Se você chegar na cidade de Haifa, em Israel, vai encontrar uma mistura de construções antigas com edifícios imponentes que abrigam a sede de diversas multinacionais. Essa combinação, que pode ser vista em outras regiões, deve-se ao rápido crescimento das startups no país.
O sucesso na área tecnológica fez o Israel ganhar o apelido de “nação das startups” (startup nation), pois concentra a maior média de empresas de tecnologia por habitante, 1 a cada 1.400 pessoas. São 6,2 mil startups no país.
Grande parte desse avanço tecnológico é graças a universidades israelenses iguais ao Israel Institute of Technology.
Conhecido como Technion, o Israel Institute of Technology é uma universidade pública localizada em Haifa, a 150 quilômetros da capital Jerusalém. Fundada em 1912, trata-se da mais antiga instituição de ensino superior da região e uma importante fonte de inovação e inteligência que impulsiona a economia israelense.
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Uma incubadora de startups
O Technion é mais antigo que o próprio Estado de Israel, reconhecido como país pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1948, após a aprovação de um plano de partilha da Palestina.
A ideia, ao criar a universidade, era desenvolver a capacidade intelectual dos jovens israelenses resolverem os problemas do futuro. “O Technion teve a missão de construir o país”, afirma Salomão Ioschpe, presidente da Associação de Amigos do Technion Brasil. “A inovação acontece quando o avanço científico vem prestar auxílio para uma ideia criada para resolver um desafio.”
No início da pandemia do novo coronavírus, o Technion em – parceria com o governo, hospitais e empresas – incentivou seus professores a pensarem formas de combate à covid-19.
“Em menos de um mês, mais de 50 laboratórios criaram soluções inovadoras, como tratamentos médico, equipamentos de proteção e tecnologias de prevenção”, diz Ioschpe.
Segundo ele, são os jovens, auxiliados pelo avanço científico, que vão resolver os desafios do cotidiano. Mas suas ideias precisam ser testadas e validadas pelo mercado. E esse processo de validação se faz com testes, erros, e mais testes – que só acontecem em um ambiente propício ao empreendedorismo.
Para desenvolver práticas para a resolução de problemas desafiadores, o Technion conta com um sistema que o conecta a investidores, possibilitando a criação e incubação de startups.
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Experiência militar é vantagem
O serviço militar obrigatório aos 18 anos faz os jovens de Israel ingressarem no ensino superior somente após o tempo mínimo de serviço, que é de 30 meses para homens e de 24 meses para mulheres.
Segundo Ioschpe, a experiência militar propicia situações reais de tomada de decisão e papel de liderança em momentos de crise. “Os alunos chegam à universidade com um alto grau de maturidade e com foco em resolução de problemas”, diz Ioschpe.
No exército, muitos jovens a desenvolvem produtos de alto valor tecnológico. Dessa forma, quando saem do serviço militar, sua mão de obra especializada é aspirada pelas principais multinacionais instaladas em Israel.
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Apoio governamental
As instituições de ensino superior israelenses estão alinhadas à necessidade do país. Por isso, boa parte da teoria e pesquisa é voltada à demanda do estado. Israel conta ainda com a Autoridade Científica de Israel, uma agência de fomento ao empreendedorismo.
Essa agência transfere recursos públicos significativos para as startups a título de fundo perdido. Essa ação, segundo Ioschpe, possibilita um menor impacto financeiro quando a startup falha, algo que acontece na maior parte dos casos.
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