A falta de conectividade no Brasil tem número: 40 milhões de pessoas (18% da população) não têm acesso à internet. Na pandemia, com a aprendizagem online, a conexão escassa se tornou uma lacuna ainda mais urgente de ser resolvida.
Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 4,3 milhões de estudantes brasileiros entraram na pandemia sem internet – os dados são de 2019. Hoje, as desigualdades de acesso ao mundo digital persistem no país, com reflexos nas escolas.
O cenário da conectividade nas escolas
De acordo com a TIC Educação, 18% das escolas públicas urbanas não têm acesso à internet. Na zona rural, a taxa chega a 48%. A pesquisa, coordenada pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação, foi realizada em 2020.
O estudo aponta que a falta de conectividade nas escolas está ligada, por exemplo, ao seu porte: quanto maior, mais conectada. Afinal, 70% das instituições com menos de 150 matrículas têm acesso à internet. O percentual cai para 55% em escolas com menos de 50 alunos.
A velocidade da internet escolar é outro problema. Apenas 22% das escolas estaduais têm conexão acima de 51Mbps. Ou seja, um alcance baixo. Mas, nas escolas municipais, a situação é pior: apenas 11% contam com internet de alta velocidade.
Sem saber qual é a realidade, transformá-la fica ainda mais difícil. Isso porque, segundo a pesquisa, 20% dos representantes das escolas estaduais e 34% das municipais não conhecem qual é a velocidade da internet nas suas instituições.
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Pensando nisso, o Diálogo Interamericano, o Banco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) desenvolveram um comitê para discutir soluções para a problemática da conectividade nas escolas.
Entre as experiências bem-sucedidas, está a criação do Grupo Interinstitucional para a Conectividade na Educação (GICE). A iniciativa, liderada pelo Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br) e o Centro de Inovação para a Educação Brasileira (CIEB), já resultou na realização do Mapa da Conectividade na Educação.
O projeto visa reunir dados capazes de apoiar a criação de políticas públicas de conectividade nas escolas. O Mapa da Conectividade, por exemplo, permite que a escola avalie a qualidade da conexão, comparando diferentes indicadores de conectividade, como a velocidade de download, upload e latência – o tempo de resposta para carregar um site.
A expectativa é que ferramentas como essa ajudem a melhorar a situação a partir da iniciativa de escolas e órgãos educacionais. “Não estamos usando a tecnologia como uma alavanca para a educação brasileira, ao contrário do que muitos países fazem”, destaca a diretora-presidente do CIEB, Lúcia Dellagnelo.
Para Dellagnelo, faltam modelos de infraestrutura, distribuição do sinal e formas de contratação de pacotes de internet para apoiar gestores e gestoras. Esse cenário, entretanto, deve passar por mudanças nos próximos anos.
5G na educação
O Brasil espera aumentar a infraestrutura das escolas a partir do leilão da rede 5G, realizado no início de novembro. Conforme o ministro das Comunicações, Fabio Faria, 6,9 mil escolas públicas que hoje não têm acesso à internet receberão a conexão nos primeiros anos de instalação da nova tecnologia no Brasil
O edital do 5G prevê investimentos para levar internet para todas as escolas em regiões com mais de 600 habitantes até 2029. Se o acordo for cumprido, ele poderá ser uma alavanca de implementação do ensino híbrido, que se tornou uma tendência para a educação pós-pandemia.
Apesar de 82% dos domicílios brasileiros terem algum acesso à internet, apenas 44% possuem um computador. Ou seja, a conectividade do Brasil está alicerçada na internet por celular e com baixo volume de dados.
Nesse sentido, entre as vantagens da 5G, está a transmissão de dados até 20 vezes mais veloz. Um download, por exemplo, poderá ser feito dez vezes mais rápido, enquanto a latência cairá de 50 milissegundos para 1 milissegundo.
Uma das promessas da nova rede, portanto, é que a população de baixa renda possa acessar sites mais pesados, como aqueles voltados aos conteúdos de vídeos amplamente utilizados tanto para fins de entretenimento como na aprendizagem online.
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