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Os cursos que vão chamar sua atenção em 2018

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A última década experimentou mais transformações em tecnologia do que o último século inteiro. A internet foi difundida pelos quatro cantos do mundo, propiciando acesso à informação para mais de 3,44 bilhões de usuários diariamente. E a educação, com investimento em modelos de aprendizagem e metodologias inéditas, não ficou de fora. Atentas ao novo cenário, instituições de ensino apostam na qualificação digital para expandir o acesso ao aprendizado.

A estratégia tem dado certo. Prova disso é que quase 80% dos estudantes consultados ​​pela Global Shapers já realizaram pelo menos um curso online. Enquanto alguns apontam as revoluções tecnológica e industrial como “origem do caos”, outros mais otimistas veem uma oportunidade de profundas mudanças nas relações, nos negócios e principalmente na maneira de aprender e de ensinar.

O relatório Shapers Survey 2017, que conta com respondentes do mundo todo, demonstra que mais de 78% dos entrevistados percebem a tecnologia como um meio que irá criar empregos, contra 21% que acreditam que a inovação está “destruindo empregos”. Essa modernização, na prática, está no centro do desenvolvimento econômico e social. Tanto é que 63,3% esperam que os avanços tecnológicos produzam impacto em “trabalho e carreira”; enquanto outros 45% veem a inovação como chave para mudanças profundas em “estudo e aprendizagem”. Na América Latina, o relatório aponta que o principal setor beneficiado com novas tecnologias é a educação (27%), seguido de saúde (14,8%), indústria e energia (11,4% cada) e desenvolvimento de infraestrutura (9,5%).

Era da especialização
Algumas das universidades de maior prestígio do mundo, como Columbia e Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), disponibilizam boa parte de seus cursos em plataformas digitais. Assim é possível aprender sobre machine learning, design thinking, marketing digital e neurociência sem sair de casa. Até a Escola de Negócios de Harvard deixou de oferecer cursos presenciais de contabilidade básica. Os melhores do mundo decidiram encerrar a oferta porque a internet já oferece boas aulas virtuais sobre o tema.

Os cursos massivos abertos (Massive Open Online Courses ou apenas MOOC, na sigla em inglês) têm se destacado nos últimos anos por serem totalmente adaptáveis à rotina dos alunos. Enquanto a educação presencial tem foco em grandes áreas e obedece a uma grade rígida de horários, os MOOCs oferecem conhecimento prático sobre assuntos específicos em curta duração. As aulas não obedecem a um cronograma fixo, podendo ter ou não atividades semanais, mas devem obrigatoriamente contar com uma avaliação ao final do curso. Essa avaliação pode ser repetida inúmeras vezes: o intuito não é reprovar o aluno, mas fazê-lo descobrir seus erros e aprender.

Junto aos MOOCs, que até 2015 movimentaram nada menos que 166,5 bilhões de dólares no mundo, os nanodegrees prometem conquistar mais adeptos em 2018. Ofertados por instituições como Udacity, os minicursos de especialização são similares às formações de escolas virtuais como FGV Online e Coursera. Apesar das características arrojadas, controlar a evasão é um desafio que a educação a distância (EAD) herdou do ensino presencial. Num espaço sem obrigatoriedade de frequência ou entrega de trabalhos, a automotivação deve conduzir o aprendizado.

Engana-se quem pensa que, por conta da não obrigatoriedade, o aproveitamento pode cair. A Universidade de San Jose realizou um teste para medir o nível de aproveitamento dos alunos em MOOCs. Para participar da pesquisa, os alunos tiveram acesso ao conteúdo em dispositivos digitais e estudavam em seu próprio ritmo. Depois, iam até a sala de aula para aprofundar e medir o conhecimento. A taxa de reprovação, que era de 40% entre os alunos convencionais, caiu para 9% com aqueles que realizaram o MOOC.

De modo geral, a educação que inclui currículos mais flexíveis promete se tornar regra em um futuro bem próximo. Em 2018, os cursos devem ser focados em finanças e áreas que envolvam ciência de dados. Confira o que está por vir:

Finanças

Com previsão de crescimento do PIB brasileiro, a área de finanças poderá empregar mais do que em 2017. O relatório Focus prevê expansão da economia em 2,5% no ano, além do ingresso de cerca de 80 bilhões de dólares em investimento estrangeiro – mesmo índice do ano anterior. Contratações de consultores e coordenadores de projetos deverão chamar a atenção. De acordo com o Guia Salarial 2018, desenvolvido pela consultoria Robert Half, a principal demanda será por profissionais das áreas de Relações com Investidores e Fusões e Aquisições.

Vagas relacionadas à economia e negócios têm tido procura por jovens, seja pela remuneração atrativa ou pela flexibilidade de atuação – em geral, podem ser aceitos profissionais de outras áreas. Entretanto, o mercado financeiro requer formação impecável. Se um profissional de marketing se candidata à vaga de analista de negócios em uma multinacional, ele deve complementar sua instrução com cursos rápidos e especializações para obter conhecimento e habilidades pontuais em gestão de contas e análise de riscos, por exemplo. Pensando nisso, instituições como a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) lançaram cursos de pós-graduação com foco em microeconomia e tecnologia financeira.

O curso de Finanças, investimentos e banking da PUCRS capacita alunos a lidar com os desafios do século 21 em uma economia cada vez mais globalizada. O quadro docente reúne nomes conhecidos, como Alexandre Assaf Neto, Daniel Godri, Edgar Abreu, Leandro Karnal, Luiz Felipe Pondé, Max Gehringer, Ricardo Amorim, Samy Dana e Sérgio Moro. Cursos de sustentabilidade financeira, que capacitam jovens profissionais para encarar o mercado e orientam sobre aberturas de microcrédito e gestão de contas também são opções que devem ter notoriedade entre jovens profissionais.

Engenharia e estatística

Empresas de setores como engenharia e estatística estão de olho em profissionais com visão comercial, com habilidades analíticas e que entendam de negócios. Vagas para gestores em supply chain e áreas de planejamento de demanda devem estar no topo das contratações, de acordo com o Guia Salarial 2018. Na indústria, o setor automotivo e químico, além da produção de equipamentos médicos e bens de consumo também devem estar em alta.

O Instituto Superior de Inovação e Tecnologia (Isitec), mantido pelo Sindicato dos Engenheiros no Estado de São Paulo (SEESP), foi pioneiro ao lançar, em 2015, a primeira graduação em Engenharia de Inovação no Brasil. De lá pra cá, o curso se tornou concorrido. No entanto, a inovação do bacharelado não precisa ter, obrigatoriamente, relação com tecnologia. Durante a formação, os alunos são colocados frente ao conceito-chave de engenharia civil, que era justamente prestar soluções aos problemas da sociedade e atuar em diversas frentes de trabalho.

Além da inovação, a demanda de criação em engenharia abrange todas as áreas. Cursos com base aeroespacial e mecatrônica, principalmente em espaços abertos e colaborativos, como os FabLabs e Hackerspaces, podem ensinar os alunos na prática. Múltiplas e transformadoras, essas iniciativas impulsionam a modernização dos processos (e dos profissionais) de maneira revolucionária.

Ciência de dados e tecnologia da informação

Devido ao crescente volume de dados gerados diariamente, profissionais com formação em análise de dados e conhecimentos matemáticos saem na frente. Quem tem habilitação para conduzir e trabalhar em projetos de tecnologia poderá encontrar colocação nas mais diversas áreas, com destaque para business intelligence (BI) e big data.

O maior número de posições deve ser direcionado a desenvolvedores de aplicativos e softwares, operadores em suporte técnico, administradores de sistemas e em segurança de TI. As áreas de proteção e organização em segurança da informação também receberão uma oferta substancial de vagas. Esse profissional atua tanto nas grandes companhias como em startups – principalmente em fintechs.

Marketing

Promover produtos, serviços ou empresas pode ser desafiador numa época de mercado globalizado e na qual o público se divide em nichos. O trabalho é árduo, mas os salários não decepcionam. Segundo o Guia Salarial 2018, gerentes e diretores de marketing têm expectativa de salário médio na faixa de R$ 20 mil e R$ 35 mil, respectivamente. Entretanto, ainda existe uma lacuna na capacitação desses profissionais.

Aqui, a teoria é tão importante quanto a prática. Noções de SEO, métricas e analytics deixaram de ser um diferencial para se tornarem pré-requisito. “As instituições de ensino devem oferecer mais prática aos alunos. Isso faz com que os profissionais consigam expandir seus horizontes”, avalia Daniela Boucinha, consultora de carreiras da PUCRS. “Uma dica para inserção no mercado é buscar alternativas de aprendizado e realizar um planejamento para direcionar o futuro”, complementa.

Cargos em nível de analista completam a lista de vagas que deverão ter mais procura em 2018. Analistas de marketing e mídia digital, controle financeiro, investimentos, além de analistas contábeis, gestores de recursos humanos e gerentes de compras e expansão devem encontrar espaço em um mercado revigorado.

Confira a série Tendências 2018

Redação
A redação do portal Desafios da Educação é formada por jornalistas, educadores e especialistas em ensino básico e superior.

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