Por que apostar em avaliações menos conteudistas

Redação Pátio • 15 de dezembro de 2021

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    A cena de alunos sentados em silêncio marcando “x” em uma folha de papel causa desconforto em muitos professores. Por isso, eles têm dado menos ênfase às avaliações conteudistas – comuns, por exemplo, em provas de múltipla escolha. No lugar, entram projetos práticos, avaliações baseadas em competências e o feedback, entre outras estratégias.

    Essas novas formas de avaliar os alunos têm como objetivo afastar a memorização mecânica que ocorre durante as avaliações tradicionais. Como afirmou o professor e pesquisador da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), Daniel Cara, em sua conta no Twitter , as provas conteudistas são marcadas pela descontextualização e ausência de compreensão sobre processos históricos, falta de raciocínio lógico e analítico.

    Avaliações conteudistas são marcadas pela descontextualização e ausência de compreensão sobre processos históricos, falta de raciocínio lógico e analítico. Crédito: Pexels.

    Avaliações conteudistas são marcadas pela descontextualização e ausência de compreensão sobre processos históricos, falta de raciocínio lógico e analítico. Crédito: Pexels.

    O problema das avaliações conteudistas

    A crítica acontece no contexto do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Alvo de debates envolvendo alunos e docentes, o Enem, segundo Cara, é uma prova conteudista que exige memorização de algoritmos, fórmulas, datas e terminologias.

    O argumento do professor da USP reverbera entre outros educadores. De acordo com professores consultados pelo portal Guia do Estudante, o segundo dia de provas do Enem foi mais conteudista e cobrou pouca interpretação de texto dos participantes.

    No entanto, o Enem é um reflexo do que acontece na maior parte das salas de aula no ensino básico. Em entrevista ao Desafios da Educação , a professora Emilly Fidelix ressalta que apesar das mudanças no formato das aulas durante a pandemia, a escola segue sendo conteudista.

    Assim, a maioria das avaliações mantém os modelos tradicionais: uma folha de papel com perguntas de múltiplas escolhas ou discursivas para serem resolvidas dentro de um espaço de tempo pré-estabelecido.

    “O conteudismo se pauta pela transferência hierárquica de conhecimentos do professor para o aluno”, explica Daniel Cara. Dessa forma, o estudante é tratado como um mero receptor de conteúdo e se torna um reprodutor – e não um construtor – do conhecimento.

    Nem todas as provas são ruins

    O autor do livro Peer Instruction – A Revolução da Aprendizagem Ativa , Eric Mazur, afirma que os sistemas de métricas utilizados nas avaliações não são capazes de medir as habilidades dos alunos. Para ele, é preciso focar no feedback – e não na nota. Daí a necessidade de as escolas abandonarem parte das avaliações tradicionais.

    Os questionários práticos e rápidos sobre um conteúdo ensinado recentemente ainda podem ser úteis. Essas provas agregam na aprendizagem do estudante se forem aplicadas com frequência e fornecerem feedback quase imediato para ajudar os alunos a melhorar.

    Um estudo realizado com estudantes da oitava série em escolas dos Estados Unidos mostrou que aqueles que fizeram um teste prático no meio do ano retiveram 10% mais conteúdo no final do ano na comparação com colegas que não participaram de nenhum teste prático.

    As avaliações curtas também ajudam os professores a reconhecer o quão bem os alunos entenderam o conteúdo – e onde precisam evoluir. Isso é eficaz no contexto de provas formativas, que visam identificar os pontos fracos e áreas de crescimento.

    Por outro lado, avaliações conteudistas que não oferecem oportunidades para o aluno evoluir são consideradas menos eficazes pela pesquisa conduzida com os alunos estadunidenses.

    Outros métodos de avaliação escolar

    Se a ideia é manter o modelo de provas, é fundamental flexibilizá-lo. Introduzir limites rígidos de tempo, por exemplo, tende, simplesmente, a causar estresse nos alunos. Então, ao invés de enfatizar a velocidade, os professores devem encorajar os alunos a pensar sobre os problemas que estão resolvendo.

    Por Redação Pátio

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