Quando o assunto é ensino superior e sua regulação, cuja responsabilidade cabe ao Ministério da Educação (MEC), é comum a menção a diferentes termos, siglas e conceitos – tais como IGC, Enade, CPC, PDI, Edtech. Esses termos influenciam diretamente a agenda de gestores, professores e colaboradores das instituições de ensino superior (IES). É o caso do Conceito Enade.
Aplicado pelo Inep desde 2004, o Enade é um dos principais medidores de qualidade do ensino superior no Brasil. Ele integra o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes), composto por outros indicadores já explorados em reportagens do nosso portal, como o IGC (Índice Geral de Cursos) e o CPC (Conceito Preliminar de Curso).
Juntos, esses indicadores formam o sistema avaliativo que permite conhecer a qualidade dos cursos, faculdades, centros universitários e universidades do Brasil.
Como funciona o Enade?
O Enade, Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes, é realizado todos os anos. Aplicado Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), autarquia federal vinculada ao MEC. É obrigatório a todos os alunos em fase de conclusão de curso bacharelado e superiores de tecnologia presencial e a distância – em instituições públicas e privadas.
Qual o objetivo da prova? Avaliar o conhecimento dos alunos concluintes em relação às diretrizes curriculares, além do desenvolvimento de competências e habilidades necessárias à formação dos estudantes.
Esse exame também serve como ferramenta de avaliação de qualidade dos cursos. As notas do Enade vão de 1 a 5 (da pior para a melhor). O resultado é divulgado nos meses de outubro e novembro do ano seguinte à aplicação da prova.
Um conjunto de cursos é avaliado todos os anos. Esses grupos são conhecidos como Ano I, Ano II e o Ano III do Ciclo Avaliativo.
As áreas de conhecimento para os cursos de bacharelado e licenciatura são agrupadas a partir da tabela de áreas do conhecimento divulgada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Já os eixos tecnológicos são baseados no Catálogo Nacional de Cursos Superiores de Tecnologia (CNCST), do Ministério da Educação.
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Ciclo avaliativo trienal
Ano I: Integram este grupo os cursos de bacharelado nas áreas de conhecimento de ciências agrárias, ciências da saúde engenharias e arquitetura e urbanismo, além dos cursos de tecnologia nas áreas de ambiente e saúde, produção alimentícia, recursos naturais, militar e segurança.
Ano II: Os cursos de bacharelado nas áreas de ciências biológicas, ciências exatas e da terra, linguística, letras e artes, ciências humanas e ciências da saúde(com cursos avaliados no âmbito das licenciaturas); cursos de licenciatura nas áreas de ciências da saúde; ciências humanas; ciências biológicas; ciências exatas e da terra; linguística, letras e artes; cursos de tecnologia nas áreas de controle e processos industriais, comunicação, infraestrutura e produção industrial.
Ano III: Cursos de bacharelado nas áreas de conhecimento ciências sociais aplicadas, ciências humanas e áreas afins (que não tenham cursos também avaliados no âmbito das licenciaturas), além de cursos de tecnologia nas áreas de gestão e negócios, apoio escolar, hospitalidade e lazer, produção cultural e design.
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O cálculo do Conceito Enade
A prova do Enade é constituída por dois componentes: Formação Geral (FG) e Conhecimentos Específicos (CE).
Nas questões de Formação Geral, espera-se que os graduandos consigam compreender temas que vão além da formação profissional, mas que sejam importantes para o seu cotidiano.
O componente de Conhecimentos Específicos contempla a particularidade de cada área da avaliação. Nele é cobrado domínio dos conhecimentos e habilidades esperadas para o perfil profissional.
A nota da prova é calculada numa escala de 0 a 100. A nota final do estudante é obtida pela média ponderada dos componentes. A parte de Formação Geral corresponde por 25% da nota; Conhecimentos Específicos, 75%.
As competências, habilidades e conhecimentos medidos em cada área de avaliação são especificados nas diretrizes de prova. O processo de elaboração do Enade e revisão técnico-pedagógica das questões é realizado a partir do Banco Nacional de Itens, o BNI, que disponibiliza conteúdo para avaliações e exames conduzidas pelo MEC.
Por meio do desempenho dos estudantes no Enade, as instituições de ensino superior acompanham o andamentos dos próprios projetos pedagógicos. O governo federal, por sua vez, também utiliza a nota no Enade para desenhar políticas públicas de educação. E classificar as IES na escala de 1 a 5.
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Enade atrasado
Devido aos efeitos da pandemia da covid-19, que alterou o cronograma de faculdades e universidades em todo mundo, o Enade 2020 foi adiado. A prova para os cursos do Ano II do Ciclo Avaliativo, que seria realizada em 22 de novembro de 2020, acabou prorrogada para 14 novembro de 2021.
Os coordenadores de cursos deverão inscrever os estudantes (ingressantes e concluintes) a partir de 19 de julho, no Sistema Enade. O prazo se encerra em 29 de agosto.
Já o Enade dos cursos do Ano III do Ciclo Avaliativo, que seriam avaliados em 2021, ficaram para 2022 – a princípio, a prova será realizada simultaneamente com os cursos do Ciclo I.
Obtenha mais informações sobre o Enade e os demais indicadores de qualidade da Educação Superior no site do Inep.
Nota do editor: Esta é a quarta de uma série de reportagens sobre termos, siglas e conceitos comuns no ensino superior brasileiro. O primeiro texto abordou o funcionamento e a importância do IGC; o segundo explorou o CPC; a terceira reportagem abordou o universo edtech. Os próximos textos vão explicar o mecanismo e a importância do IDD, do e-MEC, do Prouni, do Fies e do CI.
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