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Na esteira do Brasil, países latinoamericanos aceleram investimentos em tecnologias educacionais

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Um estudo elaborado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) em parceria com a Holon IQ, uma organização internacional que estuda o mercado de tecnologia, revela o crescimento de inovação na educação na América Latina, com diversos países construindo ecossistemas locais fortes.

O cenário é explicado, em parte, pela pandemia. A covid-19 exacerbou a crise de aprendizagem e as lacunas de acesso à tecnologia na região, forçando as instituições de ensino superior (IES) a buscarem parcerias para apoiar sua transformação digital e atender às demandas dos alunos.

A expansão dos investimentos em tecnologias educacionais na América Latina é puxada pelo Brasil. Para se ter uma ideia, segundo a pesquisa do BID, o país concentra 62% das edtechs latinoamericanas e atraiu pouco mais da metade dos investimentos do setor na última década.

A expansão dos investimentos em tecnologias educacionais na América Latina é puxada pelo Brasil, que concentra 62% das edtechs latinoamericanas.

México também se destaca

A relevância brasileira está associada, por exemplo, ao amplo mercado da educação a distância (EAD) por aqui. No último Censo da Educação Superior, a modalidade ultrapassou o presencial em número de ingressantes. Entre 2010 e 2020, a quantidade de novos alunos na EAD quadruplicou.

Fora o Brasil, a ampliação da EAD e dos investimentos em tecnologias educacionais são uma realidade, principalmente, no México, onde estão 11% das startups do setor.

Gustavo Hoffmann, que é fellow em inovação acadêmica pela Universidade de Harvard, esteve no México pouco antes da pandemia para apoiar IES na implementação de programas híbridos. Segundo Hoffmann, os mexicanos tinham o Brasil como referência na área, mas estão em pé de igualdade conosco em vários aspectos.

“Percebi que eles têm acesso às mesmas tecnologias, metodologias e novos modelos de ensino e aprendizagem que temos por aqui”, afirma.

Um caso emblemático é o do Instituto Tecnológico e de Estudos Superiores de Monterrey. A Tec de Monterrey, como a IES é conhecida, é referência mundial em metodologias ativas e ensino híbrido. Pioneira na área, foi a primeira universidade da América Latina a se conectar à internet, em 1989.

Além do México, o estudo do BID aponta Chile e Colômbia como ecossistemas fortes no financiamento de tecnologias educacionais. Já o Peru e a Argentina merecem destaque pela atração de recursos na área nos últimos dez anos.

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Legislação é ponto a favor do Brasil

Um ponto a favor no Brasil – pelo menos no que se refere à expansão da educação a distância – é a regulamentação. Como lembra Hoffmann, dependendo da sua nota junto ao Ministério da Educação (MEC), uma IES brasileira pode abrir 250 polos por ano sem pedir novas autorizações.

A situação é diferente nos demais países latinoamericanos. Inclusive, no México, onde cada polo inaugurado depende da aprovação das autoridades locais. Trata-se, portanto, de um processo moroso que freia a ampliação das vagas na EAD e, consequentemente, os investimentos em tecnologia.

“Foram as diferenças regulatórias permitiram que o Brasil escalasse a educação a distância muito mais rápido do que outros países”, ressalta Hoffmann.

Além da legislação favorável, Hector Escobar, consultor educacional com vasta experiência internacional e conhecedor do mercado educacional da América Latina, lembra que o Brasil conta com uma população jovem que, até pouco tempo atrás, não tinha oportunidades de cursar uma graduação – seja por questões financeiras ou pela ausência de universidades próximas.

“Além disso, um fator importante para essa expansão [do EAD e dos investimentos em tecnologias educacionais no Brasil] foi o crescente número de empresas de tecnologia que oferecem uma ampla gama de serviços e ferramentas que possibilitam cada vez mais melhores experiências de aprendizagem aos alunos”, completa Escobar.

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Onde evoluir

Para Escobar, embora haja uma compreensão da importância do investimento em tecnologias educacionais em algumas IES da América Latina, não há ainda, no contexto da maioria dos países da região, essa mesma percepção.

Isso vale para o Brasil. “Ainda que os dados mostrem um melhor nível tecnológico e uma maior capacidade de investimentos no Brasil na comparação com o resto do continente, infelizmente essa condição é restrita a poucas IES”, pondera.

A percepção é corroborada pelo estudo do BID. Conforme a pesquisa, para dar continuidade à expansão do setor na última década, a América Latina tem que enfrentar os baixos níveis de maturidade digital das instituições de ensino, assim como uma ampla resistência à mudança.

“O sistema educacional existente não é incentivado a buscar a inovação e há uma relutância geral em se envolver em novas maneiras de fazer as coisas”, diz o estudo.

Leia mais: Qual é o grau de inovação da sua IES?

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