Ensino Superior

Cursos técnicos nas IES privadas: a experiência do Grupo Eniac

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Uma reivindicação das instituições de ensino superior (IES) para melhor suprir as novas demandas do mercado de trabalho finalmente vai sair do papel.

A Portaria nº 314, que regulamenta a oferta de cursos técnicos em IES privadas, começa a ter efeitos práticos a partir dos próximos dias, quando serão anunciadas as primeiras instituições habilitadas pelo Ministério da Educação (MEC) para atuar no segmento.

Publicada em maio no Diário Oficial da União, a normativa desobriga os estabelecimentos de ensino de solicitar autorização ao conselho de educação de seu estado para disponibilizar esses cursos – um processo que levava de um a dois anos para ser concluído.

Grupo Eniac já conta com a oferta de cursos técnicos em sua escola. Crédito: Divulgação.

Requisitos da oferta

Considerando uma capacidade instalada de 5 mil polos, a Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES) projeta que serão criadas 500 mil novas vagas para técnicos, entre educação a distância (EaD) e presencial.

Mas não são todas as universidades privadas que podem ofertar esses cursos. As IES devem cumprir uma série de requisitos de habilitação, como ter Conceito Institucional (CI) superior a três e Conceito Preliminar de Curso (CPC) igual ou superior a quatro na graduação correlata ao curso técnico. Além disso, só serão disponibilizadas formações constantes no Catálogo Nacional de Cursos Técnicos (CNCT).

Os cursos desse nível podem ser realizados de maneira concomitante ou após a conclusão do ensino médio. Seu foco é a preparação para o trabalho, atendendo a uma exigência cada vez maior do setor produtivo.

De acordo com a pesquisa “Inclusão produtiva de jovens com Ensino Médio e Técnico: experiências de quem contrata”, seis em cada dez empresas consideram a formação técnica um diferencial na hora de selecionar um funcionário novo.

Preparação para um novo mercado

Para as universidades, a medida representa uma importante fonte de receita, gerada a partir de uma estrutura já disponível, uma vez que os novos cursos devem estar associados a uma graduação já existente na IES.

É o caso do Grupo Eniac, de Guarulhos (SP). Fundada em 1985, a rede atua em diversos níveis de ensino, da educação básica até a pós-graduação, mas iniciou suas atividades justamente com um curso técnico, em Processamento de Dados.

MEC anuncia esta semana as primeiras instituições de ensino superior (IES) privadas habilitadas para ofertar cursos técnicos.

Diretor do colégio e reitor do Centro Universitário Eniac, Ruy Guérios. Créditos: Divulgação/Eniac

Atualmente, o Colégio Eniac conta com cerca de 2 mil alunos em 20 cursos técnicos nas áreas de Tecnologia, Engenharia, Gestão e Saúde, além de disponibilizar outras 12 mil vagas por meio de programas de governo, como o Pronatec. Cerca de 35 mil pessoas já obtiveram uma formação técnica pela instituição.

Diretor do colégio e reitor do Centro Universitário Eniac, Ruy Guérios acredita que esse know-how ajudou a rede a se antecipar às exigências da Portaria nº 314.

“Utilizamos nossa experiência na montagem dos cursos técnicos e caprichamos para que eles fossem organizados em competências e habilidades para melhor entregar os profissionais para o mercado”, explica. Ele entende que o ensino técnico é uma oportunidade para os alunos obterem uma formação rápida, “algo fundamental no contexto pós-pandemia”.


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Metodologias ativas em cursos técnicos

Na medida em que cresce o interesse pela EaD, as IES precisam estar preparadas para oferecer as mesmas condições disponibilizadas em suas unidades físicas no ambiente virtual. Ruy Guérios ressalta que o Eniac vem fazendo isso há muito tempo.

Desde 2014, o grupo utiliza soluções educacionais da Plataforma A em seu centro universitário. No ano seguinte, com a necessidade de adaptações decorrentes das mudanças no ensino médio, o uso das ferramentas foi expandido para o Colégio Eniac.

“Utilizar a Plataforma A no ensino básico e no técnico revolucionou a nossa escola. Nosso método de aprendizagem pode ser trabalhado por projetos e com o uso de metodologias ativas”, afirma o diretor.

“Integramos LMS (sistema de gestão de aprendizagem) – AVA (Ambiente Virtual de Aprendizagem), em um portal com todos os conteúdos e trilhas que o aluno consome usando o Sagah”, explica, referindo-se à plataforma que une conteúdo, tecnologia e serviços para proporcionar uma melhor experiência aos alunos.

Guérios destaca ainda as experiências com o laboratório virtual Algetec, utilizado “para treinar e capacitar alunos”, o sistema Link, “para gerir projetos integradores, práticas profissionais, estágios supervisionados e projetos de extensão”, e o Avalia, “para medir o desempenho dos alunos em concursos públicos e testes de seleção de funcionários”.

O diretor observa também que foi importante estar um passo à frente quando a modalidade EaD assumiu o papel de protagonista. “O uso dessas soluções nos permitiu girar a chave para o ensino online na pandemia em um fim de semana. Fomos muito bem avaliados por pais e alunos”, diz.

Além disso, ele diz que as ferramentas ajudaram o Eniac a cumprir o itinerário formativo das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Profissional Técnica de Nível Médio, que prevê atividades não presenciais em até 20% da carga horária diária. “Isso nos possibilitou ter um foco maior na formação prática e na capacitação profissional dos alunos”, conclui.


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Redação
A redação do portal Desafios da Educação é formada por jornalistas, educadores e especialistas em ensino básico e superior.

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