Os MOOCs, sigla para a expressão em inglês Massive Open Online Courses, que significa algo como cursos abertos e online em massa, são a maior expressão da chegada da tecnologia na área da educação. Por aqui já falamos da importância desse tipo de iniciativa para quem já tem um histórico escolar, e em como os MOOCs estão inspirando a criação de laboratórios remotos ao redor do mundo. Quando se trata de refletir sobre temas que pairam ao redor das instituições de ensino superior, porém, vale ouvir opiniões diversas e relativizar até as mais enraizadas certezas. É o que faz Michelle Weise, Ph.D em educação superior, pesquisadora do Clayton Christensen Institute for Disruptive Innovation.
Com um título um tanto provocante, Michelle diz que a verdadeira revolução na educação online não são os MOOCs, mas os cursos de aprendizado baseado em competências, que se adaptam mais às necessidades do mercado de trabalho do que várias outras iniciativas. A especialista é taxativa: os recrutadores não acham que os títulos dizem a que os profissionais vieram. Isto é, o que os estudantes em busca de emprego sabem e podem fazer dentro de uma empresa. Segundo ela, algo está claramente errado quando apenas 11% dos líderes empresariais acreditam que os formandos têm as habilidades necessárias para o mercado de trabalho. Na sua opinião, muitos MOOCs correspondem aos interesses dos acadêmicos e só.
É tempo de aprender mais do que a Academia sugere, o mercado também demanda
FONTE: Marketing School Online
Em termos gerais, a educação baseada em competências identifica os resultados do aprendizado de uma matéria e transforma isso em conhecimento, ou seja, dá mais valor às habilidades práticas do que teóricas. Nesse tipo de modalidade, os objetivos são facilmente mensuráveis porque são aplicáveis. Conforme Michelle sublinha, esse tipo de iniciativa não é revolucionária, a novidade é que elas podem estar disponíveis online, esse lugar sem fronteiras. De acordo com ela, alguns projetos já em desenvolvimento comprovam o potencial que a educação baseada em competências de criar percursos de aprendizagem de alta qualidade que são ao mesmo tempo acessíveis, dimensionáveis e sob medida para uma ampla variedade de empresas ávidas por profissionais mais bem preparados para o mercado.
Uma distinção desse tipo de projeto é a modularização. Como não existe a necessidade de uma unidade, os cursos baseados em competências, ou habilidades, permitem que os gestores criem disciplinas com mais facilidade do que em IES (Instituições de Ensino Superior) tradicionais, mesmo as que estão presentes na internet. Ao contrário da caixa preta do diploma, que diz quantas horas um aluno se dedica, como se saiu, mas não como foi seu aprendizado, as competências abrem um espaço para a criação de um sistema mais transparente que destaca os resultados de aprendizagem dos alunos. Nesse tipo de abordagem, o estudo é de domínio do sujeito, independentemente do tempo que leva para chegar no aprendizado. Um estudante não costuma, e nem deveria, seguir em frente até demonstrar fluência em cada competência.
Aprender para ganhar depois: habilidades práticas para por em prática no trabalho
FONTE: The Prospect
Uma outra vantagem desse tipo de aprendizado baseado em competências, é que ela permite que os gestores consultem o mercado de trabalho para entender melhor o que os empregadores estão procurando e, a partir dessa troca, criem módulos. As organizações podem ajudar na construção desses cursos mais práticos e até validar o processo, sem exigir que a conclusão do aprendizado seja um diploma ou um certificado. Para os profissionais mais adultos, nem é preciso dizer o quanto esse tipo de aprendizagem é interessante. A aprendizagem baseada em competências não apenas ajuda a preencher as lacunas deixadas pelo ensino formal como dá aos mais velhos a oportunidade de se atualizar.
É claro que os MOOCs ensinaram várias lições para os gestores em educação, mas é preciso sempre relativizar, pensar fora da caixa para perceber que a tecnologia pode nos levar mais além em termos de formação acadêmica e profissional. E você, tem algum tipo de iniciativa de ensino baseada em competências na sua IES? Compartilhe conosco suas experiências com cursos mais práticos, modulares, e assine nossa newsletter para continuar esse debate.
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