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As diferenças entre formações técnicas e sequenciais

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Nos últimos 20 anos, o acesso ao ensino superior se tornou mais democratizado a partir de iniciativas governamentais e de novas modalidades que aproximaram a graduação de pessoas de baixa renda. Entram nessa lista programas como o Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies) e o Programa Universidade para Todos (ProUni), além da popularização da educação a distância (EaD).

Mesmo com o acesso facilitado à graduação, outras possibilidades de formação profissional têm ganhado espaço no mercado, principalmente como ferramenta de inclusão. Os cursos técnicos e sequenciais, com duração menor do que os de bacharelado e licenciatura, são exemplos disso. Essas formações também pertencem ao espectro do ensino superior, mas focam em assuntos e áreas específicas.

Apesar das diferenças em relação à graduação tradicional, ambos os tipos de cursos são autorizados pelo Ministério da Educação (MEC) e podem ser ofertados por instituições de ensino superior (IES). Entenda qual a diferença entre cursos técnicos e sequenciais e como eles funcionam na prática.

Formações técnicas e sequenciais são importantes formas de incluir jovens no mercado de trabalho. Crédito: Tânia Rêgo/Agência Brasil

O que é o curso técnico e qual a sua importância

Em 2022, o MEC publicou a Portaria nº 314, que autoriza e regulamenta a oferta de cursos técnicos em IES. Apesar da chegada dessa novidade para o nível técnico, a modalidade já tem uma longa história na educação brasileira. Especialmente, a partir de 1942, com a criação do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai).

Mas o que diferencia um curso técnico de uma licenciatura ou bacharelado? Os cursos técnicos são caracterizados por ensinarem de uma forma mais “mão na massa”. Ou seja, têm menos teoria e mais prática, apesar de isso variar de currículo para currículo. A média de duração de cada curso é de dois anos.

Essa característica impossibilita que haja cursos técnicos para alguns segmentos, como o de Jornalismo. Porém, é possível encontrar formações específicas dentro da área da Comunicação, como o curso de Fotografia.

A objetividade da formação técnica a torna um importante agente de inclusão de jovens no mercado de trabalho, como mostra um estudo feito pela Fundação Roberto Marinho, Arymax e Itaú Educação e Trabalho. A pesquisa ressalta que 42% das empresas afirmam ter funcionários com apenas curso técnico e 61% disseram ter gestores com esse tipo de formação.


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Onde se encaixam os cursos sequenciais?

Os cursos sequenciais são formações com enfoque em campos específicos do saber. Isso significa que, ao concluir um curso sequencial, o aluno não recebe o título de bacharel, tecnólogo ou licenciado.

Basicamente, os cursos sequenciais funcionam da seguinte forma: a IES publica uma lista de disciplinas – pertencentes aos cursos de graduação da instituição – nas quais há vagas. Os requisitos para ingresso são definidos pela própria IES. Elas também podem definir regras para o aproveitamento de disciplinas em cursos sequenciais.

Apesar de servirem de ponte para outras formações mais abrangentes no ensino superior, os cursos sequenciais não podem se resumir apenas a isso. Eles oferecem certificação ou até mesmo um diploma relacionado àquela área, o que mostra ao mercado de trabalho que o indivíduo possui competências para exercer funções relacionadas ao campo lecionado no curso. As formações sequenciais também são muito usadas para cumprir o requisito de concursos públicos que exigem ensino superior.

Os cursos sequenciais não são considerados pelo MEC como graduações, mas entram na definição de ensino superior. Além disso, sua funcionalidade é autorizada pela pasta, e eles constam na Lei de Bases e Diretrizes da Educação Nacional. Há dois tipos de curso sequencial: os de formação específica e os de complementação de estudos. Entenda:

Formação específica

Os cursos sequenciais de formação específica estão atrelados à existência de um curso de graduação, reconhecido pelo MEC, na área de conhecimento à qual está vinculado. Ou seja, a IES só poderá ofertar um curso sequencial de Marketing Digital, por exemplo, se já houver uma graduação de Marketing, Publicidade e Propaganda ou uma área correlata.

A carga horária não poderá ser inferior a 1.600 horas e o prazo de integralização, inferior a 400 dias letivos. Esses cursos não precisam obedecer ao ano letivo regular, mas devem seguir as normas gerais dos de graduação, como controle de frequência e avaliação de conhecimento. Essa modalidade oferece um diploma e é destinada a todos que tenham, pelo menos, concluído o ensino médio.

Complementação de estudos

A complementação de estudos é destinada a alunos que já tenham concluído uma graduação ou que estejam cursando. Nas grades curriculares, essa complementação aparece na forma de disciplinas optativas ou eletivas.

O objetivo do curso sequencial de complementação de estudo é promover mais qualificação ao profissional, pois pode proporcionar uma diferenciação curricular e, consequentemente, uma melhor colocação no mercado de trabalho.

Essa complementação é feita com caráter individual. Então, o próprio aluno define quais disciplinas quer realizar, de acordo com suas necessidades, e apresenta um projeto à IES. Geralmente, as instituições já colocam essas formações no próprio contrato pedagógico.

O diploma de uma formação técnica ou de um curso sequencial pode abrir muitas portas ao estudante. Por essa razão, ambas são formações altamente relevantes, especialmente para o mercado de trabalho.


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