Ensino Básico

Um status sobre a alfabetização no Brasil

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No Dia Nacional da Alfabetização poucos têm o que comemorar. Créditos: Pexels.

No Dia Nacional da Alfabetização poucos têm o que comemorar. Créditos: Agência Brasil.

O Dia Nacional da Alfabetização é comemorado em 14 de novembro. No mês alusivo ao tema, entretanto, o país recebeu dados preocupantes, vindos do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb).

O levantamento, publicado pelo Ministério da Educação (MEC) no dia 04 de novembro, mostra que apenas 5% dos alunos do 2° ano do ensino fundamental conseguem entender informações em textos longos. A pesquisa também reforça as discrepâncias da alfabetização no Brasil.

Segundo a avaliação, 27,5% dos estudantes ficaram nos três níveis mais baixos de desempenho. Isso significa que uma a cada quatro crianças do 2° ano não consegue escrever uma palavra de três sílabas a partir de um ditado.

O Saeb mostrou também que 17 dos 27 estados brasileiros ficaram abaixo da média. Os resultados foram divulgados por níveis de proficiência, mas não há indicação sobre os parâmetros considerados adequados.

Leia mais: A alfabetização e o letramento no Brasil, segundo Magda Soares

Os desafios da alfabetização no Brasil

  1. Norte e Nordeste

Com exceção do Ceará, todos os estados das regiões Norte e Nordeste estão abaixo da média em língua portuguesa. Amapá, Maranhão e Pará possuem o pior desenvolvimento nessa disciplina. Os estados mais bem-avaliados na lista geral do Saeb são Ceará, Santa Catarina e Paraná.

  1. Zona Rural

Os dados do Saeb realçam as disparidades entre os desempenhos dos alunos que vivem na zona rural e urbana. Enquanto 2,52% dos alunos que moram nas cidades estão abaixo no nível 1, nas áreas rurais essa proporção chega a 6,04%.

  1. Interior

Embora a diferença não seja tão grande, alunos que vivem no interior também apresentam resultados inferiores aos que moram nas capitais. No interior, 27,88% estão nos quatro piores níveis (3, 2, 1 e abaixo de 1) da avaliação nacional, enquanto essa proporção é de 26% nas capitais.

Leia mais: Especialistas analisam os descaminhos da Alfabetização no Brasil

Crianças das zonas rurais e das regiões Norte e Nordeste são as menos alfabetizadas. Crédito: Agência Brasil.

Crianças das zonas rurais e das regiões Norte e Nordeste são as menos alfabetizadas. Crédito: Agência Brasil.

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC), homologada em 2017, detalha o que os alunos devem aprender em cada etapa. Nela está definido que a alfabetização deve ocorrer até o 2° do ensino fundamental – antes, a expectativa era de que a alfabetização ocorresse até o 3° ano.

Segundo Daniela Caldeirinha, diretora de projetos da Fundação Lemann, a avaliação acertou ao alinhar os conteúdos à Base Nacional Comum Curricular. “O fato de a avaliação estar alinhada à BNCC orienta o trabalho das redes públicas de educação”, afirma ao jornal Valor Econômico.

Já Claudia Costin, diretora do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais da Fundação Getúlio Vargas (Ceipe/FGV), diz que algo precisa mudar no processo de alfabetização no Brasil. “A despeito de uma abordagem ideológica que foi utilizada durante certo tempo pelo MEC, vale a pena rever a forma como se alfabetiza no Brasil”.

O governo Jair Bolsonaro aponta a alfabetização como uma de suas prioridades. A gestão defende o método fônico – que enfatiza a relação entre sons e letras – e sugere que o incentivo à leitura seja feito pelos pais, em casa.

Leia mais: O papel da família no letramento e na alfabetização

Redação Pátio
A redação da Pátio – Revista Pedagógica é formada por jornalistas do portal Desafios da Educação e educadores das áreas de ensino infantil, fundamental e médio.

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