“Precisamos desenvolver um modelo totalmente diferente para pensar o ensino superior.” A provocação é de Michael Crow, presidente da Arizona State University (ASU) – que há anos ocupa o título de universidade mais inovadora dos Estados Unidos, superando as consagradas Stanford e MIT, segundo levantamento setorial do US News & World Report.
Educador e estudioso de políticas de ciência e tecnologia, Crow participou em outubro passado do 22° Fnesp (Fórum Nacional do Ensino Superior Particular). Durante o evento, realizado virtualmente, lamentou que muitas IES não exploram devidamente o papel de agentes de transformação em países emergentes como o Brasil.
“Infelizmente, o sistema de ensino superior ainda é muito elitista e desenvolvido com base na noção de seletividade, com IES isoladas e muito focadas em si mesmas, sem uma percepção da sociedade que as cerca. O resultado é a disparidade de acesso ao ensino superior de qualidade, gerando disparidades econômicas e sociais”, disse Crow.
Ao longo da apresentação, Michael Crow também compartilhou as lições aprendidas em quase duas décadas à frente da ASU – uma universidade pública do estado do Arizona (EUA), cuja matriz está localizada na cidade de Tempe.
Crow, desde julho de 2002, é o décimo sexto presidente da universidade. Ele também é autor de Designing the New American University (Projetando a Nova Universidade Americana, em tradução livre), livro que propõe às universidades americanas um modelo mais inovador de ensino.
A história da ASU
Nos últimos 10 anos, sob liderança de Crow, a ASU virou um império: dobrou o investimento em pesquisa e ganhou notoriedade por seu crescimento notável. Contrariando a tendência de queda no número de alunos, devido à pandemia, a universidade do Arizona registrou um aumento de 7,1% no total de matrículas em 2020.
A ASU tem 117 mil alunos, segundo a imprensa local.
A instituição utiliza uma abordagem interdisciplinar focada em soluções para pesquisa, empreendedorismo e desenvolvimento econômico – através de estágios e estudos no exterior, bem como na construção de currículos em que os alunos aplicam soluções em colaboração com organizações privadas.
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Para chegar até aqui, a ASU passou por uma transformação que envolveu aumentar seus programas de graduação online, produzir mais pesquisas, construir um campus central e reduzir o custo de obtenção de um diploma.
No Fnesp, Crow resumiu a transformação em três pontos.
- Todos devem ter chances iguais de acesso ao ensino superior, “sem essa ideia de medir o sucesso com base em quem é incluído ou excluído”.
- É preciso mudar a cultura das IES. As instituições de ensino superior são criadas para os alunos e a comunidade, não para o corpo docente. Não raro, o foco é o contrário. E isso deve mudar. “Quando [o foco são os alunos e a comunidade], toda a IES muda”, afirmou.
- Mudança no conceito de tempo. “Perdemos a noção do tempo há anos e precisamos trabalhar de forma mais ágil e rápida, de acordo com a velocidade das transformações sociais”, diz o presidente da ASU.
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