O Semesp, sindicato que representa as faculdades privadas, pretende propor ao novo governo que a divulgação dos aprovados no Enem, no ProUni e no Fies seja feita simultaneamente. O objetivo, conforme reportagem do jornal Valor Econômico, é evitar que os estudantes fiquem esperando até o começo de março, quando sai a última lista do programa de crédito educativo, para ingressar na faculdade.
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De acordo com Rodrigo Capelato, diretor-executivo do Semesp, a atual dinâmica do calendário tem prejudicado o setor. A lógica é a seguinte: em janeiro, o aluno espera os resultados do Sisu, o sistema que aprova para as universidades federais a partir do desempenho no Exame Nacional do Ensino Médio, o Enem.
Caso não dê certo, no mês seguinte ele tenta o ProUni, o programa federal de bolsas de estudo. Se ainda não lograr êxito, o estudante pode entrar na fila de espera do Fies, de financiamento estudantil.
É só depois de todo esse processo, lá por março, que os estudantes procuram as instituições privadas, segundo Capelato. Isto é, às vésperas do começo das aulas ou até mesmo quando o período letivo já foi iniciado.
Fora isso, uma parcela dos estudantes também aguarda até março porque é quando as faculdades privadas começam a propor descontos em mensalidades.
Esse conjunto de fatores explica o fato de, em 2018, cerca de 70% dos calouros terem se inscrito entre fevereiro e março.
Aqui, o risco não se restringe apenas às faculdades, que deixam de faturar no início do ano: muitas vezes, o estudante perde o período inicial de aulas, não consegue acompanhar o curso e chega a ser reprovado no semestre.
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Além da proposta que será levada ao governo de Jair Bolsonaro, o Semesp sugere que as instituições de ensino superior (IES) adiem seus investimentos em marketing, concentrados geralmente em novembro e dezembro, para os primeiros meses do ano.
“A manutenção do mesmo modelo, com as ações de marketing concentradas nos meses de outubro, novembro e dezembro, parece ser tão equivocada quanto promover a venda de ar condicionado no inverno e aquecedores no verão”, disse Capelato, ao Valor.
As faculdades têm buscado equilibrar descontos para não perder margem e alunos. É um dilema: se a faculdade não dá o abatimento nos primeiros meses, perde o calouro; se concede o benefício, além da receita cair, porque a mensalidade é menor, corre o risco de perder o estudante mais à frente, caso ele não consiga pagar a mensalidade cheia após os meses de promoção.
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