É provável que, em 2023, as instituições de ensino superior (IES) privadas comecem a receber mais alunos para estudar a distância do que presencialmente.
Mas mesmo cientes do alto potencial de alunos e da oferta de cursos na modalidade de EAD, pelo menos quatro conselhos profissionais se manifestaram contrários à oferta e ao reconhecimento desse tipo de formação.
As entidades – que representam as áreas de Arquitetura e Urbanismo, Farmácia, Odontologia e Medicina Veterinária – aprovaram resoluções que vetam, em todo Brasil, o exercício da profissão a egressos da modalidade EAD sob argumento de que disciplinas online são insuficientes para uma formação de qualidade.
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Ao que parece, os conselhos profissionais não levam em consideração a seriedade com que muitas instituições de ensino superior (IES) atuam – seguindo os regimentos e regulações do Ministério da Educação (MEC).
Generalizar a formação a distância como sendo de baixa qualidade, interação e/ou aprendizagem são argumentos muito fracos e controversos em pleno século 21. Convivemos com movimentos disruptivos, que alteram nossos hábitos e promovem cada vez mais a combinação do real com o digital.
É importante frisar que todos os cursos superiores, independentemente da modalidade, devem cumprir as DCNs (Diretrizes Curriculares Nacionais). Essas diretrizes estabelecem toda a carga horária prática necessária, assim como os estágios curriculares (dependendo da área).
Ressalta-se também que a maioria das instituições que ofertam cursos EAD já os oferecem presencialmente – e contam com toda a infraestrutura necessária para as atividades práticas obrigatórias da graduação a distância.
Por óbvio, é impossível afirmar que a EAD garante uma carreira com maestria. Mas quem garante que um profissional formado presencialmente há 20 anos – e que não se especializou ou acompanhou a evolução da sua área – é melhor do que um profissional recém-formado em contato com o que há de melhor e mais moderno?
Acredito na melhoria de instrumentos que possam avaliar a qualidade dos cursos e dos seus formandos, como o Enade. Não creio em “pré-conceitos” ou “pré-julgamentos” que vetam o exercício da profissão.
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Parabéns pelo excelente texto e seus argumentos.
Generalizar não é o caminho, mas o que fazer para diferenciar as “boas” das “más” IES, e dos “bons” e “maus”?? O que se sabe é que sabe no dia a dia é que as pessoas são pressionadas a terem certas formações acadêmicas para conseguirem promoções nas empresas,e a concorrer a vagas de trabalho que solicitam, como forma de pré-seleção, que o candidato possua curso superior completo em algumas áreas. Com uma simples pesquisa, verifica-se que como requisito uma empresa solicita que o candidato seja formado em Pedagogia ou Administração, ora, não faz sentido algum. Aí determinada pessoa busca rapidamente cursar um desses cursos, buscando o EAD como uma forma “mais fácil” e barata de preencher o requisito solicitado e não porque ama esse ou aquele curso… Mas na prática, isso não vai fazer muita diferença mesmo, pois a empresa que solicita que se tenha ambos os cursos para uma mesma vaga, não deve se importar muito muito com o curso e sim com outras habilidades que o candidato tenha ( não vou estender nesse item). Mas já nos cursos das áreas médicas e biológicas, ou de profissionais liberais etc, aos quais o principal requisito é que o indivíduo tenha SIM um conhecimento extremo de tudo o que o curso possa oferecer, esse deve aprofunda-se de TODAS as formas que puder, nesse caso, para alguns cursos que muitas vezes, um direcionamento a distância possa ser muito útil para a organização dos estudos do aluno, e para alguns casos, a junção de aulas a distâncias com encontros em laboratórios (dos mais diversos), testes de conhecimento prático (simulados) nas mais diversas áreas, etc., seria uma maravilha para aquele aluno que realmente queira seguir aquela atividade específica e que irá dedicar-se com todas suas forças naquele objetivo…
Como o mercado poderá discernir um do outro, ou seja, que só quer cumprir um requisito daquele que quer realmente estudar e se aprofundar…? Das IES que querem apenas faturar, disponibilizando um material virtual que é só cumprir o básico que certamente conseguirá concluir o curso, daquelas que realmente estão comprometidas em formar o cidadão capaz de modificar positivamente a sociedade em que vive…? Acredito que os Programas de Mestrado e Doutorados seriam um opção de crivar uns dos outros, ocorrendo de forma presencial, não que seja uma forma infalível, mas que poderia ser uma forma aceitável. Já com a abertura do curso em EAD, isso não se pode garantir…