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Afinal, o que esperar de 2018?

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O processo de mudanças do mercado de educação, uma das marcas do segmento no ano passado, deve se intensificar em 2018. Para entender quais tendências estarão em destaque nos próximos 12 meses, o portal Desafios da Educação buscou a opinião de especialistas de diferentes áreas de ensino. O mosaico criado pelas entrevistas pode ajudar a desenhar um mapa para a evolução do setor daqui em diante. Aliás, a maioria deles apontou para um norte em comum: a tecnologia.

O amplo aproveitamento dos recursos tecnológicos em sala de aula foi um tema onipresente nas respostas dos especialistas. Segundo eles, o ano de 2018 poderá representar um divisor de águas em relação à adaptação das instituições educacionais a essas inovações. A tecnologia atuará em conjunto com as chamadas metodologias ativas de ensino — uma combinação que deve alterar o paradigma de aprendizagem para gestores, professores e alunos. Entretanto, a velocidade dessa mudança dependerá da aceitação e da conscientização dos personagens envolvidos no processo de educação. É o que Rui Fava, vice-presidente da Kroton Educacional, chama de “cair a ficha”.

O novo ano também traz desdobramentos importantes para a educação no âmbito político. A pauta de debates do Congresso Nacional inclui projetos de lei como o PL 5414/16, que autoriza e regulamenta cursos EAD e híbridos na área da Saúde, além de mudanças nas regras de financiamento do Fies e nas diretrizes curriculares do ensino básico.

Confira a seguir as análises dos especialistas consultados pelo Desafios da Educação.

Rui Fava
Vice-presidente educacional da Kroton

“A inteligência artificial está ganhando força rapidamente, embora ainda não tenha caído a ficha aqui no Brasil. O ano será de reflexão para o mercado compreender e aplicar as inovações. Também será necessário promover a melhora das metodologias ativas, levando a uma ruptura com os modelos totalmente presenciais ou totalmente virtuais. Apoiado na nova lei que regulamenta o Ensino a Distância (EAD), o blended learning ganha muito espaço na educação. Uma das consequências disso é a modernização do papel do professor, que se dividirá em duas funções no ensino híbrido: o criador de conteúdo e o professor-tutor. O primeiro é responsável por alimentar o sistema que disponibiliza o material didático ao aluno. Já o segundo auxilia o estudante em suas dificuldades do dia-a-dia e também o capacita em uma série de valências, como as inteligências cognitiva, emocional e volitiva. Essa última, aliás, está relacionada à aplicação do conhecimento adquirido. O professor-tutor também ajuda a construir o que chamo de discenere, um conceito focado em desenvolver o discernimento no aluno – algo fundamental em tempos de fake news”.

Pavlos Dias
Gerente da Blackboard Brasil

“As tecnologias pontuais são um assunto constante entre especialistas e profissionais da educação, mas o mais importante é a forma como essas inovações serão aplicadas. O Brasil caminha para um amadurecimento do chamado blended learning, conhecido por aqui como ensino híbrido. Nessa modalidade, as universidades priorizam a pro-atividade do aluno enquanto disponibilizam um conteúdo de qualidade. O ano vai ser ditado justamente pela conversa entre a metodologia e a tecnologia. O uso de realidade virtual, por exemplo, começa a amadurecer. As universidades estão estruturando laboratórios virtuais que servem como incubadoras para a inovação. Ou seja, as novidades estão aparecendo”.

Graziella Matarazzo
Coordenadora de tecnologia aplicada na Escola Concept

“O grande diferencial na educação será ampliar o uso da tecnologia em favor do conhecimento, usando a lógica digital de resolução de problemas. A inclusão dos recursos tecnológicos junto ao ensino formal é o grande marco, que se inicia ainda nas tradicionais aulas de informática, onde não havia interdisciplinaridade com outras áreas de estudo e que evolui para projetos completos baseados em sistemas digitais, que aproximam os estudantes da tecnologia, como começam a ser aplicados hoje.

Nesta proposta de educação por projetos a tecnologia não é um fim, mas sim um meio de se apropriar do conhecimento, criar soluções e desenvolver protótipos, estas experiências fortalecem o senso crítico e a autonomia, ainda no ensino básico. É um exercício para a fluência digital, onde o estudante deixa de ser passivo e se torna ativo em relação ao conteúdo digital.

A revolução tecnológica dita a urgência de abordarmos e aplicarmos estes recursos em sala de aula de forma inteligente. Existe uma história que gostamos de contar, onde um executivo de tecnologia pergunta para uma garotinha sobre como é a sala de aula. Ela responde que é como um avião, onde telefones ficam desligados e os alunos estão desconectados do mundo. Esse pensamento tem tudo para mudar ao longo da aplicação de medidas que integrem a tecnologia no cotidiano da educação, formando alunos que saibam se posicionar digitalmente, que fomentem o diálogo e tenham senso crítico”.

Daniela Boucinha
Consultora de carreiras da PUCRS

“Podemos esperar uma recuperação gradual da oferta de vagas em 2018, mesmo que em ritmo ainda menor do que antes da recessão. Esse movimento faz com que as empresas procurem novamente por jovens talentos, tanto entre recém-formados quanto entre estudantes. Porém, a visão de emprego dos candidatos também mudou muito. Atualmente, quem está na graduação não busca a perspectiva de um emprego para a vida toda, mas as melhores oportunidades para aquele momento da carreira. Nesse sentido, o investimento em especialização ganha importância, pois auxilia os profissionais a planejar suas carreiras por si próprios. O chamado “protagonismo de carreira” faz com que, mesmo trabalhando, não se perca a excelência e a capacitação, de olho no que o mercado pode oferecer.

Com o desenvolvimento dessa visão ampla, o jovem passa a ter uma capacidade maior de empreender ou investir em ideias rentáveis, pois ganha a familiaridade com o seu mercado e busca a mentoria de profissionais experientes. Os gestores, por sua vez, buscam profissionais que atuem com o espírito da inovação em conjunto com as empresas. A tecnologia é presente, mas o fator humano ainda precisa se destacar”.

Rodrigo Rodembusch
coordenador do International Office da Uniritter Laureate

“O Brasil está deixando para trás um período de crise, que obrigou as instituições a encontrar inovações e diferenciais para alavancarem seus índices de captação e retenção. A internacionalização, nesse contexto, é vista como um divisor de águas no ensino superior, porque possibilita ao aluno ter contato com experiências diferentes daquelas que ele conhece e está acostumado. Internacionalizar uma IES não significa apenas a viagem para fora do país. Existem diversas outras ações que contribuem para isso, como palestras com convidados estrangeiros e colaborações com instituições de outros países. As aulas no modelo de espelhamento – nas quais a universidade firma parcerias e produz conteúdos com professores de dois países – e o uso de material didático em língua estrangeira também integram essa estratégia.

Com um mercado cada vez mais competitivo, em que a retenção está intimamente ligada à empregabilidade dos alunos, a internacionalização começa a despontar como um diferencial tanto para as grandes redes quanto para pequenas instituições. O ano de 2017 foi difícil, mas ajudou o mercado a se reorganizar e a definir pontos estratégicos. A aposta em investimentos fora do Brasil tem tido crescimento constante e também deve ganhar espaço em 2018″.

Confira a série Tendências 2018

Redação
A redação do portal Desafios da Educação é formada por jornalistas, educadores e especialistas em ensino básico e superior.

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