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27 de novembro: os motivos para celebrar o Dia Nacional da EAD

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Expansão da EAD, em 2017, foi de 17,6%. Crédito: Marcos Santos/USP Imagens.

A educação a distância (EAD) cresce como nunca no Brasil. O salto, em 2017, foi de 17,6%, segundo o Censo da Educação Superior, produzido e divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Foi o maior salto desde 2008.

A expansão, que diz respeito ao número de matrículas (1,7 milhão), é seguida pelo investimento crescente de pequenas e médias instituições de ensino superior (IES) e polos adeptos à modalidade. E o melhor: os bons resultados devem continuar. Não faltam, portanto, motivos para comemorar o Dia Nacional da EAD, em 27 de novembro.

Celebrado desde 2003, por inciativa da Associação Brasileira de Educação a Distância (Abed), o Dia Nacional da EAD também é um momento de reflexão. Afinal, junto do crescimento vem os desafios. Estima-se que, em 2023, haja um ponto de virada: a modalidade receberá, pela primeira vez, mais entrantes do que o ensino presencial. Como manter a qualidade e não perder o controle num setor que cresce mais de dois dígitos por ano?

Fatores de crescimento da EAD

Se considerarmos tanto os cursos 100% a distância quando os semipresenciais, a modalidade chega a 2,4 milhões de alunos matriculados. É praticamente o triplo do registrado em 2016, quando havia 778 mil matriculados. A informação é da edição 2017 do Censo EAD, produzido e divulgado em outubro passado pela Abed.

O grande impulsionador desse crescimento foi a flexibilização de um marco regulatório. O decreto Nº 9.057, de 25 de maio de 2017, deu maior autonomia às instituições, dispensando a vistoria prévia do Ministério da Educação (MEC) para o credenciamento dos polos e a obrigatoriedade de ofertar cursos presenciais simultâneos aos de EAD.

Leia mais: Como os polos EAD cresceram 133% em apenas um ano

Mas o crescimento da educação a distância também está condicionado a outros fatores. Entre eles, a desmistificação da modalidade, a mudança de hábitos da população com o avanço da internet e a demanda de especializações pelo mercado de trabalho.

“A procura por melhor qualidade de vida, com o balanceamento do tempo entre família, estudo, trabalho e lazer, também tem influência sobre a expansão da EAD”, acrescenta Fernanda Furuno, especialista na adoção de soluções educacionais do Grupo A e co-fundadora do Guia EAD Brasil.

Luciano Sathler, diretor da Abed, diz que a oferta também cresce por meio de programas de educação corporativa. “A necessidade dos profissionais se encaixa muito bem com as possibilidades trazidas pela EAD.”

De olho na qualidade

Preservar a qualidade da educação a distância: essa tem de ser a meta do setor, de acordo com Patrícia Behar, professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e coordenadora do Núcleo de Tecnologia Digital Aplicada à Educação (Nuted-UFRGS).

“É preciso acompanhar o ritmo de crescimento do mercado, mas tem que ter cuidado com os cursos que são oferecidos, com os professores, tecnologias e metodologias”, destaca Behar, que também é doutora em ciência da computação pela UFRGS e autora de Recomendação Pedagógica em EAD, livro recém-lançado pela Penso editora. A obra versa sobre a mineração de dados sociais e afetivos dos alunos para melhorar o processo de ensino e aprendizagem a distância.

A manutenção da qualidade, de fato, é um dos principais desafios da educação a distância. No último Enade, por exemplo, o desempenho médio da EAD ficou abaixo das notas de alunos do ensino presencial. Apenas 2,4% dos cursos a distância alcançaram conceito 5, o mais alto do exame nacional dos estudantes. Mais de 45% das graduações posicionaram-se nos graus 1 e 2, considerados insuficientes pelo MEC.

Para Patrícia Behar, o investimento na formação dos professores tende a melhorar o desempenho. Mas é preciso considerar, também, o perfil heterogêneo dos estudantes.

“Para um bom resultado, tanto o discente quanto o docente devem ter fluência digital e determinadas competências cognitivas e sociais”, diz a educadora. “É preciso saber lidar com todos os ambientes virtuais utilizados pelas instituições.”

Fernanda Furuno vai além. Ela lembra que os resultados negativos do Enade podem ter origem em metodologias diversas de avaliação. “Alunos de EAD tendem a ser mais autônomos e focados. Aqueles que chegam aos semestres finais, tendem a ser muito responsáveis pelo seu aprendizado, refletindo em bons resultados”, pondera.

Para onde crescer

O Dia Nacional da EAD é o ensejo para projetar os desafios do setor. Um deles, segundo Patrícia Behar, é personalizar o ensino aos interesses e necessidades de aprendizagem dos discentes. “Isso vai ser o diferencial do mercado de EAD nos próximos anos”, diz.

Leia mais: A tecnologia como recurso para potencializar a aprendizagem

Fernanda Furuno acredita que as áreas que exigem formação inovadora e as novas profissões devem ser observadas com atenção pelo setor, bem como a experiência do usuário, aliada a tecnologias como a realidade virtual e inteligência artificial.

“Também é o momento de se dedicar ao incentivo para a formação de professores e alunos, não só em hard skills, mas também em soft skills, muitas vezes com apoio de atividades baseadas em metodologias ativas”, afirma a especialista do Grupo A.

Para Sathler, da Abed, os desafios da EAD para o futuro são semelhantes aos do ensino presencial. “As instituições precisam reformular seus projetos pedagógicos para atuarem em maior sintonia com as demandas da sociedade”, destaca ele, que também é reitor do Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix, de Minas Gerais.

Sathler acredita que isso pode ser alcançado por meio da internacionalização e da formação para o empreendedorismo, tendo a inovação como cerne das relações de ensino e aprendizagem e do desenvolvimento das competências para a economia digital.

Leia mais: A educação superior e o futuro do mercado de trabalho

DNEAD 2018: evento comemorativo em São Paulo

A Abed e a Universidade Mackenzie farão um evento comemorativo ao Dia Nacional da EAD (DNEAD). Será um encontro presencial no auditório Ruy Barbosa, no campus Higienópolis da Universidade Mackenzie, em São Paulo (SP). O evento, marcado para 27 de novembro, acontece das 8h às 18h. As inscrições, gratuitas, são feitas no site da Abed.

*Com reportagem de Marcelo Barbosa.

Redação
A redação do portal Desafios da Educação é formada por jornalistas, educadores e especialistas em ensino básico e superior.

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