A Base Nacional Comum Curricular (BNCC), em implementação no Brasil, elenca a cultura digital como uma das 10 competências gerais a serem desenvolvidas nas escolas. O objetivo é compreender, utilizar e criar tecnologias da informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais, incluindo as escolares.
É responsabilidade das instituições de ensino assegurar a infraestrutura necessária para esse cenário. Qualificar-se para instruir os alunos a tirarem máximo proveito dos recursos tecnológicos, por sua vez, tornou-se responsabilidade dos professores – que não foram formados para dar aulas nesse modelo.
O desafio não é pequeno, segundo Lilian Bacich, especialista em educação digital. Ela afirma que, além dos aspectos da formação docente, a mentalidade desatualizada dos gestores, os problemas de infraestrutura e a falta de investimento em equipamentos são grandes obstáculos para o desenvolvimento de competências digitais.
Para se ter ideia, uma análise de dados do Censo Escolar 2018 mostrou que 56% das escolas públicas de ensino fundamental sequer têm acesso à internet. Outro levantamento, realizado pelo Google em parceria com a consultoria McKinsey, indica que, numa escala de 0 a 5, a maturidade digital dos brasileiros é nota 3 – e que a maior familiaridade é com habilidades básicas, como acessar internet, usar aplicativos de mensagens e buscadores.
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Papel do professor
Embora a sociedade esteja acostumada com estímulos de aplicativos de smartphone e plataformas de streaming, não significa que a maioria dos professores esteja plenamente habilitada ou familiarizada com essas ferramentas.
Por isso, Bacich sugere aos professores que pesquisem sobre as novas tecnologias disponíveis e que tentem adaptá-las à rotina em sala de aula. Tudo a seu tempo.
“Os professores, assim como os estudantes, não são iguais e aprendem de forma e em ritmo diferente “, diz a autora do livro Ensino Híbrido – Personalização e Tecnologia na Educação.
Após exercitar essa “competência digital”, o próximo passo é desenvolver a prática docente. Aqui há muitos recursos disponíveis, como exibição de vídeos, ferramentas de realidade virtual ou aumentada – ou a união delas, chamada de realidade mista –, conversas com chatbots e até ferramentas sofisticadas que ensinam os alunos de acordo com o nível de conhecimento.
Chamado de ensino adaptativo, a metodologia usa programas e softwares com técnicas de programação. À medida que realizam provas e outras tarefas online, os alunos têm seus pontos fortes e fracos mapeados. É dessa análise que surgem planos individualizados de estudo.
“Com o uso de recursos digitais, o protagonismo dos alunos se transforma na mais potente ferramenta de aprendizagem”, afirma Bacich.
O papel do professor é incorporar o espírito desse novo modelo educacional. Saber explorar o potencial da tecnologia é um grande benefício – tanto para o educador quanto para os alunos.
*Com reportagem de Brunna Redaelli.
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Parabéns excelente trabalho de cunho pedagógico e social.