEC. Além de armazenar e registrar os documentos, o Check permite a realização e simulação de avaliações externas e até a realização do tour virtual.
“Como não haverá mais o calor humano da visita presencial, a instituição deve apostar em inovação e organização para encantar os avaliadores”, destaca o diretor de negócios da Be Formless, Fábio Paz.
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