Com a aquisição da Lynda.com, em 2015, o LinkedIn entrou no mundo da educação. Cerca de um ano depois, anunciou a estreia do LinkedIn Learning, com o propósito de ajudar as pessoas a descobrir e desenvolver habilidades necessárias por meio de um caminho de aprendizado personalizado.
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A seguir, Tanya Staples, vice-presidente de Learning Content no LinkedIn, fala mais sobre o crescimento do LinkedIn Learning, seu impacto no aprendizado e na força de trabalho e as maiores tendências em educação e emprego.
O que você viu desde o lançamento do LinkedIn Learning? Quais as tendências de aprendizado que, de certa forma, mais afetaram essa trajetória? Lançamos o LinkedIn Learning em setembro de 2016 e nos deparamos com um grande momentum em nossos negócios. Hoje, contamos com mais de 12 mil clientes corporativos e outros milhões de usuários do LinkedIn que estão na nova plataforma.
No ano passado, adicionamos mais de 3 mil cursos e publicamos cerca de 60 novos por semana, totalizando mais de 13 mil cursos de negócios, tecnologia ou criação. Em termos de plataforma, estamos conseguindo bons índices de engajamento.
E qual é o ingrediente especial? Aproveitamos os dados das bilhões de interações dos mais de 600 milhões de perfis do LinkedIn para fornecer recomendações personalizadas que conectem os membros a um aprendizado mais relevante.
Claro que transformações macroeconômicas e tendências de negócios nos deram um bom “vento de cauda”. Os baixos índices de desemprego [nos Estados Unidos] aceleraram duas importantes tendências de aprendizagem. A primeira diz respeito as pessoas. O aprendizado virou uma prioridade para quem quer crescer em seu cargo ou ser considerado para outro. A segunda é para as empresas. Um mercado de trabalho mais cerceado tornou a contratação de habilidades sob demanda um grande desafio.
Assim, quantificar e fechar as lacunas de habilidades é uma prioridade crescente para a maioria dos gestores. E os dados comprovam isso. Nosso 2019 Workplace Learning Report mostra que a compreensão das lacunas de habilidades é uma das principais preocupações dos gestores, e nós não vemos isso mudando num futuro tão próximo.
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Algumas pessoas ficaram surpresas com a aquisição do Lynda.com por não pensarem no LinkedIn como uma empresa de aprendizado, mas como uma rede social com pegada mais focada em recrutamento e networking. Como entra o aprendizado nessa estratégia mais ampla? A ideia do LinkedIn é criar oportunidades econômicas para todos os membros da mão de obra global. Uma maneira de fazer isso é ajudar as organizações a atrair, contratar e desenvolver equipes.
Ao combinar toda a biblioteca do Lynda.com com o poder da rede do LinkedIn conseguimos alterar a maneira como as pessoas se conectam às oportunidades e como as empresas crescem e retêm funcionários. Com isso, já dá para perceber como a nossa aquisição da Lynda.com faz todo o sentido. E ainda nem percebemos todo o potencial dela.
O CEO do LinkedIn, Jeff Weiner, fala muito sobre o pouco tempo de vida das habilidades. Como o LinkedIn têm ajudado as empresas a se tornarem organizações de aprendizagem, levando em conta o impacto da inteligência artificial (IA) e da automação em sua força de trabalho? Na maioria das vezes, a narrativa em torno da IA e da automação é motivada pelo medo de que os robôs tomem conta dos nossos empregos.
Mesmo que a natureza do trabalho venha mudando, e alguns setores têm sido mais afetados que outros, ainda contaremos com as pessoas para trabalhos que os robôs não podem fazer, como gerenciamento de pessoas ou tomada de decisões estratégicas. Descobrimos que as maiores lacunas de habilidades no mercado de trabalho hoje estão em lugares que a automação não pode substituir, como comunicação, formação de equipe ou liderança.
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As pessoas e as empresas estão mais incitadas a buscar o lifelong learning, o aprendizado ao longo da vida? Ou existem obstáculos? Com o ritmo das mudanças nos dias de hoje, o aprendizado contínuo é um imperativo que pode colocar funcionários e empresas em risco de se tornarem obsoletos. Mas vemos muitos sinais no mercado – e em nosso próprio negócio – de que o lifelong learning está com seu “farol ligado”.
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Sobre os gargalos, do ponto de vista do mercado, os dados mais recentes do LinkedIn Learning mostram que apenas 27% dos “recrutadores de talentos” citam restrições orçamentárias (foram 49% em 2017). Já 82% dos profissionais afirmam que seus gestores apoiam programas de aprendizado. Uma nova pesquisa da Associação para o Desenvolvimento de Talentos mostra que 45% dos empregadores acreditam que o lifelong learning é uma prioridade máxima, e 55% das organizações de alto desempenho dizem encorajar esse aprendizado ao longo da vida.
No LinkedIn, temos mais de 12 mil clientes que perceberam o potencial do lifelong learning e que passaram a oferecer o aprendizado da nossa plataforma para seus funcionários.
Acredito que verdadeira chave para o lifelong learning é garantir que qualquer pessoa que queira aprender tenha acesso a oportunidades de aprendizado e que as soluções virtuais não sejam apenas fáceis de usar, mas também as conecte com materiais relevantes e aplicáveis. Um grande exemplo disso é o Governo de Ontário, no Canadá, que ajudou a disponibilizar o LinkedIn Learning a todos os estudantes das 44 universidades e faculdades localizadas no estado.
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Ouvimos muito sobre o aumento de credenciais não tradicionais e alternativas mais rápidas e baratas para a faculdade. Você percebe alguma mudança dentro do LinkedIn? Em um mercado cerceado, essas credenciais não tradicionais, principalmente aquelas de domínio em um campo “sob demanda”, são cada vez mais valiosas tanto para os alunos quanto para os empregadores. No LinkedIn Learning, temos muitos programas de certificação e continuamos a adicionar novos, porque eles podem trazer um grande diferencial na carreira de alguém.
Por exemplo, organizamos diversos cursos de preparação para o exame de certificação do Project Management Institute [instituição internacional sem fins lucrativos que associa profissionais de gestão de projetos]. Em média, as pessoas que ganham essa credencial têm aumento de 20% em seus salários. Com isso, não é a toa que esses cursos não tradicionais têm ganhado tanta popularidade.
Como o LinkedIn vê o papel dos dados e da inteligência no recrutamento e desenvolvimento? Historicamente, a coleta de dados no mercado de trabalho é cara e lenta. Como resultado, servia para mostrar onde a força de trabalho estava mais presente, e não um indicador de para onde ela estava indo. Queremos mudar isso através do LinkedIn Graphic Economic.
Nosso relatório mensal da força de trabalho fornece insights oportunos sobre as tendências de emprego, incluindo a identificação de deficiências e excedentes de pessoal. As empresas usam esses dados para tomar decisões inteligentes sobre onde investir na aprendizagem e no desenvolvimento.
Por exemplo, se você sabe que as habilidades em dados são escassas, você pode construir esse conhecimento internamente, aprimorando os funcionários atuais da empresa. O benefício? Maiores taxas de retenção. Noventa e quatro por cento dos funcionários permaneceriam uma empresa por mais tempo se elas investissem em suas carreiras.
Adquirimos recentemente a Glint, líder em engajamento de funcionários. A Glint tem uma visão muito interna do sentimento e da produtividade dos funcionários. E ao unir isso com as nossas lentes voltadas para a força de trabalho, poderemos fornecer insights bastante poderosos que ajudem a informar a maneira como as empresas atraem, contratam e desenvolvem suas equipes.
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Se o mercado virar e o desemprego aumentar de novo, como isso pode afetar as novas tendências? O ritmo acelerado da tecnologia e o menor prazo de validade das habilidades fazem com que o profissional precise cada vez mais de treinamento e desenvolvimento contínuos que atendam às necessidades mutáveis dos negócios. Mesmo em uma desaceleração econômica, será difícil para a IA substituir os empregos que exigem habilidades comportamentais – um atributo humano que as pessoas podem aprimorar por meio de cursos no LinkedIn Learning.
Quando os profissionais aprimoram suas habilidades ou adquiram credenciais, além de estarem investindo na carreira a longo prazo, são mais felizes em seus empregos e, assim, trabalham melhor. A estabilidade no emprego que eles podem ter ao desenvolver habilidades interpessoais pode durar vários anos, o que os ajuda a sobreviver a possíveis crises econômicas.
Para as empresas, a qualificação é uma ferramenta importante para lidar com a incerteza econômica ao considerar como a automação e a IA vão continuar preenchendo as vagas em ritmo acelerado.
Com pesquisas sobre expectativas para investimentos das empresas em aprendizado, especialmente entre a Geração Z e os millennials, vemos que estamos entrando em um período de investimento em treinamento. Nossa pesquisa recente com gestores também sugeriu que os orçamentos em aprendizado e desenvolvimento devem continuar a crescer, apesar das previsões de uma desaceleração do mercado.
Texto originalmente publicado no blog do Clayton Christensen Institute, com edição e tradução do portal Desafios da Educação.
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