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Como será o ensino digital em 2075?

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Você já parou para pensar por quantas mudanças a área da educação tem passado nos últimos anos? Embora muito ainda possa ser mudado nas instituições físicas – afinal, a estrutura da escola tradicional se mantém relativamente semelhante, embora muitos pensadores tenham se debruçado sobre possíveis adaptações –, no âmbito do ensino digital, novidades surgem a todo o momento. Em um exercício de abstração e antecipação, o site Edudemic tentou prever como será o ensino digital em 2075. Até lá, muitas águas irão rolar, mas nós, do Blog Desafios da Educação, também resolvemos entrar na brincadeira e fazer nossas apostas.

MOOCs

Os MOOCs (Massive Online Open Courses, ou cursos abertos e online em massa) têm feito sucesso na área da educação nos últimos anos e, de acordo com as previsões daquele site, daqui a mais de meio século, eles ainda existirão. O fato de oferecerem acesso a uma grande quantidade de conteúdo gratuitamente os tornam quase irresistíveis. Por questões de licença de conteúdo, é possível que os MOOCs deixem de ser completamente livres com o tempo. No entanto, existem formas de monetizar as plataformas que não exijam a cobrança do usuário. Enquanto os provedores encontram saídas para viabilizar a manutenção do ensino gratuito, é provável que os MOOCs se tornem cada vez melhores, mais acessíveis e que sejam utilizados em mais etapas do ensino. Para o professor Ruy Guérios, os cursos gratuitos, no cenário brasileiro, são diferenciais competitivos entre as instituições, o que beneficia amplamente os alunos, que podem contar com mais essa possibilidade. Inovar, segundo ele, é questão de sobrevivência para as instituições. No futuro, portanto, o desafio é manter a gratuidade das plataformas e o interesse dos alunos, fazendo isso de forma viável e sustentável para quem produz o conteúdo.

Um dos grandes desafios para os MOOCs do futuro é manter-se gratuitos. Fonte: Learn Dash

Um dos grandes desafios para os MOOCs do futuro é permanecerem gratuitos.
Fonte: Learn Dash

Mobile learning

O uso de dispositivos móveis na sala de aula é um movimento quase inevitável. Os smartphones estão tão atrelados à rotina de jovens e adultos que a solução é aprender a utilizá-los em benefício do aprendizado. Uma ferramenta educacional que vai com o estudante para onde ele for, de fato, só pode trazer benefícios para a educação, uma vez que é uma ponte para que o aluno aplique na prática o que foi visto em sala de aula. Um exemplo? Por que não fazer cálculos matemáticos enquanto observa a arquitetura da cidade de dentro do ônibus ou estudar física analisando o tráfego? Além disso, o forte apelo pessoal do celular contribui para a personalização do ensino. O celular é do aluno, portanto, ele pode criar listas de reprodução com o conteúdo de seu interesse e reforçar suas habilidades nos conteúdos que considera mais importantes para seu futuro profissional.

No entanto, José Francisco Vinci de Moraes alerta que, sozinha, a tecnologia não transforma a educação. Em sua passagem pelo Fórum de Lideranças Desafios da Educação, o Professor Chico falou sobre o uso de mobile na sala de aula, demonstrando metodologias para sua aplicação. Ele destacou que a tecnologia já está disponível. O importante, agora, é que se crie projetos pedagógicos que se apropriem dessa fonte de conhecimento. Para o professor, o uso do celular é benéfico até mesmo durante uma aula expositiva, desde que se saiba integrar os dois mundos. No futuro, os dispositivos móveis tem tudo para serem grandes ferramentas de ensino, basta que gestores e professores pensem desde já sobre seu melhor uso.

O que hoje é quase um filme de terror para muitos educadores, pode se tornar uma solução inovadora na sala de aula. Fonte: The Guardian

O que hoje é quase um filme de terror para muitos educadores, pode se tornar uma solução inovadora na sala de aula.
Fonte: The Guardian

Gamificação

Uma tendência nova e até mesmo bastante ousada para a educação é o uso de games para o ensino. Mesmo os jogos que não são necessariamente educativos podem trazer grandes benefícios para o aprendizado. Além de promover melhora em muitos aspectos cognitivos e, muitas vezes, ensinar conteúdo, os games chamam a atenção do estudante por sua natureza desafiadora. O engajamento necessário em um jogo é o mesmo utilizado em uma jornada de aprendizado. No futuro, não só a educação continuará utilizando os jogos em seu processo, como poderá se apropriar de suas características na estruturação de cursos, tais como: feedback imediato, interatividade, personalização do aprendiz (nos jogos, distintos personagens atuam e reagem de forma individual aos mesmos estímulos) e a clara visualização de conquistas (como as mudanças de nível, nos games). Para o jogador, os benefícios do domínio de conteúdo e do aumento de suas habilidades ficam muito evidentes, e isso pode ser aproveitado na educação.

Em alguns anos, essas carinhas de satisfação estarão totalmente voltadas ao ensino, mas talvez elas sequer percebam o quanto estão aprendendo. Fonte: Dayton Children's

Em alguns anos, essas carinhas de satisfação estarão totalmente voltadas ao ensino, mas talvez elas sequer percebam o quanto estão aprendendo.
Fonte: Dayton Children’s

O papel dos educadores

Embora o futuro da educação seja sempre visualizado como um processo extremamente tecnológico, com possibilidades que atravessam as barreiras físicas do globo, cada vez mais distante do campus tradicional e com mais autonomia para o estudante, os papéis dos educadores e dos gestores jamais deve ser menosprezado. As mudanças na forma de ensinar implicam em uma evolução natural na atuação do professor, mas jamais em sua exclusão. A sala de aula provavelmente será diferente, mas, nesse novo ambiente, o educador tem seu papel. Sobre o futuro da educação Ryon Braga afirma que a divisão entre educação presencial e a distância não vai mais existir, todo o ensino será híbrido. Para ele, uma das novas funções a ser exercida pelo educador é a de orientar o processo de aprendizagem desde a educação infantil até o ensino superior, fazendo com que o aluno aproveite muito mais as oportunidades de ensino que encontra no caminho.

Ryon trouxe também, no Fórum de Lideranças Desafios de Educação, novas perspectivas para a sala de aula e a quebra do paradigma da aula expositiva. No âmbito do ensino superior, ele desafiou as universidades a pensarem sobre a possibilidade de um ensino altamente eficiente sem sala de aula e sem disciplina. Imaginar isso é um exercício muito interessante sobre a educação, que faz com que sejam repensados todos os seus padrões atuais. Sejam nas previsões de Ryon Braga e dos outros gestores presentes no Fórum de Lideranças, seja nas apostas do site Edudemic: todos concordam que muito deve mudar no futuro e que papeis devem ser repensados, mas que a importância do professor e do gestor permanecem intactas. No fim das contas, serão eles os agentes da mudança, pensando e aplicando novas formas de ensinar e aprender. E essa é a nossa aposta.

E você? Tem previsões para o futuro da educação para compartilhar conosco? Faça esse exercício de criatividade e inovação e não deixe de nos contar o que imaginou. E, para manter-se atualizado sobre todas as novidades da área, assine nossa newsletter.

Redação
A redação do portal Desafios da Educação é formada por jornalistas, educadores e especialistas em ensino básico e superior.

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