Ensino Superior

APCN: por que cerca de 70% dos projetos de pós-graduação são reprovados pela Capes?

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A Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento Pessoal de Nível Superior) abriu o calendário para Apresentação de Propostas de Cursos Novos (APCN) de pós-graduação stricto sensu no dia 30 de novembro. A janela serve para as instituições de ensino superior (IES) apresentarem projetos de abertura de cursos de mestrado e doutorado no Brasil.

A notícia é animadora para quem estava estruturando suas propostas. Entretanto, o alto número de reprovações nos últimos ciclos deve acender um alerta nas IES. De acordo com a presidente da Capes, Cláudia Toledo, na última APCN, realizada em 2019, apenas 26% das solicitações foram aprovadas. O dado foi apresentado durante um evento da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES), em outubro.

Ou seja, das 675 submissões recebidas pela Capes, somente 173 foram aceitas. A estatística dos últimos cinco anos traz um índice parecido: apenas 32% de aprovação. Durante o webinar EaD Talks Revoluções: do legado à transcendência digital do Ensino Superior, a consultora da Plataforma A, Daiane Folle, tratou do assunto, indicando os motivos que levam às reprovações.

“A procura pela APCN é muito grande. Estamos falando de mais de 600 projetos protocolados na última janela”, afirma Folle. “Quando a presidente da Capes trouxe as evidências de reprovações à tona, ela ressaltou que precisamos prestar atenção e olhar para onde esses projetos estão falhando. Afinal, por que as IES não estão tendo sucesso?”

Quais são as principais falhas

Todas as etapas do processo de avaliação são importantes para comprovar a qualidade de uma possível nova pós-graduação.  Assim, na hora de acessar a Plataforma Sucupira – site que concentra os espaços formais de registro, avaliação, consulta, entre outros protocolos relativos aos programas Stricto Sensu –, o segredo está em cuidar de cada detalhe.

Leia mais: Credenciamento para Pós-graduação, mestrado e doutorado: como funciona?

Com ampla experiência como consultora na área, Daiane Folle, da Plataforma A, já teve acesso a diversos projetos de mestrado e doutorado reprovados pela Capes. Inclusive, em artigo publicado no Desafios da Educação, ela apresentou um diagnóstico sobre quais tópicos dos projetos merecem uma atenção redobrada por parte das IES.

Segundo Folle, ao menos seis erros são considerados mais comuns.

A seguir, entenda quais são as principais falhas que podem causar a reprovação na APCN:

Inconsistência: significa que o projeto foi mal redigido e não conta com informações precisas. Geralmente, falta articulação entre a proposta da APCN e o Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) da universidade.

Falta de maturidade do grupo de pesquisadores: não basta a instituição reunir um grande número de doutores nos programas. É fundamental que eles tenham maturidade enquanto grupo de pesquisa, produzindo coletivamente em determinada área do conhecimento.

Ausência de diferenciação de mercado: a Capes não tem interesse em aprovar cursos que se sobrepõem em determinada região. Ou seja, o erro está em protocolar um projeto sem investigar o mercado, especialmente a oferta de outras IES e as demandas da sociedade local.

Falta de articulação com as demandas de mercado: o que vai acontecer com o estudante depois da formação? Cada vez mais, é preciso estar em articulação com o setor produtivo, evidenciando quais demandas o novo curso pretende atender.

Ausência de perspectiva de atuação em longo prazo: projetos restritos em termos de abrangência temática e atuação correm o risco de não serem bem recebidos. É importante entender se o mesmo vai responder a uma demanda real da sociedade e se a pesquisa tem a possibilidade de perdurar em longo prazo.

Não atendimento de métricas quantitativas básicas: a Capes possui 49 áreas e, portanto, existem 49 fichas de avaliação. Cada uma possui suas particularidades. E, muitas vezes, métricas quantitativas básicas, como a produção bibliográfica docente, não são atendidas pelos projetos.

Leia mais: A demanda e a oferta de pós-graduação lato sensu EaD no Brasil | Guia 2021

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